Foto – VV Shots/istock

Lucas Eurilio

O número de casos e mortes por Covid-19 tem apresentado números positivos nos últimos tempos, com a queda de casos e mortes em todo o Brasil.

É visível que a vacinação – ainda muito lenta no país – tem surtido efeito, ao contrário do que negacionistas têm defendido ferrenhamente, mas sem grande sucesso.

Entretanto ainda há grandes riscos, é o que disse a diretora-Geral assistente da Organização Mundial da Saúde, Mariângela Simão, ao alertar sobre o início da quarta onda do Coronavírus no mundo.

Mariângela ressaltou durante o Congresso Brasileiro de Epidemiologia, que o país não pode relaxar no combate ao Covid-19.

“Me preocupa bastante quando vejo o Brasil que tem discussão sobre a abertura do carnaval. Isso é realmente uma condição propícia para o aumento da transmissão comunitária”.

Mariângela Simão, diretora adjunta para acesso a medicamentos da Organização Mundial de Saúde — Foto: Reprodução/OMS

O debate sobre o carnaval preocupa as autoridades, isso por que o Brasil vê quedas significativas nos números da doença, mas países da Europa – de onde muitos turistas viajam para passar o feriado aqui – têm enfrentado o ressurgimento dos casos.

“A ressurgência de casos na Europa, os surtos que estão havendo em diferentes países, são por conta do aparecimento de casos em pessoas não vacinadas” afirmou a diretora da OMS.

Mas o aumento de casos e mortes por Covid-19 na Europa pode afetar os Estados Brasileiros? Sim, isso porque a pandemia ainda não acabou.

Nesta quarta-feira, 24, a Gazeta do Cerrado conversou com o médico, professor da UFT, assessor do Ministério da Saúde e membro do Conselho Nacional de Saúde, Dr. Neilton Araújo, sobre uma possível quarta onda do Covid.

Segundo o médico, as confraternizações e festas como o carnaval, são algo extremamente preocupantes.

“A situação é preocupante, porque de um lado a gente fica querendo que a vida volte ao normal, com todas as facilidades de locomoção, encontro festas. De outro lado, ainda temos a presença de um vírus extremamente contagioso. É o vírus mais transmissível que se conhece, especialmente com a variante Delta – indiana – que aumentou a transmissibilidade cerca de 10 vezes mais. Aquilo que a gente achava estar tranquilo e controlado, aqui e no mundo, não se sustentou”, explicou.

Neilton Araújo – Assessor do Ministério da Saúde – Foto – Divulgaçao

Dr Neilton falou também sobre a situação da Europa e da vacinação.

“A Europa por exemplo, está mostrando que a Pandemia não acabou, ao contrário, está recrudescendo – ficando mais intensa -, inclusive confirmando que não é verdadeira a avaliação que só alguns países europeus estariam tendo a quarta onda”, disse.

Ele ressaltou também que alguns países já estão considerando uma possível quinta onda.

“Além dos países com baixa vacinação – Bulgária, Ucrânia, outros – que já apresentam a quarta onda, a Rússia enfrenta por exemplo um problema seríssimo de internação e mortes batendo recordes diários. O que vemos na França, que tem de 70 a 75% da população vacinada, está apresentando agora o que estão considerando der uma quinta onda do vírus, exigindo medida severas de isolamento”.

Neilton também explicou sobre a imunização em massa quando se trata de uma doença viral.

“Tudo isso comprova que em doença viral, não se consegue imunidade populacional, a chamada “imunidade de rebanho” que o Presidente e outras autoridades defendem. O que da a imunidade populacional é a vacinação em massa, em altíssimos percentuais. A Delta está mostrando que taxa de 70% ainda é pouca. Então, temos que aumentar mais ainda a vacinação e enfrentar aqueles que estão dizendo que a vacina é bobagem, que vira jacaré. A vacina é a única proteção segura. O Brasil tinha uma cultura e um sistema de imunização mais respeitados do mundo, mas isso ficou comprometido por uma posição negacionista do Governo Federal. A vacina não vai impedir a pessoa de ter uma segunda contaminação, mas é solidificamente comprovado que reduz e evita casos graves, mortes e internações, que consequentemente sobrecarregam o SUS “.

Carnaval e Réveillon

Foto – Google Imagens

O Carnaval  e o Réveillon  são duas datas muito importantes para a cultura brasileira.

Nesta época do ano costuma-se ter muitas festas, encontros e aglomeração, no entanto, Dr Neilton alertou sobre as datas.

“No Brasil há risco de recrudescimento da pandemia, especialmente com o final do ano. Várias cidades no país já declararam que não vão fazer festas de réveillon e nem carnaval. Precisamos manter as medidas de prevenção e controle, principalmente em grupos como os das crianças que estão retornando às aulas presenciais. Elas não estão vacinadas e podem sim contaminar e transmitir o vírus”.

Por fim o médico disse que é preciso ter cautela.

“É preciso aumentar a testagem. É necessário e muito importante aumentar a vigilância, principalmente em casos novos que vão aparecendo e é fundamental manter os cuidados de higiene com as mãos, álcool gel, distanciamento e agilidade na vacinação, com doses completas e de reforço, para mantermos o máximo possível da população totalmente imunizada. Manter análise da situação, vigilância, bom senso, comunicação clara e oportuna e principalmente os pés no chão, com base na ciência e informações sérias e seguras”, finalizou.

Nossa equipe entrou em contato com a Secom das três maiores cidades do Estado, Araguaína, Palmas e Gurupi para saber sobre a programação de final de ano e Carnaval.

A Prefeitura de Araguaína informou que até o momento não foi definido se haverá ou não programação. No entando, o prefeito Wagner Rodrigues anunciou nesta quarta-feira, 24, durante uma cerimônia na Câmara de Vereadores, que será realizado na cidade, com previsão para acontecer no próximo dia 11 de dezembro, a sexta Marcha Para Jesus.

Em Gurupi, a Prefeitura vai sim fazer uma programação de Natal, cujo planejamento está sendo finalizado e o mesmo deve ser lançado em breve.
Quanto ao Carnaval, a Prefeitura informa que está em análise a realização de tal festividade, como acontece em algumas cidades do país, em virtude do cenário da Pandemia da Covid-19. Assim que houver uma definição, a Prefeitura de Gurupi irá divulgar para a comunidade e para a imprensa.

A Prefeiturade Palmas ainda não atendeu a nossa solicitação e aguardamos um posicionamento.

A Gazeta do Cerrado também entrou em contato com o Governo do Estado, mas até o fechamento desta matéria não obtivemos resposta.

Vacinação no Tocantins

O Estado ainda não alcançou 50% da população vacinada.

Os dados são da Secretaria Estadual de Saúde (SES-TO) e podem ser acessados no site Integra Saúde.

Conforme os números, 49,32% dos tocantinenses estão totalmente imunizados com a segunda dose e dose única.

No total, o TO recebeu 2.489.025 milhões de doses. Dessas, foram distribuídas 2.444.229 milhões e doses aplicadas somam 1.895.161 milhões.