Vacina covid (Dado Ruvic/Reuters)

Se na semana passada a farmacêutica Pfizer anunciou que a sua vacina era 90% eficaz contra o novo coronavírus, nesta quarta-feira, 18, uma atualização nos resultados preliminares aumentou a eficácia em 5% — segundo a companhia e a BioNTech, parceira no desenvolvimento da imunização, a taxa de eficácia tem como base 170 casos de covid-19 que foram observados no estudo, sendo que 162 pessoas infectadas estavam recebendo doses de placebo e não da vacina. O resultado, segundo a Pfizer, foi similar em indivíduos apesar de sua faixa etária, raça ou etnia.

O plano das companhias é submeter um pedido de uso emergencial para a vacina ao Food and Drug Administation (análogo à Anvisa no Brasil) “em alguns dias”, assim como a outras agências regulatórias ao redor do mundo. O estudo ainda não foi publicado em uma revista científica ou revisto por pares.

A Pfizer também sugere que as doses da vacina previnem contra quadros graves da doença e 10 pessoas foram infectadas severamente pela covid-19 — dessas, nove estavam no grupo de placebo. O estudo da Pfizer e da BioNTech é duplo-cego, ou seja, quando nem o médico e nem o paciente sabem qual dose está sendo administrada — uma das metodologias mais eficazes na ciência.

Em relação aos efeitos colaterais, as empresas afirmaram que a fadiga foi o mais comum, apresentada por 3,7% dos participantes, que disseram que o efeito colateral os impediu de fazer certas atividades diárias. A Pfizer, no entanto, disse que esses efeitos foram reduzidos após semanas.

O novo resultado traz ainda mais esperança para acabar com uma pandemia que já matou mais de 1,3 milhão de pessoas no mundo todo. A Moderna afirmou nesta segunda-feira, que sua vacina foi capaz de reduzir as infecções por 94,5%. Se em alguns casos ambas as vacinas forem tomadas em conjunto, as chances de uma proteção mais eficaz podem aumentar ainda mais.

A Pfizer espera produzir até 100 milhões de doses até o fim do ano. Outras 1,3 bilhão de doses podem ser fabricadas no ano que vem.

Apesar das boas notícias, a vacina da Pfizer pode ter um empecilho para a importação para outros países. Ela tem como base o RNA mensageiro, que tem como objetivo produzir as proteínas antivirais no corpo do indivíduo.

Com a injeção, o conteúdo é capaz de informar as células do corpo humano sobre como produzir as proteínas capazes de lutar contra o coronavírus. O problema é que as vacinas do tipo precisam ser armazenadas em temperaturas muito baixas, de cerca de -70ºC, enquanto vacinas de DNA podem ser guardadas em temperatura ambiente. Se a vacina da Pfizer for aprovada, transportá-la para outros países poderá ser um problema.

Outro empecilho é que, pela pressa de produzir uma vacina, ainda não se sabe por quanto tempo a eficácia dela pode durar. É cruzar os dedos.

Como estamos?

Das 48 em fases de testes, apenas 11 estão na fase 3, a última antes de uma possível aprovação. São elas a chinesa da Sinovac Biotech, a também chinesa da Sinopharm, a britânica de Oxford em parceria com a AstraZeneca, a americana da Moderna, da Pfizer e BioNTech, a russa do Instituto Gamaleya, a chinesa CanSino, a americana Janssen Pharmaceutical Companies e a também americana Novavax.

Fonte: Exame