Projetado para aviões, o sistema de GPS é usado desde os anos 1970. Quando aplicado aos smartphones, sua precisão cai e prejudica a usabilidade de aplicativos que dependem de localização em tempo real, como acontece com a Uber. Cada vez que esse sistema é ineficiente, a empresa pode deixar de conectar motoristas e passageiros e, portanto, deixa de ganhar dinheiro.

Um novo sistema de mapas tridimensionais das cidades pode ser a saída para a companhia conseguir informar corretamente em qual lado da calçada você está ou então em qual ponto de um grande cruzamento aguarda pelo condutor.

A Uber comprou uma startup chamada Shadow Maps, em 2016, e seus fundadores Andrew Irish e Danny Iland passaram a integrar o quadro de engenheiros da companhia de transporte urbano. De acordo com o site The Verge, o novo sistema entrou em fase de testes em 15 cidades nos Estados Unidos, e o resultado é que a precisão ficou duas vezes melhor do que a do GPS tradicional.

Os sistemas de GPS fazem o smartphone se comunicar com satélites. O americano tem 30 satélites em órbita, assim como o russo, chamado Glonass. Para comunicação direta, sem interferências típicas de grandes cidades ou obstruções físicas, como uma marquise ou um prédio de 20 andares, eles funcionam bem. A história muda quando o sensores estão em celulares em grandes cidades, como São Paulo ou Nova Iorque.

O sistema novo testado pela Uber adota uma lógica de eliminação, baseada na comunicação com os satélites e em cálculos probabilísticos que entregam resultados em tempo real. Com isso, se um dos satélites usados para a triangulação estiver bloqueado por um prédio no lugar onde você está, a Uber poderá saber que você está em um determinado lado da calçada, pois se estivesse no outro não haveria o bloqueio. Claro que esse sistema funciona com base em mapas tridimensionais que trazem dados sobre as dimensões de prédios e outros obstáculos urbanos para o sinal enviado aos satélites.

A implementação, apesar de nova para o aplicativo de caronas pagas, não é inovadora, e, sim, baseada em estudos sobre melhorias que podem ser aplicadas ao sistema de GPS. Em Londres, um sistema semelhante já tem um protótipo em um smartphone com sistema Android.

A empresa americana, porém, apenas aguarda aprovação para colocar o novo sistema em funcionamento no mundo todo e, desse modo, espera diminuir a quantidade de viagens canceladas porque as pessoas não conseguiram se conectar a motoristas–premissa da empresa. Vale lembrar que a Uber ganha uma porcentagem, entre 20% e 25%, sobre cada corrida realizada.

Por Lucas Agrela, do site Exame