A 4ª edição do Encontro de Capoeira Angola e Ancestralidade do Tocantins (IV ENCAANTO) acontece em Palmas nos dias 18 e 19 de agosto, com o tema “No chão de ontem, os passos de agora”. O encontro celebra a importância do intercâmbio entre gerações na perpetuação das tradições culturais afro-brasileiras e conta com a presença de mestres e mestras de renome internacional e importância histórica.

 

Realizado desde 2019 pelo grupo Só Angola Tocantins, o ENCAANTO se consolida como o maior evento de capoeira angola no Estado. Com palestras, vivências com os mestres e mestras, oficinas de movimentação e musicalidade além de rodas abertas ao público, o IV ENCAANTO é um projeto contemplado com recursos do Fundo Municipal de apoio à cultura via Programa Municipal de Incentivo à Cultura – PROMIC 2023.

 

A programação inicia na sexta-feira (18), às 8 horas, com Vivência em Capoterapia e Musicalidade com a Mestra Ana Maria e Mestre Boca Rica, essa atividade é exclusiva para pessoas idosas que participam do projeto “Roda da Vida – Capoeira Angola na Melhor idade”, desenvolvido desde 2016 pelo grupo Só Angola Tocantins.

 

No período da noite,  às 18h30, acontece a palestra “Os malês, a poesia de cordel e a musicalidade na capoeira angola” com Contramestre Marinheiro, do Distrito Federal. Às 20 horas será realizada a abertura oficial do evento e roda de capoeira. As duas atividades são abertas ao público, com entrada gratuita e acontecem no Parque Municipal da Pessoa Idosa, em Palmas.

 

No sábado (19), acontece às 9h, no mesmo local, uma oficina de capoeira angola e musicalidade com Mestra Jararaca e Mestre Boca Rica. Para participar desta atividade é necessário fazer inscrição e uma contribuição de R$ 40 reais. A roda de capoeira, ao final da oficina, será aberta ao público e marcará o encerramento do evento.

 

Tradição e personagens históricos marcam presença

 

Em sua 4ª edição, o ENCAANTO  já contou com a participação de verdadeiras lendas vivas da cultura popular, como o gritador de samba chula Mestre João do Boi (falecido em 2023, aos 78 anos) e o Mestre Boca Rica, 86 anos, um dos mais antigos capoeiristas vivos do mundo e que participa pela terceira vez do evento. Reforça ainda a lista de figuras históricas desta edição, a presença da Mestra Jararaca (Salvador – BA), primeira mulher a ser reconhecida mestra de capoeira angola no mundo.

 

“Na capoeira angola damos muita importância à tradição, sem a persistência dos mais antigos essa arte não teria chegado até nós. No passado muitos grandes mestres morreram no ostracismo, mas hoje nós buscamos valorizar essas pessoas e beber dessas fontes”, ressalta Mestre Matoso, líder do grupo Só Angola Tocantins.

 

Também estará presente no evento o Mestre Vermelho, fundador do grupo Só Angola (Goiás), e um dos precursores da capoeira angola na região centro-oeste.  São convidados especiais: Mestre Guaraná (GO), contramestra Marcinha (GO), contramestres Marinheiro (DF), Alex Botega (GO),  Aquim Gomes (GO) e Régis Ribeirão (GO).

 

Conheça os principais convidados

 

Mestre Boca Rica

Nascido em Maragogipe, no Recôncavo Baiano, em 1936, Manoel Silva, o Mestre Boca Rica, se tornou capoeirista na década de 1950, como aluno de Mestre Pastinha.  Pela segunda vez em Palmas, já esteve em mais de 30 países, tem 14 discos gravados dedicados à musicalidade da capoeira e ainda hoje recebe, em Salvador, pessoas do mundo inteiro interessadas em sua memória e conhecimentos acerca dessa tradição.

 

Mestra Jararaca

Pela primeira vez no Tocantins, Valdelice Santos de Jesus, a Mestra Jararaca, se iniciou como “angoleira” entre 1983 e 1984, na academia do Mestre João Pequeno de Pastinha, de quem em 1994 recebeu o título de professora. Posteriormente, tornou-se discípula do Mestre Curió, de quem recebeu o apelido de Jararaca, e, por quem em 2001 foi consagrada a primeira Mestra de Capoeira Angola do mundo.

 

Mestre Vermelho

Vanderly Francisco de Oliveira, o Mestre Vermelho, é discípulo de Mestre Boca Rica e fundador da Associação de Capoeira Angola do Estado de Goiás (Grupo Só Angola), em 1988, sendo um dos precursores da modalidade na região centro-oeste. Mestre Vermelho também é o líder do grupo musical Angoleiros do Samba Chula e padrinho do grupo Só Angola – TO.

 

A capoeira angola e o grupo Só Angola – TO

 

Estilo também chamado “capoeira tradicional” ou “capoeira mãe”, é a modalidade que busca seguir as características da arte praticada pelos primeiros capoeiristas no início do século XX, tendo o Mestre Pastinha como o seu principal patrono e organizador. Se diferencia da capoeira regional, modalidade criada por Mestre Bimba a partir da capoeira tradicional, na década de 1930, deixando-a mais rápida e incorporando algumas técnicas e sequências de movimentos próprias.

 

A capoeira angola pode ser caracterizada como um jogo mais lento, estratégico e malicioso, onde os elementos de teatralidade e mímica servem para ludibriar o oponente ou mesmo para interagir de forma mais brincalhona, conservando os elementos lúdicos dos primórdios desta prática.

 

Sob liderança de Arnaldo Lopes Lima, o Mestre Matoso, o grupo Só Angola Tocantins existe desde 2013, com treinos sistemáticos de capoeira angola em Palmas. Desde 2016, através do projeto “Roda da Vida” oferece de forma voluntária, semanalmente, atividades adaptadas para pessoas idosas no Parque Municipal da Pessoa Idosa em Palmas.