Contrato com a empresa foi assinado na última terça-feira, 19 - Foto - Lino Vargas/Prefeitura de Gurupi

Contrato com a empresa foi assinado na última terça-feira, 19 – Foto – Lino Vargas/Prefeitura de Gurupi

A Prefeitura de Gurupi anunciou a suspensão da Ordem de Serviço referente ao contrato com a empresa Isabelly Transportes, que havia sido assinado na última terça-feira, dia 19. A empresa foi a vencedora da licitação para a prestação de serviços de transporte coletivo na cidade. A decisão de suspender o contrato foi oficializada e será publicada no Diário Oficial do Município nesta quinta-feira, dia 21.

A medida foi tomada em razão do envolvimento dos proprietários da empresa em uma investigação policial no Distrito Federal, deflagrada na quarta-feira, dia 20. A Prefeitura optou por manter a Ordem de Serviço suspensa enquanto realiza estudos jurídicos que embasarão a decisão definitiva sobre a contratação da referida empresa. A administração municipal reforçou seu compromisso com a transparência e legalidade em todos os processos de contratação de serviços para o município.

A Operação Old West, realizada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) nesta quarta-feira, 20, resultou na prisão temporária judicial de nove pessoas acusadas de praticar crime de lavagem de dinheiro, entre 2018 e 2023, na região de Brazlândia. Os policiais civis ainda cumpriram mandados de busca e apreensão em várias localidades da região. Os alvos da investigação seriam donos da empresa que assinou contrato com a Prefeitura de Gurupi, para oferecer serviços de transporte público no município, a Transportes Isabelly

Após a repercussão, a Prefeitura da cidade divulgou uma nota onde explica que o contrato firmado com a empresa Transportes Isabelly, não tem qualquer relação com a operação policial realizada no Distrito Federal.

A nota diz ainda que após a análise de toda sua documentação, incluindo as certidões negativas necessárias para a formalização da contratação, depois da finalização do processo licitatório. (Veja na integra no final da matéria).

Leia mais sobre o assunto – Empresa de Brasília assina contrato para serviço de transporte coletivo em Gurupi: “mais um compromisso com o povo concretizado” | Gazeta do Cerrado

Operação Old West - Foto - Polícia Civil do Distrito Federal

Operação Old West – Foto – Polícia Civil do Distrito Federal

A Operação Trickster

Em março de 2018, a PCDF e o MPDFT deflagraram a Operação Trickster para apurar condutas de corrupção e desvio milionário de recursos do extinto Transporte Urbano do Distrito Federal – DFTrans, por meio de fraudes no sistema de bilhetagem.

A lavagem de capitais em Brazlândia

Após a deflagração da Operação Trickster, as pessoas presas na manhã de hoje constituíram verdadeira organização criminosa (Orcrim) na cidade de Brazlândia para branquear os valores desviados do DFTrans e evitar bloqueios judiciais.

À frente da Orcrim estava o casal de empresários de Brazlândia, alvo da Operação Trickster. O esquema de lavagem ainda contava com a atuação de dois filhos e outros dois parentes do casal. Também havia a participação de laranjas e testas de ferro, bem como de um analista do MPDFT, que recebia propina do grupo criminoso.

Conforme apurado, após a Trickster, as empresas do casal— favorecidas pelas condutas de corrupção— foram colocadas em nome de parentes e funcionários, os quais serviam de laranjas e testas de ferro para dar continuidade na prestação de serviços e recebimento de valores do GDF e de prefeituras.

As investigações comprovaram que para ocultar e dissimular os valores oriundos dos estelionatos contra a administração pública e dos contratos maculados pelas condutas de corrupção, bem como impedir bloqueios judiciais, realizar a imediata transferência dos valores recebidos nas contas empresariais para as contas poupanças de filhos, parentes e amigos do casal investigado. Em seguida, promovia retiradas diárias de valores dessas contas poupanças para repasse às contas das empresas, tudo visando dissimular os valores sujos e evitar bloqueios judiciais.

Entre as contas utilizadas pela Orcrim, estão as de filhos que, à época da investigação, contavam com quatro e 15 anos de idade.

A Orcrim

A Orcrim era permanente, estável, hierarquizada e possuía divisão de tarefas. Atuava desde a deflagração da Operação Trickster até a presente data, baseada em Brazlândia e integrada por dez pessoas, além da atuação de pelo menos 15 laranjas.

As operações de ocultação e dissimulação da Orcrim foram praticadas em uma única agência bancária de Brazlândia e promoveram o branqueamento de R$ 31.120.783,00.

O casal preso

Os dois envolvidos presos  na manhã de hoje (20), já figura como réu em três ações penais, todas referentes à Operação Trickster pela prática de crimes de estelionato contra a administração pública; corrupção ativa e associação criminosa.

A corrupção estatal

Entre 2017 e 2018, pela consultoria prestada durante os desvios no DFTrans, o analista do MPDFT recebeu R$ 24 mil do casal de empresários de Brazlândia. Já no ano de 2020, por novos serviços advocatícios, o mesmo servidor recebeu R$ 10 mil, valor depositado na conta da esposa do analista.

A PCDF pediu a prisão temporária do servidor, mas a prisão foi indeferida, após parecer contrário do MPDFT.

Quem são os alvos

A Operação teve como alvos o empresário Ronaldo de Oliveira, 48 anos; a esposa dele, Soraya Gomes da Cunha, 39; e dois filhos do investigado — Paulo Victor Viegas de Oliveira, 24, e Pedro Henrique Viegas de Oliveira, 27. Uma nora e uma cunhada do empresário também seriam integrantes do suposto esquema de lavagem de dinheiro, segundo as apurações. A família seria

Além dos seis investigados da mesma família, outros três homens foram presos durante a operação nas primeiras horas desta manhã.

  • Ronaldo de Oliveira, 48 anos, empresário;
  • Soraya Gomes da Cunha, 39, esposa de Ronaldo;
  • Paulo Victor Viegas de Oliveira, 24, filho do meio do empresário;
  • Pedro Henrique Viegas de Oliveira, 27, filho mais velho de Ronaldo;
  • Mirelly Gomes da Cunha, 31, cunhada do empresário e irmã de Soraya;
  • Izabely de Paula Costa de Farias, 23, nora de Ronaldo e esposa de Paulo;
  • Francisco Assis de Oliveira, 56;
  • Elismar Donizete Borba, 54; e
  • Adelino Medeiros II, 39.

O que diz a Prefeitura de Gurupi

A Prefeitura de Gurupi informa que a assinatura do contrato com a empresa de Transportes Isabelly, foi realizada após a análise de toda sua documentação, incluindo as certidões negativas necessárias para a formalização da contratação, depois da finalização do processo licitatório.

Importante esclarecer que, esse contrato com a Prefeitura de Gurupi, NÃO tem qualquer relação com a operação policial realizada no Distrito Federal, envolvendo os proprietários da empresa.

A Prefeitura monitora a situação e analisará juridicamente todas as possibilidades em relação a essa contratação, cujos serviços estão previstos para início em fevereiro de 2024.

A intenção da Gestão Municipal é que aconteça a efetiva prestação do serviço de transporte coletivo em Gurupi, obedecendo todos os trâmites legais.

Fonte: PCDF, Metrópoles