Das mais remotas ilhas das Filipinas, que se tornaram paraísos para mergulhadores sem fronteiras, a regiões inóspitas como Kamchatka ou Djibuti, objeto de desejo para os mais aventureiros, passando por cidades como Tbilisi que começam a ser levadas em conta pelos viajantes que fogem destinos mais batidos. Estes são alguns cantos do planeta que aparecem cada vez com mais força. Propostas para viajantes independentes, aventureiros e exploradores, e que devem ser preparadas com cuidados antes de se pôr a caminho.
1. Palawan (Filipinas) e as ilhas Bacuit
Novas mecas do mergulho
Você quer ir cada vez mais longe para encontrar paraísos de cartão postal. Felizmente, sempre haverá as Filipinas: mais de 7.000 ilhas para escolher e cantos quase inéditos, como Palawan, uma ilha no sudoeste, em direção a Bornéu, com impressionantes paisagens e fundo do mar comparável aos melhores pontos no Sudeste Asiático, mas muito menos concorrido. No norte da ilha, a costa é recortada por enseadas e praias isoladas. Aqui você vai encontrar os lugares mais conhecidos (alguns deles já aparecem nas conversas dos aventureiros, mergulhadores e amantes de praia), como El Nido, a porta de entrada para o fabuloso arquipélago Bacuit. Muitos comparam as águas da Baía de Bacuit às do sul da Tailândia ou à Baía de Halong, no Vietnã. Tudo aqui é uma descoberta: a ilha de Cadlao é uma espécie de Taiti transportado para as Filipinas com uma atraente lagoa na qual você pode mergulhar com tubos em meio a jardins de corais em pouca profundidade. O Tapiutan, que oferece as melhores paredes para mergulho, bem como boas praias. Nas águas de Bacuit os aventureiros vão mergulhar principalmente com tubo: há mais de 20 pontos de imersão.
2. Sérvia
Colocar os Bálcãs outra vez no mapa
Dispostos a conhecer novos lugares, por que não nos animarmos para ir à Sérvia? Carrega uma história muito dura, mas já há muita gente descobrindo que restam poucos vestígios da guerra. Hoje é um país simpático e acolhedor, e está retomando o papel que sempre teve nos Bálcãs. Belgrado se tornou um dos destinos mais animados do mundo, uma cidade aberta e arrojada. Pode não ser bonita no sentido mais convencional, mas numa caminhada encontramos obras-primas de art noveau e os remanescentes do legado dos Habsburgos entre vestígios otomanos. E da capital você pode organizar uma viagem pelo país: para quem busca cidades repletas de referências culturais, é essencial passar por Novi Pazar, com uma grande população muçulmana, e onde não faltam café, costumes e gastronomia turca, embora também vejamos muitos monumentos ortodoxos. Existem muitos cafés e restaurantes. E para descobrir a natureza nos aproximaremos das aldeias de Zlatibor, uma região romântica de montanhas. Aqui estão as principais estações de esqui, no Tornik, o pico mais alto da zona, com 1.496 metros, e o Obódica. Um destino original e diferente para quem está sempre em busca de novos horizontes.
Uma viagem ao longínquo Leste
Moscou está muito longe dessa península no remoto leste do país, que, embora muitas vezes seja confundida com a Sibéria, é ainda mais inacessível e no inverno, mais fria. Kamtchatka é hoje um dos poucos lugares na Terra onde o viajante pode se sentir como se fosse o primeiro homem a descobri-la. Embora mais de 300 anos tenham se passado desde que os russos chegaram aqui, ainda é um local de difícil acesso. Durante o período soviético era inacessível para estrangeiros e ainda há muito poucos turistas que se atrevem a viajar para este canto do mundo para escalar seus vulcões fumegantes e geleiras ou para praticar heliski nos glaciais ou contemplar de um caiaque os ursos devorando salmões.
Viajar para Kamtchatka exige tempo, paciência e dinheiro. A falta de estradas adequadas e a necessidade de licenças significa que muitos lugares só são acessíveis por helicóptero ou com grandes veículos especiais. Não é fácil nem mesmo chegar aos locais mais famosos, como o Lago Kurilskoe ou o Vale dos Gêiseres.
Os vulcões Koriakski, Avachinski e Kozelski podem ser vistos da capital de Kamtchatka em um dia de céu limpo, às vezes soltando fumaça. E estima-se que entre 15.000 e 30.000 ursos vivem nessa região. A melhor opção para vê-los em segurança é o Lago Kurile, a cerca de 200 quilômetros da capital, embora você tenha que ir com agentes armados.
O último paraíso do surfe
Já se espalhou a notícia sobre os sofisticados lugares hippies de Montezuma e Santa Teresa. Na estação seca, a área fica repleta de surfistas de todo o mundo e de nômades sedentos por belezas naturais e emoções nas águas dos dois lados da península de Nicoya. No meio, e no ponto mais meridional de Nicoya, fica a primeira reserva natural do país. Hoje esta área é mais acessível do que há alguns anos, com melhores estradas e barcos mais regulares.
Nesta esquina a sudoeste da península de Nicoya há um bom fluxo de ondas, boa atmosfera e uma cozinha local imaginativa. Acomodações elegantes e restaurantes-boutique se escondem nas colinas. E há também mais e mais residentes estrangeiros que a escolhem como o canto do mundo para se afastarem do barulho mundano.
A praia de Santa Teresa é comprida, espetacular e famosa pela força e rapidez da água em sua costa, e oferece um bom surfe quase em todas as horas. No extremo norte da praia, Roca Mar é uma impressionante formação de pedras, a favorito dos habitantes locais. A praia termina ao norte da cidade e dá lugar a Hermosa, um magnífico areal que faz jus ao nome. Não faltam pequenos hotéis, pousadas mais ou menos simples, cafés e lojas de surfe.
A alternativa a Machu Picchu
É difícil ofuscar Machu Picchu, mas o Peru é muito grande e repleto de lugares excepcionais. Ao norte do Altiplano, as serras do norte ainda são um lugar raramente visitado, apesar dos picos espetaculares dos Andes e das florestas que se estendem do litoral até a selva amazônica profunda, entre relíquias de reis incas e ruínas dos guerreiros que viveram em outras épocas nestas florestas envoltas em nevoeiro.
As florestas nubladas de Chachapoyas vêm revelando recentemente o seu grande tesouro arqueológico: a fortaleza imponente de Kuelap, uma fabulosa cidadela de pedra que é o local mais preservado e mais espetacular da área. As vistas panorâmicas são excepcionais, e é enorme o valor destas ruínas pré-colombianas. Foi construída entre 500 e 1493. São milhões de metros cúbicos de pedra em bom estado de conservação O acesso é através de três portas profundas e estreitas que constituíam um engenhoso sistema de segurança para forçar os atacantes a se posicionarem em fila indiana, e assim eram derrotados com facilidade. No interior há vários níveis com vestígios dispersos de mais de 400 habitações circulares, algumas delas decoradas. A estrutura mais enigmática, chamada El Tintero, tem a forma de um grande cone invertido e no seu interior uma câmara subterrânea contém os restos do sacrifício de animais, por isso os arqueólogos acreditam que era uma edificação religiosa.
Não muito longe está Chachapoyas, uma pacata localidade rodeada de florestas e nuvens que foi uma das primeiras fundadas pelos espanhóis e a base do início da exploração na região do Amazonas.
Um esconderijo grego
Foi um dos segredos do Mar Egeu, mas ultimamente já há muita gente descobrindo ilhas como esta, nas Cíclades, banhadas pelo Mar de Creta. Folégandros é conhecida (cada vez mais) pela encantadora cidade de Hora: construções de pedra natural, entre edificações brancas e azuis, com uma rua principal que serpenteia praças arborizadas e mesas ao ar livre. Sua paisagem idílica torna difícil imaginar que desde a época romana e até a ditadura militar era um lugar de exílio, acidentado e isolado.
Apesar de tudo, Folégandros é ainda um dos lugares mais tradicionais das ilhas gregas, com apenas 650 habitantes e praias virgens onde há oliveiras para dar sombra, em vez de guarda-sóis. O complemento perfeito são os hotéis familiares com excelentes vistas.
Algumas recomendações para aproveitar ao máximo: subir até a capela de Panagia, do século XVII, o ponto mais alto, de onde podemos garantir um pôr do sol incrível. Ou fazer um tour pelas praias, desde a principal, a de Agali, até Agios Nikolaos, aonde se chega por uma caminhada ao longo da costa ou em um barco que sai a cada hora do porto de Agali. E tem mais: a praia escondida de Livadaki, que só pode ser alcançada de barco. Ou as tabernas dos pescadores para saborear pratos tipicamente gregos. E, como ponto final, uma visita ao povoado de Chora, cheia de cantos para se apaixonar, com flores brinco-de-princesa nas sacadas azuis, e corredores.
7. Djibuti
O fim do mundo
Cada vez mais esse nome é ouvido entre os grandes viajantes, apesar de seu tamanho diminuto (Djibuti é o segundo menor país da África Oriental). Há poucos lugares no mundo com paisagens tão surreais: lagos salgados, planícies fundas, chaminés de pedra calcária, planaltos basálticos, desfiladeiros impressionantes, e muitos lugares para mergulhar ou observar tubarões (no Golfo do Tadjoura). É um país bem pouco desenvolvido, onde se tenta pôr em prática um turismo ecológico, incluindo lugares sustentáveis de hospedagem no interior, com as tribos nômades.
Aqui se localiza, por exemplo, o ponto mais baixo do continente africano, o lago Assal, ou paisagens extraterrestres como o lago Abbé, com centenas de chaminés calcárias em forma de agulha. A jazida rupestre de Abourma preserva muito bem interessantes petróglifos, e as montanhas Goda oferecem aos montanhistas um passeio por paisagens espetaculares. Podem ser organizadas várias caminhadas guiadas por nômades afar, seguindo rotas antigas de sal através do oeste de Djibuti. Os estrangeiros encontraram seu refúgio favorito na Praia da Areia Branca, sete quilômetros a leste de Tadjoura, com sua areia claríssima e instalações para descansar, praticar mergulho ou passear de caiaque.
Claro, você tem que se informar sobre a segurança de certas áreas antes de viajar. O Ministério das Relações Exteriores da Espanha, por exemplo, recomenda “viajar com extrema cautela” para o país, evitando certas áreas.
8. Tbilisi (Geórgia)
Descobrir o Cáucaso
No momento, não há muitos viajantes que escolhem a Geórgia como destino. Por enquanto, porque o Cáucaso começa a aparecer no mapa do desejo de quem viaja pelo mundo em busca de recantos originais. O país é uma mistura de influências culturais, vistas na arte e arquitetura, mas também é perfeito para caminhadas, passeios a cavalo, esqui ou rafting, entre picos espetaculares onde ainda vivem lobos e ursos, e rios que descem por desfiladeiros íngremes.
A porta de entrada é Tbilisi, a capital, um bom primeiro ponto de contato e a percepção de que o futuro busca abrir espaço no tortuoso passado da Geórgia. Ruas sinuosas com casas inclinadas nos levam à ultramoderna Ponte da Paz sobre o rio Mtkvari, passando entre praças antigas e igrejas de pedra. Os cafés, descontraídos e boêmios, ficam ao lado de clubes modernos e novos hotéis e pousadas encantadores. E a silhueta da fortaleza de Nariqala domina toda a paisagem. Em frente, o futuro: na forma do palácio presidencial com uma cúpula ovoide, uma obra do século XXI que assoma ao outro lado do rio.
9. Ilhas Faroe
Escapada ao tranquilo Norte
Apenas 50.000 pessoas vivem nas 18 ilhas que compõem as Faroe, um arquipélago dinamarquês, situado no meio do Atlântico, a meio caminho entre a Escócia e a Islândia. Aqui vivem tranquilos, muito tranquilos e com um bom padrão de vida. As Faroe aparecem menos em revistas de viagens do que a Groenlândia ou as ilhas Svalbard, mas são um novo destino a considerar para aqueles que procuram natureza selvagem, ar fresco e uma autêntica cultura nórdica. E o que pode ser visto nessas minúsculas ilhas, além das aves e dos rebanhos de ovelhas (há mais ovelhas do que habitantes)? Ora, há uma paisagem deslumbrante e aldeias pitorescas de pescadores, mas, acima de tudo, é um lugar quase isolado representando a autêntica cultura nórdica. Na realidade, as ilhas são um país autônomo, autogovernado, no Reino da Dinamarca, um pouco como a Groenlândia.
Natureza, natureza e mais natureza … nas Faroe você se sente envolvido por ela, e tudo que tem a fazer é caminhar (muitas trilhas, de todos os tipos) para ver lugares como a cachoeira de Gasadalur, o lago Sørvágsvatn, o profundo desfiladeiro de Gjógv, as falésias de Vestmanna e o cabo Enniberg, ou se tornar um aficionado na observação de aves e se preparar para ver os papagaios-do-mar, em Mykines. O complemento são as pinceladas culturais de lugares como Tinganes, Torshavn ou Kirkjubour, a antiga capital, onde se orgulham de ter a mais antiga casa de madeira do mundo ainda em uso.
Viajar pelas ilhas Faroe é fácil: estão conectadas por uma boa rede de estradas, pontes e balsas.
10. Quirguistão
O coração montanhoso da Ásia
No Quirguistão, chegam sobretudo por conta própria os amantes da montanha, potenciais nômades e aventureiros. O país não tem o apelo das grandes cidades históricas do vizinho Uzbequistão, mas suas paisagens são insuperáveis: vales de montanhas, lagos que brilham e refletem a paisagem, pradarias de verão (jailoos) que ganham vida somente durante alguns meses por ano, e os pastores seminômades que vivem em yurtas. O país está abrindo as portas para os viajantes com um programa de alojamento em casas particulares e facilidades nos trâmites de acesso. O inverno é duro, mas no verão as estradas e os caminhos estão abertos e turistas de países próximos chegam às margens do Lago Issyk-Kul, de águas surpreendentemente quentes. Sua grande profundidade e a atividade geotérmica com certa salinidade garantem que nunca congele. Para quem se animar, os cavalos são uma oportunidade para ver os campos quirguizes e unir-se aos nômades em um galope pelas altas montanhas. O Quirguistão é outro país para o qual o Ministério das Relações Exteriores da Espanha recomenda observar as condições de segurança, que devem ser cuidadosamente avaliadas antes da viagem e que afetam, por exemplo, a fronteira com o Tajiquistão.
Fonte: El País