Por Antônio Neves
Vistos também como eventos sociais, os leilões e pregões são grandes oportunidades de negócios e de encontros entre os produtores e seus familiares. As edições, em sua maioria organizadas pelos sindicatos rurais, tornaram-se online, com a pandemia pelo novo Coronavírus, desde abril de 2020. Os remates são realizados virtualmente por plataformas de transmissões, salvo por algumas regiões, que mantém as vendas presenciais, obedecendo às normas sanitárias orientadas pelo Ministério da Saúde.
Tatersal lotado, gado no recinto, pisteiras em movimento e atentas aos lances. Esta é a rotina dos leilões que possuem datas para acontecerem e ocorrem em sua maioria no período da entressafra, em que a procura é maior que a oferta. A modalidade tem números animadores, com um crescimento de 320% nas vendas, graças aos eventos virtuais.
A oferta de animais transmitida via satélite e captada nas propriedades via antena parabólica, já existe há anos e ocorre com toda movimentação presencial e transmitida pela TV, que possibilita o telespectador fazer o seu lance. Com a criação de novos aplicativos a tecnologia se tornou mais acessível, tudo em tempo real e com maior rapidez. Para acompanhar basta ter em mãos um aparelho smartphone e sinal da rede de celular. Esta tecnologia tem ajudado os promotores de vendas e os pecuaristas a fecharem negócios durante a crise pela Covid-19.
Com o investimento em novas tecnologias, as desconfianças foram vencidas e o arremate pelo aplicativo tornou-se seguro. Além disso, o leilão virtual apresenta vários benefícios e a redução nos custos com logísticas está entre os principais – os animais saem de fazenda de oferta e vai direto para a propriedade compradora, sem necessidade de ser levado para o recinto do evento, evitando assim o desgaste e o stress dos bichos.
Segundo o leiloeiro, Eduardo Gomes, “o formato virtual tem sido um sucesso, alcançando quase 100% de liquidez. Após o período de adaptação as desconfianças foram ficando para trás, tanto para quem vende, quanto para quem compra, e já podemos perceber que as pessoas estão se sentindo mais confiantes, hoje temos uma média de 1.200 e 1.500 animais comercializados por evento”, informou.
“Os eventos presenciais continuam acontecendo mantendo os protocolos de segurança, mas tem alguns leilões que são exclusivamente virtuais. Eu sempre conduzo leilões virtuais, tem liquidez porque o mercado absorveu, mas o modelo presencial sempre vai existir, o setor se especializou com investimentos em equipamento, sempre respeitando a característica do pecuarista – cada leilão tem um formato ou objetivo, cada criador tem uma visão diferente. Felizmente os dois estão em expansão, com volumes cada vez maiores”, afirmou o leiloeiro.
Gomes explica ainda, que “com a permissão da volta do certame presencial, mesmo com os animais no recinto, eles também estão sendo transmitidos, dando duas opções para o cliente. Então ele pode arrematar o lote presencial e se ele não puder ir ele pode acompanhar pela internet. Isso é uma modalidade de venda consolidada dentro da pecuária, porque os animais são bem selecionados, tem informação de peso e isso facilita a segurança na avaliação de quem está comprando”, finalizou.
Do interior do Tocantins para o universo
Com propriedade sediada no município de Dianópolis, sudeste do Tocantins, os sócios Cristhopher Weiss e Alexandre Gasparin aderiram à tecnologia e criaram um aplicativo para venda de gado no formato virtual, a ‘Vitrine Pecuária’. Na plataforma, as imagens dos animais ofertados para a venda são exibidas e permanecem por um período, antecedendo a data dos lances, proporcionando tempo suficiente para análise do comprador.
Segundo Cristhopher Weiss, o aplicativo ainda em fase inicial já se apresenta com o formato promissor. “A tecnologia mudou o jeito de fazer leilão pela internet. O mercado entendeu que todo mundo sabe manusear um celular para fazer compras, fazer transferência bancária, pedir comida e participar de um leilão via aplicativo não é diferente. A tecnologia na pecuária encurta distâncias e ao mesmo tempo atinge um universo bem maior de compradores, entre outras coisas”, destacou.
“A tendência de digitalização dos mais variados processos à nossa volta já existia, mas pandemia veio para reforçar e acelerar os processos de adaptação das pessoas, creio que os leilões presenciais vão continuar tendo força por muito tempo, pois o ambiente que se cria dentro desses eventos é algo que muitos pecuaristas gostam. Existe uma dinâmica como um show, mas nossa proposta vem para atender uma parcela desse mercado, tornando a pecuária mais lucrativa”, finalizou Weiss.