Comunidade Quilombola Morro De São João – Foto – Maju Cotrim/Gazeta do Cerrado
Do Quilombo-Maju Cotrim
O quilombo Morro de São João em Santa Rosa do Tocantins teve uma manhã de celebração em razão do festejo da Consciência negra neste sábado, 3. (Veja vídeo e no final da reportagem).
A comunidade prestigiou jogos esportivos e palestras sobre cotas e empoderamento feminino com os professores Doutores George França e Solange Nascimento e a jornalista e escritora Maju Cotrim.
A comunidade celebrou suas raízes através da história e danças como Suça, onde Sr Caetano de 92 anos dançou junto com crianças mostrando o repasse de gerações. O prefeito Levi, vereadores e líderes da comunidade festejaram juntos.
Conheça a história da comunidade
A Comunidade Quilombola Morro De São João
A Comunidade Morro de São João, foi reconhecida e certificada em janeiro de 2006 pela Fundação Cultural Palmares. Registrada no Livro de Cadastro Geral nº 05, Registro nº 451, f. 59, nos termos do Decreto nº 4.887 de 20 de novembro de 2003 e da Portaria Interna da FCP nº 6, de 1 de março de 2004, publicada no Diário Oficial da União nº 43, de 4 de março de 2004, publicada no Diário Oficial da União nº 43, de 4 de março de 2004.
A comunidade quilombola do Morro de São João teve sua origem em uma fazenda de propriedade do Sr. José Bernardino de Sena Ferreira, um padre da Diocese de Goiás Velho. Ele tinha em suas mãos riquezas doadas por outros fazendeiros, pois era muito respeitado assim como suas ideologias.
O senhor Bernardino trouxe em sua companhia muitos escravos para trabalharem nas lavouras de cana de açúcar, como uma de suas terras era na fazenda Roma, às margens do rio Tocantins e Manoel Alves, fez sede chamada de Casa Grande, na localidade para quando viesse visitar as terras ter lugar para repousar. Na Casa Grande tinham vários escravos de sua confiança, dentre elas uma camareira chamada Pelonha, cuja relações iam além de trabalhos domésticos. Pelonha engravidou do Sr. Bernardino e teve um filho chamado Victor de Sena Ferreira, reconhecido legalmente por seu pai e recebeu de herança a fazenda Roma. Ali ele viveu na companhia de sua mãe até que ela falecesse (FERREIRA, 2004 apud MOREIRA, 2009, p. 23).
Victor continuou cultivando as lavouras de cana de açúcar, café, arroz, feijão, milho, dentre outros produtos de subsistência e ali manteve suas tradições originadas de seus antepassados escravizados. Victor não maltratava os escravos da fazenda, como era comum naquela época, por isso, muitos escravos acabavam fugindo para se abrigarem na fazenda. Victor acabava comprando esses escravos para que pudessem viver em sua propriedade.
No final do regime da escravidão, esses escravos receberam carta de alforria, mas muitos voltaram para trabalhar mediante pagamento, pois possuíam gratidão pelo o que Victor fizera por eles. Seus escravos trabalharam na construção da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em Natividade, e na construção da Catedral Nossa Senhora das Mercês, em Porto Nacional (DEPOIMENTO, NGELA, 2008 apud MOREIRA, 2009, p. 24).
Victor de Sena Ferreira casou-se com a senhora Margarida Pereira de Barros, uma mulher branca, e teve com ela dez filhos legítimos: Passarinha, Ladislau, Galdino, Felismina, Guilhermina, Cecília, Francisca, Felipa, Pollicarpia (vulgo Crioula) e Bernardina. Teve ainda mais dois filhos fora desse casamento: Domingos e Joaninha. Todos os filhos foram herdeiros de Sena Ferreira. O jovem Victor era muito devoto de São João e acabou homenageando a sua fazenda com o nome do santo. Segundo Moreira (2009, p. 13):
A fazenda foi se desenvolvendo apenas com os filhos e netos de Victor com Dona Margarida. As terras foram divididas entre os filhos do casal, mas apenas um herdou a Casa Grande, sede da fazenda, distante algumas léguas da comunidade, mas a maioria dos seus irmãos moravam na comunidade e trabalhavam nas fazendas e com isso tornava-se dono do lote onde era construída a sua casa.
Vídeo e Fotos
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