Quando Palmas registrou o primeiro caso de covid-19, ninguém imaginava que, exatamente um ano depois, a cidade e o Brasil estariam vivendo o pior momento da pandemia. Pelo contrário, a expectativa era de que em 15 dias tudo voltaria ao normal. Como já havia restrições para evitar a propagação do vírus na época, a pandemia já fazia parte da rotina dos palmenses e continuou desde então com medidas ainda mais rígidas. Entre elas, o uso obrigatório da incômoda máscara.

Mas não existia e continua sem ter qualquer ação que seja totalmente eficaz no combate ao novo coronavírus. Os números de casos passaram a crescer diariamente e, quase um mês após o primeiro caso, foi registrado o primeiro óbito na cidade. E o que se imaginou que duraria alguns dias, passou então a durar semanas, passou a ser meses e, agora, completa um ano.

Desde então, a contaminação se espalhou por toda cidade, pelo estado e pelo país. Os recordes de casos e mortes registrados diariamente passaram a ser mais um elemento na rotina. Antes da doença chegar no Brasil, as mortes de 700 pessoas por dia na Itália assustavam os brasileiros. Mas os mesmos pareciam não se importar com a morte de ao menos mil por dia no próprio país.

Já que ao longo do último ano, não faltaram registros de aglomerações e o uso da máscara também foi deixado de lado. A crise financeira também foi inevitável e muito se brigava pela liberação total das atividades, enquanto os hospitais lotavam e os cemitérios faziam enterros coletivos.

Mesmo assim, após seis meses, os números da doença começaram a cair país afora. O que causou uma falsa sensação de segurança, flexibilidade nas restrições e um relaxamento ainda maior da população. Mas especialistas já alertavam sobre o perigo disso e a ameaça de uma segunda onda de contaminação.

O que se confirmou após as festas do final de ano. Para piorar, surgiram as variantes do vírus, que são muito mais contagiosas. Desde então, os hospitais voltaram a encher dia após dia e, agora, o país vive o pior momento desde o início da pandemia. As mortes diárias se aproximam das três mil.

Tantas pessoas doentes e hospitais em colapso por todo o país transformou o momento atual em o maior colapso sanitário e hospitalar da história brasileira, de acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Os dados da instituição mostram que, das 27 unidades federativas, 24 estados e o Distrito Federal estão com leitos de UTI Covid-19 com ocupações iguais ou superiores a 80%.

Os dados dos boletins epidemiológicos da Secretaria Municipal de Saúde mostram que em Palmas não está muito diferente do resto do país. Na última semana, a Capital registrou pela primeira vez, em um ano, mais de 2 mil casos de Covid-19 em uma única semana.

Esses números são alarmantes, assustadores e mostram que não é hora de enfrentamento, mas sim de entendimento e de todos pensarmos e trabalharmos pelo melhor da cidade. O pior ainda não passou e precisamos de união para que isso ocorra o mais rápido possível.

O que estamos passando é um momento que ficará registrado para sempre. A história está acontecendo e somos nós que decidimos como ela terminará e como será contada para as próximas gerações. Um amanhã melhor (e normal) depende que cada um faça a sua parte.

 

*André Gomes é vice-prefeito de Palmas.