Texto: Jornalista Brener Nunes – Gazeta do Cerrado
O município de Chapada de Natividade, localizado no sudeste do estado, recebeu uma ilustre visita nos últimos dias. O fotógrafo cineasta Jurandir Lima protagoniza o documentário “O Caçador de Brasis”, onde ele viaja o país para mostrar a arte e cultura nos quilombos. O documentário é dirigido pelo diretor carioca Silvio Tendler, e será dividido em 13 episódios, ainda sem data para veiculação na TV.
Jurandir conta que é o personagem narrador e percorre o Brasil em vários estados, registrando personagens que encontra pelo caminho, pessoas relacionadas a arte e cultura brasileira. “Neste projeto, nós filmamos e eu fotografei mestres do barro, mestres da culinária, mestres da música. Pessoas relacionadas aos temas ambientais, preservação ambiental e também de sustentabilidade, por exemplo, pessoas que fazem cultivo agrícola, chamada agricultura familiar, focando sempre o conceito da produção orgânica”, diz.
O fotógrafo diz que ficou impressionado com a cidade e moradores. “Cheguei na Igreja Nossa Senhora de Rosário dos Pretos para fotografar e havia cerca de 90 pessoas me aguardando para serem fotografadas, os moradores assumem sua identidade negra, principalmente as mulheres, elas são empoderadas, e assumem com orgulho sua cor e seus cabelos crespos. Essa foi a maior lição que aprendi ali, nunca vi isso em nenhum outro quilombo brasileiro”, conta Lima.
A professora de História, Roberta Menezes, conta um pouco da história da cidade. “Chapada da Natividade é um município reconhecido desde 2004 como remanescente de comunidade quilombola pela Fundação Palmares. Na cidade, em 2010 foi sancionado o projeto de lei que instituiu a Semana cultural e o Feriado Municipal do dia 20 de novembro, dia da Consciência Negra”, explica.
Jurandir ainda conta que para gravar o documentário, ele visitou quilombos nos estados do Maranhão, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. “Jamais encontrei uma comunidade quilombola com as características de Chapada de Natividade. A cidade em si é um quilombo, nunca vi isso em outro lugar, pelo menos eu não conheço, porque normalmente os quilombos ficam afastados dos centros urbanos, que é o contrário de Chapada.