Operação para retirada de veículos que ficaram presos na parte da estrutura que não desabou começou nesta terça-feira (21). Os donos de carro entraram na Justiça para exigir a retirada.

Carros presos em ponte entre o Tocantins e o Maranhão — Foto: Divulgação/@vshenrique

O carro que ficou preso em uma fenda da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que desabou entre as cidades de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA), está há um mês sobre a parte da estrutura que se manteve de pé depois do desabamento.

O acidente aconteceu na tarde de 22 de dezembro de 2024. Dez veículos, entre carros, motos, caminhonetes e carretas, caíram no Rio Tocantins. Dentre as vítimas que caíram na água, um homem sobreviveu, 14 pessoas morreram e três continuam desaparecidas.

No veículo prata, preso na fenda, estavam três pessoas: Laís Lucena, o esposo e a cunhada. Ela contou que eles viram veículos desabarem junto com a estrutura. Eles não conseguiram dar ré porque o carro enganchou em uma das rachaduras. Logo depois, eles deixam o carro no local onde está há um mês.

Devido à demora em retirar o veículo da ponte, a família chegou a notificar o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) para a remoção ou alternativas para locação de um veículo substituto, mas não houve qualquer resposta por parte da autarquia, segundo a decisão.

Os donos entraram na Justiça Federal para que uma solução fosse tomada e no dia 15 de janeiro o juiz Georgiano Rodrigues Magalhães, da 1ª Vara Federal Cível e Criminal da SSJ de Imperatriz (MA), deferiu o pedido, considerando que há fortes indícios da “conduta omissiva do DNIT” em adotar preventivas ou para reparar a estrutura da ponte. O prazo para a retirada é de dez dias.

Nesta terça-feira (21), o Departamento informou que deu início à operação para retirada de carros e carretas que ficaram presos na ponte JK. Foram feitas adequações das condições do encontro da ponte no lado de Aguiarnópolis para possibilitar a passagem dos veículos.

O primeiro veículo que deve ser retirado é uma das carretas que está mais próxima da saída. A previsão é que os demais sejam removidos até o fim desta semana, segundo o DNIT.

Como houve a identificação de movimentações nas plataformas, o órgão informou que está monitorando a estrutura restante com o uso de tecnologia. Por isso, há a possibilidade de redirecionar o planejamento caso as equipes observem movimentações durante a operação.

 

Relembre a queda da ponte

 

Imagem mostra veículos que caíram com ponte que ruiu entre o Tocantins e Maranhão. — Foto: Reprodução

No desabamento da ponte caíram no rio Tocantins três motos, um carro, duas caminhonetes e quatro caminhões, sendo que dois deles carregavam 76 toneladas de ácido sulfúrico e outro 22 mil litros de defensivos agrícolas.

Segundo o DNIT, o desabamento ocorreu porque o vão central da ponte cedeu. A causa do colapso continua sendo investigada, conforme o órgão. A Polícia Federal também abriu uma investigação para apurar a responsabilidade da queda da estrutura.

A ponte foi completamente interditada e os motoristas estão usando rotas alternativas desde o dia da queda.

O momento em que a estrutura cedeu foi registrado pelo vereador Elias Junior (Republicanos). Semanas depois do acidente, ele contou, em entrevista, como foram os dias após o colapso da estrutura e os impactos gerados para toda a população da região. “Foi bem difícil, principalmente bem no início, quando iam chegando os familiares para acompanhar a retirada dos corpos. Então, eu, que convivi, estive desde o início acompanhando tudo isso, não é fácil. A gente sofre junto com eles e então aqui foi a maior tragédia considerada aqui da nossa cidade”, lamentou o vereador.

Passado um mês do acidente, equipes da Marinha do Brasil e dos bombeiros seguem as buscas para tentar encontrar Salmon Alves Santos, de 65 anos e Felipe Giuvannuci Ribeiro, 10 anos, avô e neto, e Gessimar Ferreira da Costa, de 38 anos. Mas os mergulhos no Rio Tocantins estão suspensos devido à abertura das comportas da Usina Hidrelétrica de Estreito, segundo os bombeiros.

No dia 10 de janeiro, foi publicado no Diário Oficial da União a contratação da empresa PIPES Empreendimentos LTDA, no valor de R$ 6.405.001,97, que vai fazer a travessia entre as margens do rio. Segundo o termo, o contrato vale por um ano, contados a partir do dia do acidente, em 22 de dezembro de 2024. Até esta quarta-feira, as balsas ainda não começaram a operar.

Sobre isso, o DNIT afirmou que os acessos necessários para receber as balsas ainda estão em fase final de execução e que as equipes do Departamento atuam para atender as exigências da Marinha do Brasil para poder iniciar o serviço (veja nota na íntegra abaixo).

Vista aérea de ponte que desabou entre MA e TO — Foto: Reprodução/TV Globo

Íntegra da nota do DNIT:

 

Com relação à trafegabilidade da BR-226/TO/MA, o DNIT disponibilizou cinco rotas alternativas para veículos pesados e leves. Para garantir a logística entre os dois estados, a autarquia também já contratou empresa que realizará a travessia de pedestres e veículos leves pelo Rio Tocantins por meio de balsas, que já estão no local. Quanto aos acessos necessários para a operação das embarcações, os mesmos estão em fase final de execução e as equipes do Departamento seguem atuando nas demais exigências da Marinha do Brasil para poder iniciar o serviço.

Sobre a operação de retirada dos veículos que estão em cima da estrutura remanescente da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que liga as cidades de Estreito (MA) e Aguiarnópolis (TO) está em curso. Começou nesta terça-feira (21) a ação para a remoção dos veículos.

No momento, ocorre a adequação das condições do encontro da ponte no lado de Aguiarnópolis, visando viabilizar a passagem dos veículos pelo local. A autarquia ressalta que a ponte está monitorada dinamicamente, com tecnologia adequada para detectar pequenas movimentações na sua estrutura. Desse modo, o planejamento poderá ser redirecionado, caso o DNIT observe movimentações na estrutura durante a operação.

Já a respeito da nova ponte, a autarquia informa que o plano emergencial de trabalho já começou com a mobilização das equipes. Na segunda quinzena deste mês de janeiro terá início o plano de demolição. Em paralelo, as equipes atuam na elaboração dos projetos de engenharia para o início das obras.

 

(Fonte: g1 Tocantins)