“Amo Palhaço, Clowns--folia” e “Cartas de Amor” são as peças teatrais que integram a turnê do Grupo Imagem, trupe de palhaços goianos que encerra turnê em Taquaruçu/TO, após apresentações para público na Colômbia e no México. Os espetáculos foram gravados e serão transmitidos, pelo Youtube, nos dias 18 e 19 de dezembro, em parceria com o Circo Os Kaco. O Projeto Amor Palhaço de circulação nacional e internacional conta com apoio do Fundo de Arte e Cultura e da FETEG (Federação de Teatro de Goiás).

Com mais de 10 anos de fundação, o Grupo Imagem pesquisa o regionalismo e o Palhaço como linguagem cênica. O trabalho proposto para o Projeto Amor Palhaço busca estabelecer um diálogo intercultural, especialmente em “Cartas de Amor”. Com direção de João Bosco Amaral (Cia Teatral Oops!..), o espetáculo conjuga a linguagem circense, a fala regional e canções especialmente compostas para a montagem de um dos textos mais encenados em todo o mundo: Cyrano de Bergerac”, escrito em 1897 por Edmond Rostand.

A ideia de “caipirizar” um clássico francês foi do próprio grupo, em 2018, ano de centenário da morte de Rostand (1868-1918). Inicialmente, a circulação do espetáculo ocorreu no interior de Goiás, estado brasileiro onde o grupo é residente. Com vistas à circulação internacional, a trupe apostou na popularidade da peça teatral e dispensou a tradução.

“Com direção musical de Lino Calaça, a musicalidade funciona como linguagem para provocar a troca com o público e alguns termos em espanhol foram incluídos”, revela o diretor. João Bosco acredita que, independente do idioma do texto, palhaços caipiras são capazes de criar empatia porque “o clown é uma figura universal e porque o chamado caipirês é como um idioma global, pode ser reconhecido em todo o mundo, afinal, o caipira está em todo lugar”.

Para o diretor, “Cartas de Amor” é um diálogo contemporâneo da cultura popular francesa e da cultura popular brasileira. A Commedia dell’arte é a origem estética do trabalho, mas para esta turnê a linguagem audiovisual impacta na estrutura narrativa, aproximando o público do século 21. Os musicais da Broadway foram o ponto de partida para a concepção do espetáculo filmado, revelando para os espectadores o trabalho técnico por detrás da cena. A história, no entanto, ainda é a mesma: uma jovem romântica, um soldado, um poeta e seu amigo envolvidos nas tramas do amor platônico nos padrões medievais. “Apesar do final trágico, todo o espetáculo é uma comédia”, arremata João Bosco.

A experiência internacional nos fez olhar e ressignificar nossas raízes. Essa experiência modifica profundamente quem somos como pessoas e como artistas”, relata o grupo, composto pela atriz Cristyane Leal e pelos atores Everaldo Miranda, João Luís Leitão, Rafael Martins. Como “embaixadores do goianês” para a América Latina, a trupe de palhaços criada em Inhumas/GO, teve a oportunidade refletir sobre identidade artística: “Diante das fronteiras, da diferença, tivemos mais clareza sobre que tipo de teatro queremos fazer, sobre afirmar nossa linguagem e isso nos levou à busca de alguma singularidade no trabalho”.

O outro espetáculo que compõe a turnê, “Amo Palhaço, Clowns--folia”, reúne quadros miméticos Clownescos, que contam pequenas histórias de amor, com humor. São performances lúdicas e divertidas, “onde falta Iugar para o medo e sobra espaço para alegria”, descreve o Grupo Imagem. A simplicidade dos personagens que compartilham sentimentos cotidianos busca cativar a plateia e criar vínculos ao longo das cenas.

A solidão de um vendedor de bonecas, um casal de amores brutos, um atleta e sua academia aberta, uma feiosa e seus valentes pretendentes. Escolhidas pelo grupo para compor “Amo Palhaço, Clowns--folia”, estas narrativas encontradas no cotidiano têm sua poética descortinada quando apropriadas pelo Palhaço são deslocadas do automatismo diário que toma conta das relações humanas.