Hotel de floresta na região de Caseara tem em sua agenda retiros de regeneração anuais - Foto: Guilherme Tiezzi/Divulgação
Hotel de floresta na região de Caseara tem em sua agenda retiros de regeneração anuais - Foto: Guilherme Tiezzi/Divulgação

Durante a COP30, realizada em Belém (PA), o Tocantins marca presença com uma comitiva liderada pelo governador Laurez Moreira e composta pela primeira-dama e desembargadora Ângela Prudente, pela secretária dos Povos Originários e Tradicionais, Narubia Werreria, pelo secretário de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Divaldo Rezende, entre outros gestores. A participação do Estado reforça o compromisso com o desenvolvimento sustentável e com uma agenda que valoriza as riquezas naturais e culturais da Amazônia Legal.

Entre os temas em evidência, o turismo regenerativo desponta como uma das principais expressões desse novo olhar sobre o futuro. A proposta vai além da preservação, busca restaurar ecossistemas, fortalecer comunidades locais e promover experiências transformadoras, em que o visitante se torna agente ativo na regeneração dos territórios que visita.

Turismo com propósito

Nos últimos anos, o turismo no Norte do Brasil tem ganhado novo fôlego. Apenas nos primeiros dois meses de 2025, a região recebeu 86% mais viajantes internacionais em relação ao mesmo período do ano anterior — crescimento que reflete o interesse global por destinos que integram natureza, cultura e propósito.

Instituições como o Instituto Aupaba, do Pará, definem o turismo regenerativo como o oposto da conservação passiva. “O objetivo é restaurar e regenerar o que foi danificado — seja o ecossistema natural ou as culturas locais”, explica Luciana De Lamare, pesquisadora e referência no tema. Nessa perspectiva, o viajante “não é apenas um observador, mas um participante ativo na recuperação dos locais que visita”, vivenciando experiências que promovem a cura tanto da floresta quanto de sua própria percepção do mundo.

Segundo Luciana, o Brasil tem vocações únicas para esse tipo de turismo. “Temos potencial imenso para regenerar territórios por meio de cadeias produtivas justas, da bioeconomia, do turismo de base comunitária e da valorização do patrimônio biocultural”, afirma. Ainda assim, ela ressalta que o país precisa avançar em políticas públicas estruturantes, formação profissional e integração efetiva com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Experiências no Tocantins

Estado com potencial de atração em vários segmentos turísticos, entre eles turismo de natureza, cultural e étnico, o Tocantins avança em programas de qualificação da gestão pública e também em iniciativas privadas com olhar voltado a uma vocação natural para o regenerativo.

No EcoAraguaia Jungle Lodge, próximo ao Parque Estadual do Cantão, em Caseara (TO), o segmento ganha forma concreta. O empreendimento, idealizado por Guilherme Tiezzi, fundador do projeto Fazenda do Futuro, alia hospedagem em cabanas de madeira, trilhas na mata, canoagem e práticas de meditação à beira do rio Araguaia. “Não é um turismo dentro da lógica de mercado, é uma proposta de reconexão e regeneração”, resume Tiezzi.

A primeira etapa do projeto consistiu em um processo de revitalização da área degradada, envolvendo comunidades locais e criando uma biblioteca para as crianças da região. Hoje, boa parcela dos hóspedes chega ao espaço em busca de experiências transformadoras — de cursos de autoconhecimento a aprendizados sobre agrofloresta e tradições indígenas —, que promovem um reencontro com a harmonia entre ser humano e natureza.

Em Taquaruçu, distrito serrano de Palmas (TO), outro exemplo reforça o conceito de regeneração. O Instituto Inayur, criado pelos terapeutas Nilcione Santos e Dionisio Silva, oferece imersões ayurvédicas em meio a jardins medicinais e trilhas. Ali, o visitante participa de oficinas de culinária natural, yoga e terapias integrativas, em um convite ao equilíbrio e à desaceleração. As práticas milenares do Ayurveda se entrelaçam com saberes locais, mostrando que a verdadeira cura pode vir da natureza.

Futuro que se regenera

Ao integrar o Estado do Tocantins à agenda de debates da COP30, a comitiva estadual reforça o papel do poder público como protagonista na construção de um turismo que busca preservar o futuro para as próximas gerações.

“A participação do governador Laurez Moreira e de toda a comitiva na COP30 demonstra o compromisso da gestão com o desenvolvimento territorial impulsionado pela bioeconomia e pelo turismo comprometido com a preservação das nossas riquezas naturais e culturais”, reflete o secretário de Turismo Romildo Santos, que esta abordagem holística pode colaborar para a redefinição de relações entre turistas, empreendedores, comunidades e o meio ambiente.

Seleucia Fontes/Governo do Tocantins

Fonte: Ascom Setur