Tocantins tem cinco empregadores incluídos na nova “Lista Suja” do trabalho escravo, mostra MTE

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) divulgou nesta quarta-feira, 9, uma nova atualização do Cadastro de Empregadores que submeteram trabalhadores a condições análogas à escravidão, conhecido como a “Lista Suja”. Na edição mais recente, 155 novos nomes foram incluídos, entre eles cinco empregadores do estado do Tocantins.

A lista, considerada uma das mais importantes ferramentas no combate ao trabalho escravo no país, visa dar transparência às práticas ilegais identificadas durante fiscalizações. As inclusões ocorrem após processos administrativos que confirmam a existência de condições degradantes, jornadas exaustivas, servidão por dívida, trabalho forçado ou restrição à liberdade de locomoção.

Empregadores do Tocantins incluídos na lista:

  • RC Distribuidora Ltda (CNPJ: 28.414.673/0001-07)
    • Local: Fazenda Sagrada Família, Zona Rural de Centenário/TO
    • Trabalhadores encontrados: 7
    • Inclusão: 28/03/2024 | Registro válido até 07/10/2024
  • Pacheco Engenharia e Construções Ltda (CNPJ: 34.577.910/0001-53)
    • Local: Fazenda Novo Lar, Zona Rural de Araguaçu/TO
    • Trabalhadores encontrados: 23
    • Inclusão: 28/03/2024 | Registro válido até 07/10/2024
  • Império Verde Indústria e Empreendimentos Ltda (CNPJ: 24.750.691/0002-90)
    • Local: Fazenda Prata, Zona Rural de Darcinópolis/TO
    • Trabalhador encontrado: 1
    • Inclusão: 16/06/2023 | Registro válido até 05/04/2024
  • Eduardo Lopes Pereira (CPF encerrado em 147.811-74)
    • Local: Fazenda Duas Marias I, Zona Rural de Rio Sono/TO
    • Trabalhadores encontrados: 7
    • Inclusão: 25/10/2024 | Registro válido até 09/04/2025
  • Alysson Fiuza Alves (CPF encerrado em 539.976-71)
    • Local: Fazenda Esperança, Rodovia TO-080, Zona Rural de Paraíso do Tocantins
    • Trabalhadores encontrados: 2
    • Inclusão: 06/04/2023 | Registro válido até 05/10/2023
  • Esses empregadores foram responsabilizados pela exploração de trabalhadores em condições degradantes, violando direitos humanos básicos. Com a inclusão na lista, essas empresas e pessoas físicas ficam sujeitas a restrições no acesso a crédito e podem ter contratos rescindidos com instituições públicas e privadas que adotam critérios socioambientais.

    Como denunciar trabalho escravo

    Cidadãos que presenciarem ou suspeitarem de situações de trabalho análogo à escravidão podem realizar denúncias de forma segura e anônima pelo Sistema Ipê, plataforma digital da Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Outra opção é o Disque 100, canal do governo federal para denúncias de violações de direitos humanos.

    Brasil entre os líderes mundiais em escravidão moderna

    Segundo o Global Slavery Index 2023, elaborado pelo grupo internacional Walk Free, o Brasil ocupa o 11º lugar no ranking mundial em números absolutos de vítimas, com 1,05 milhão de pessoas em situação de escravidão moderna. Estima-se que no mundo, 49,6 milhões de pessoas estejam submetidas a essas condições – o equivalente a uma a cada 150 pessoas.

    Entre os países de língua portuguesa avaliados, o Brasil também é o terceiro com maior incidência proporcional de vítimas, revelando a urgência do problema.

    Importância da “Lista Suja”

    A atualização da “Lista Suja” reforça o compromisso institucional com a erradicação do trabalho escravo e funciona como um alerta tanto para o setor produtivo quanto para a sociedade civil. Além disso, a lista serve como referência para empresas que desejam manter suas cadeias produtivas livres de irregularidades trabalhistas.

    Brener Nunes

    Repórter

    Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins

    Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins