Após dois anos suspenso por conta da pandemia, indígenas da Ilha do Bananal se reuniram para realizar um dos eventos mais tradicionais do povo Karajá, o Hetohoky. O reencontro foi momento de comemoração, mas também de protesto pedindo melhorias.

 A comemoração reuniu mais de 500 indígenas. O Hetohoky é um rito de passagem que envolve garotos em torno de 12 anos e suas famílias. Os rituais ocorrem durante todo o fim de semana.

Neste ano o evento foi especial porque fazia muito tempo que os indígenas não se encontravam para celebrar a vida. Eles proporcionaram um espetáculo de cores, cânticos e danças. Os moradores de várias aldeias chegaram ao local da festa em um barco de madeira pelo rio Araguaia.

O local da festa foi a aldeia Santa Isabel do Morro, no sudoeste do Tocantins próximo da divisa com o estado do Mato Grosso. A comunidade é uma das maiores do povo Karajá com cerca de 700 indígenas.

“É onde os meninos vão ser iniciados na cosmovisão passada para os homens, para se tornarem homens. A partir deste momento eles vão ter que se comportar como homens, deixar a casa da mãe, deixar aquela proteção de menino para se tornarem homens e se responsabilizarem para construírem uma nova família e serem aptos para contribuir socialmente”, explicou a Narubia Werreria, presidente do Instituto Indígena do Tocantins.

A retomada do Hetohoky também foi oportunidade de protesto para a população indígena da Ilha do Bananal. As mulheres fizeram uma caminhada cobrando apoio. Elas afirmam que os Karajá passam por uma das piores crises de saneamento dos últimos tempos.

A cobrança é por direitos fundamentais como a atenção básica de saúde. “Varias pessoas nas aldeias estão tomando água do rio porque não está tendo saneamento básico. As aldeias estão sem barco para fazer atendimento, que é de suma importância”, disse a líder indígena Eliana Karajá.

Sobre a cobrança por saneamento básico foi cobrado um posicionamento ao Ministério da Saúde, mas não houve resposta até a publicação desta reportagem.

Fonte: G1