Um trote a alunos de alguns cursos da UFT em Palmas gerou polêmica. Um vídeo mostra um juramento que os calouros tiveram que fazer onde há algumas referencias às mulheres como por exemplo ” dar em cima das gostosas da nutrição”, numa possível incitação a assédio contra alunas do curso. Os novatos tiveram que dizer ainda que são ” filhos de mãe safada”.
“Juro apresentar primas, amigas e irmãs”, dizia outro trecho.
O movimento Kizomba repudiou o trote e emitiu nota condenando o ato.
Nossa equipe tentou contato com representantes da Atlética Marrenta porém não conseguiu. O espaço continua aberto.
Veja a íntegra da nota da Kizomba:
Nota da Kizomba Lilás em repúdio ao trote misógino do curso de Engenharia Civil da UFT
A kizomba lilás (setorial feminista do coletivo Kizomba) vem declarar publicamente seu repúdio ao episódio ocorrido durante o trote de Engenharia Civil/UFT no dia 03/08 e promovido pela Atlética Marrenta. Episódio esse que escancara o machismo, a misoginia e a cultura do estupro na universidade, tão naturalizados diariamente dentro dessa sociedade patriarcal.
É inadmissível que ainda seja visto como brincadeira e diversão a violência contra a mulher. Também, é inconcebível o silêncio perante um discurso absurdamente degradante, violento e opressor às mulheres.
Não aceitaremos a perpetuação do machismo, sexismo, misoginia, racismo e LGBTfobia dentro de uma universidade pública.
Nós mulheres estudantes dessa instituição lutamos por uma universidade mais justa, fraterna, igualitária e livre do machismo.
Somos sujeitas e não mercadoria!
Nos solidarizamos e manifestamos nossa sororidade a todas as mulheres do curso de nutrição e a cada uma que foi ofendida e ridicularizada durante o deprimente acontecimento.
Mexeu com uma, mexeu com todas.
A luta por uma sociedade e uma universidade sem machismo, sem opressão e sem violência continua.
Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!
Os centros acadêmicos de Enfermagem e de Nutrição também publicaram nota criticando o trote. Veja abaixo:
Palmas, 03 de Agosto de 2017
Nota de Repúdio
O Centro Acadêmico de Enfermagem/UFT (CAEnf) vem por meio dessa repudiar publicamente as ações ocorridas durante o trote de Engenharia Civil/UFT (03/08/2017) promovidos pela Atlética Marrenta e divulgado nas redes sociais. Tais ações têm caráter humilhante e violento principalmente com as mulheres, tanto de seu próprio curso quanto dos demais.
É necessário refletir que não são “brincadeiras” ou palavras ditas inocentemente, ao contrário, são atitudes planejadas de forma consciente por adultos que se negam a reconhecer o caráter machista, sexista e homofóbico de suas atitudes.
O curso de Enfermagem possui uma estreita relação com o curso de Nutrição, que foi citado durante o juramento do trote, e sente-se igualmente ofendido. Independentemente do local onde tal ação repugnante foi realizada, não podemos deixar de discutir o que ela significa e como perpetua uma cultura de estupro, infelizmente tão presente em nossa sociedade. O CAEnf/UFT se solidariza com todas as mulheres de nutrição, com todas as mulheres que se sentiram ofendidas por tais palavras, e com os demais cursos citados no juramento.
Nota do Centro Acadêmico de Nutrição:
O centro acadêmico de nutrição vem por meio desta repudiar as ações e práticas ocorridas na tarde de hoje (03/08/2017) pelo curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Tocantins em seu referido trote divulgado em redes sociais, onde as alunas do curso de nutrição foram citadas em um juramento machista, sexista e preconceituoso. Acreditamos que estes tipos de trotes são abusivos, humilhantes, violentos e opressivos sendo feitos dentro ou fora da universidade. Somos contra ações que degradam a imagem das mulheres às colocando em caráter sexual e de submissão, lutamos por uma sociedade justa onde possamos ser tratadas com respeito, dignidade e de forma igualitária. O CANUT/UFT tem lutado e discutido localmente e nacionalmente o papel do feminismo e a defesa da mulher na sociedade. Após um encontro nacional riquíssimo onde debatemos tanto sobre o assunto, e em pleno século XXI com tanta formação e informação é extremamente repugnante vermos e ouvirmos nossas alunas sendo citadas e colocadas nesse tipo de fala. Destacamos que esse tipo de ação somente reforça a cultura do estupro e o ciclo de violência, assédio e abuso na sociedade e nos mostramos firmes para lutar até o dia em que nenhuma mulher precise passar por isso.