Ao lado de milhares de romeiros e da primeira-dama, o governador Wanderlei Barbosa celebrou a festividade, reforçando a importância da valorização cultural - Foto: Adilvan Nogueira
Ao lado de milhares de romeiros e da primeira-dama, o governador Wanderlei Barbosa celebrou a festividade, reforçando a importância da valorização cultural - Foto: Adilvan Nogueira

O governador afastado do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), apresentou nesta segunda-feira, 13, um novo recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF) na tentativa de voltar ao comando do Executivo estadual. Trata-se de um agravo regimental, encaminhado à 2ª Turma da Corte, que busca reverter a decisão individual do ministro Luís Roberto Barroso, proferida na última sexta-feira, 10, que rejeitou o pedido de habeas corpus apresentado pela defesa.

O agravo agora deverá ser submetido à análise colegiada da 2ª Turma, composta pelos ministros Nunes Marques, André Mendonça, Dias Toffoli, Edson Fachin e Gilmar Mendes. Na prática, o novo pedido questiona o entendimento de Barroso, que considerou não haver ilegalidade no afastamento de Wanderlei determinado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), no âmbito da Operação Fames-19.

Terceira tentativa de reversão

Este é o terceiro movimento judicial da defesa desde que o governador foi afastado do cargo, em 17 de setembro, por determinação do ministro Mauro Campbell Marques, do STJ.

O primeiro habeas corpus foi protocolado ainda sob relatoria do ministro Edson Fachin, que à época não conheceu do pedido, encerrando o processo sem análise do mérito. Após a posse de Barroso como novo relator e então presidente do STF, a defesa apresentou um novo habeas corpus, que também foi rejeitado. Agora, o agravo regimental é mais uma tentativa de levar a discussão ao plenário da Turma, o que poderia abrir nova chance de revisão da decisão anterior.

O recurso é apresentado após o Ministério Público Federal (MPF) ter se manifestado contrariamente ao habeas corpus. Em parecer assinado pela subprocuradora-geral da República, Maria Caetano Cintra Santos, o órgão afirma que o afastamento de Wanderlei “se mostra necessário” diante da continuidade das supostas irregularidades investigadas.

A subprocuradora citou trechos da decisão do ministro Mauro Campbell Marques, do STJ, que relatou “fortes evidências de que os atos de corrupção jamais foram interrompidos”.

“O Superior Tribunal de Justiça referendou a decisão liminar de afastar o governador do cargo, citando evidências de que o paciente transformou o governo em um verdadeiro balcão de negócios, exigindo altas taxas de retorno (propina) em contratos”, escreveu Maria Caetano.

O parecer também menciona indícios de uso de recursos públicos desviados para financiar a construção de um empreendimento em nome dos filhos de Wanderlei, reforçando o entendimento de que o afastamento cautelar é imprescindível para impedir a interferência nas investigações.

Entenda

A decisão de Barroso que negou o habeas corpus foi uma das últimas assinadas por ele antes de anunciar sua aposentadoria do STF. Com o novo recurso, a defesa de Wanderlei busca reverter o cenário desfavorável e tentar restabelecer o mandato do governador afastado, que continua respondendo às investigações sobre suposto esquema de corrupção na Secretaria de Trabalho e Assistência Social (Setas).

Enquanto isso, o vice-governador Laurez Moreira (PSD) segue à frente do Palácio Araguaia como governador em exercício até nova decisão judicial.

Brener Nunes

Repórter

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins