Foto – Youtube/Divulgação
“Só pode restar um!, mas nas profundezas marinhas existem centenas de milhares (talvez milhões) de Turritopsis dohrnii, uma pequena espécie de água-viva nativa do Mediterrâneo, que é comumente conhecida como a “água-viva imortal” e literalmente faz jus ao seu nome. Possuindo a capacidade de reverter para um estágio sexualmente imaturo, em vez de sucumbir a uma morte inevitável, essa minúscula criatura detém o segredo da verdadeira imortalidade biológica.
Os humanos fantasiam sobre a imortalidade desde o começo dos tempos. Temos incontáveis mitos e histórias sobre isso, mas até meados da década de 1990 ainda tínhamos que encontrar qualquer prova de que a vida eterna na Terra fosse possível.
No entanto, em 1996, pesquisadores publicaram um estudo sobre uma pequena espécie de água-viva capaz de reverter de um indivíduo adulto e solitário ao seu estado colonial juvenil, enganando a morte e alcançando a imortalidade potencial. Contanto que não fosse consumida por predadores e pudesse ser sustentada por seu ambiente, a água-viva poderia repetir esse ciclo indefinidamente e viver para sempre. Até hoje, a água-viva imortal continua sendo o único animal imortal conhecido.
Todas as medusas conhecidas existem em duas formas: forma de pólipo e forma de medusa. Mas enquanto a maioria das águas-vivas cresce do pólipo para a medusa antes de finalmente sucumbir ao inevitável fim de seu ciclo de vida, a Turritopsis dohrnii possui a habilidade de alternar entre os dois estágios e enganar a morte. Isso é feito através de um processo conhecido como transdiferenciação, que basicamente envolve a transformação de uma célula madura em outro tipo de célula jovem.
Em vez de morrer como todas as outras criaturas, a pequena medusa imortal primeiro retrai seus tentáculos, transformando-se em uma bolha, e então cai no leito oceânico e retorna ao seu estágio de pólipo dentro de três dias. Os cientistas descobriram que o novo pólipo é geneticamente idêntico à água-viva original, mas é uma versão juvenil dele. Pense nisso como uma galinha que volta para um ovo, ou uma mariposa para uma lagarta.
A imortalidade da Turritopsis dohrnii não é exatamente do tipo que nós seres humanos normalmente fantasiamos, já que, enquanto a água-viva tecnicamente não morre, ela também não vive no mesmo corpo de antes. Além disso, a água-viva ainda pode morrer como resultado da predação por outros animais marinhos ou doenças, mas seu ciclo é o mais próximo que já chegamos de observar a imortalidade na natureza.
Curiosamente, a água-viva imortal não consegue controlar completamente sua reversão da medusa para o estágio de pólipo. Pesquisas mostraram que a transformação só ocorre quando a água-viva é ferida ou passa fome, ou quando a temperatura ou a salinidade da água em que ela vive muda. No entanto, se as condições estiverem corretas, é possível repetir o ciclo indefinidamente.
Existem três tipos de águas-vivas Turritopsis no mundo, a dohrnii, a nutricula e a rubra, mas apenas a primeira leva a denominação de imortal. Não é que as outras duas sejam conhecidas por não serem capazes da mesma transformação notável, apenas que a dohrnii é a única cuja imortalidade foi comprovada em condições controladas de laboratório.
Fonte – MDig