Erivelton Texeira Nevez, prefeito de Carolina (MA) – Foto – Instagram
Lucas Eurilio
ALERTA DE GATILHO
IMPORTANTE! Antes de seguir, a vítima preferiu e ela mesma e seus advogados autorizaram a divulgação do nome e informações desta reportagem.
Rafaela Maria Sousa dos Santos, de 32 anos, vive há cerca de quatro anos fora do Brasil por medo de ser morta, após ter sido dopada e passar por um procedimento de aborto sem consentimento, dentro de um motel no Tocantins.
Tudo começou em 2010 quando a vítima conheceu o então – e atual – prefeito de Carolina (MA), Erivelton Teixeira Neves (PL). Segundo Rafaela, ambos se conheceram em 2010, quando mantiveram um relacionamento por três anos. Depois de uma mentira de Erivelton, eles se separarem e após quatro anos do término, reataram. O acusado pela vítima também é médico.
“Conheci ele em 2010 e namoramos durante três anos, só que ele mentiu que era casado. Nos separamos e depois de quatro anos ele voltou a me procurar, já com outra mulher, eu aceitei ter um relacionamento extraconjugal com ele. Com 5 meses juntos eu engravidei”, contou ao Gazeta do Cerrado.
A vítima que é de Axixá do Tocantins, na região do Bico do Papagaio, estava grávida de aproximadamente dois meses e contou ainda que na época do crime, não desconfiou que alguma coisa aconteceria, já que o prefeito havia demonstrado afeto pela gravidez. Ao ser atraída para o Motel Oásis, em Augustinópolis, também no Bico, Rafaela foi dopada e sem autorização, Erivelton fez o aborto.
“Fui atraída para o motel, quando ele fez o aborto sem meu consentimento. Fui dopada e não tive nenhuma forma de me defender. Hoje eu moro fora do Brasil por medo desse escroto”, relatou.
Prints da conversa entre ela e o então motorista de Erivelton e atual vereador em Carolina, Lindomar Nascimento (PL) mostram que Rafaela sentia dores depois que o procedimento foi realizado. (Veja abaixo).
“Tá doendo tanto. Ele foi covarde, eu amo ele e ele fez isso comigo. Eu podia ter morrido no motel, não posso pedir colo nem pros meus pais. Não sei como vou explicar pra eles que não tem nenhum bebê na minha barriga”, diz Rafaela em um aplicativo de mensagens.
A vítima relatou que Erivelton foi com Lindomar de carro até Axixá para buscá-la.
“Ele foi em Axixá , estava junto com o motorista dele que era o Lindomar. Depois do crime ele se tornou secretário de Infraestrutura se eu não me engano, hoje é vereador em Carolina. Deixamos ele no hotel do posto que ficava em frente a minha casa e ele – Erivelton- me levou para Augustinópolis”, afirmou.
Em dezembro de 2017, Rafaela registrou um boletim de ocorrência na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher de Augustinópolis, e deste então, o processo contra o prefeito e médico estava parado há cerca quatro anos e ele segue impune .
Parte do documento – que não divulgaremos por questões de segurança – relata todo ocorrido no dia em que o aborto foi realizado, segundo o boletim.
“No dia 2 de março de 2017, Erivelton chegou na cidade de Axixá, levou a vítima para o Motel Oásis, nesta cidade, pois segundo o médico, iria fazer uma uma ultrassom transvaginal na vítima, para poder saber o tempo que ela estava gestante”, diz trecho do BO.
O caso voltou à tona em 2021 e em conversa com a nossa equipe, Rafaela revelou que nunca vai esquecer o trauma e que até hoje sente vergonha,
“Porque por mais que passe anos a gente nunca esquece um trauma desse. No meu caso eu ainda sinto vergonha mas agora o mais importante é punir ele”, concluiu.
Advogados de Rafaela
Nossa equipe conversou nesta quarta-feira, 28, com os advogados criminalistas Dr. Josiran Bezerra e Dr. Aprígio Aguiar que acompanham o caso de Rafaela. Eles vão atuar como auxiliares do Ministério Público, quando o prefeito Erivelton for denunciado.
Eles explicaram que Erivelton possui foro privilegiado em função do cargo e por isso o inquérito segue em sigilo pra não atrapalhar as investigações.
“O inquérito segue em sigilo. Antes de ser reaberto ele havia passado por três delegacias diferentes até chegar na delegacia especializada e nas mãos da nova delegada que cuida do caso. O processo é sigiloso, mas temos informações, provas documentais, novas testemunhas. Quase todas já foram ouvidas”, disse Dr. Aprígio.
Dr. Josiran Bezzera afirmou que Rafaela está se sentindo ameaçada e teme até pela vida dos familiares.
“Pedimos medida protetiva para ela e para os familiares. Ela está se sentindo muito ameaçada. As provas que contém no processo são muito contundente e confirmam a autoria do crime. Vamos reunir tudo e queremos levar Erivelton à júri popular e se possível perca o mandato”.
Caso seja condenado, Erivelton pode pegar de 3 a 10 anos por aborto provocado por terceiros, conforme prevê o Código Penal Brasileiro.
Nossa equipe tentou contato com o prefeito de Carolina, Erivelton Teixeira Neves, pelas redes sociais, mas até o fechamento desta reportagem, não obtivemos respostas.
A Gazeta do Cerrado ressalta o espaço está aberto caso haja interesse do prefeito ou de seus advogados em se posicionar sobre o assunto.