Nesta terça (26), foram retomadas atividades para os alunos da Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, em horário regular, das 7h às 18h. Anteriormente a Secretaria Estadual de Educação havia afirmado que as aulas regulares seriam retomadas nesta terça, mas, na segunda, afirmou que ainda não há definição sobre o retorno das aulas e que a decisão será “em função do trabalho com os alunos e professores nesta semana”.

Os estudantes são recebidos na escola com atividades de acolhimento. Entre elas, dinâmicas, leitura de cartas de apoio, apresentação da Orquestra Locomotiva e exibição de filmes, entre outras ações. Os alunos interessados chegaram a participar de atividades de acolhimento na última semana, mas não em horário regular.

A escola está sem aulas desde o dia 13 de março, quando um massacre matou sete alunos e funcionários do colégio e deixou 11 feridos.

Mãe levou a filha para a Escola Raul Brasil — Foto: Maiara Barbosa/G1Mãe levou a filha para a Escola Raul Brasil — Foto: Maiara Barbosa/G1

Mãe levou a filha para a Escola Raul Brasil — Foto: Maiara Barbosa/G1

Desde o início da manhã, os alunos chegaram na unidade e entraram pelo portão de trás do prédio.

Marlene de Farias fez questão de levar a filha, Manoela de Farias aluna do 1º ano do ensino médio. antes do massacre a menina sempre foi sozinha à escola. “Nesse momento é importante estar ao lado dela.”

Amanda tem esperança que a escola volte ao normal — Foto: Maiara Barbosa/G1Amanda tem esperança que a escola volte ao normal — Foto: Maiara Barbosa/G1

Amanda tem esperança que a escola volte ao normal — Foto: Maiara Barbosa/G1

Amanda Araújo é aluna do 3º do ensino médio e voltou na escola nesta terça-feira. “Espero que melhore, é difícil, mas se a Escola Raul Brasil estiver junto a gente consegue recomeçar. Falta ronda escolar e segurança na escola a gente vai ficar em alerta.”

Fladison quer esquecer os momentos de terror que viveu na Raul Brasil — Foto: Maiara Barbosa/G1Fladison quer esquecer os momentos de terror que viveu na Raul Brasil — Foto: Maiara Barbosa/G1

Fladison quer esquecer os momentos de terror que viveu na Raul Brasil — Foto: Maiara Barbosa/G1

Fladison Luís da Silva tem esperança que a rotina da Escola Raul Brasil seja retomada. “Espero que seja tudo normal e igual como antes, para a gente esquecer os momentos de terror que vivemos aqui. Agora é retornar a rotina.”

Caetano Siqueira destaca que alunos serão estimulados a falarem sobre as emoções e lembranças do massacre na Escola Raul Brasil como forma de lidar com o acontecimento — Foto: Maiara Barbosa/G1Caetano Siqueira destaca que alunos serão estimulados a falarem sobre as emoções e lembranças do massacre na Escola Raul Brasil como forma de lidar com o acontecimento — Foto: Maiara Barbosa/G1

Caetano Siqueira destaca que alunos serão estimulados a falarem sobre as emoções e lembranças do massacre na Escola Raul Brasil como forma de lidar com o acontecimento — Foto: Maiara Barbosa/G1

O coordenador de gestão da educação básica da Secretaria Estadual da Educação, Caetano Siqueira, acompanhou o retorno dos alunos na Raul Brasil.

Ele destaca que a escola estará aberta das 7h às 12h e das 13h às 18h, nesta terça-feira (26). “Os alunos começam o dia recebendo cartas de apoio enviadas pelo Brasil todo e lendo junto com os professores. Eles vão trabalhar a resposta dessas mensagens de apoio. Depois farão atividades determinadas por especialistas em violência escolar e situações traumáticas para estimular a fala dos alunos sobre o que sentem, o que aconteceu na escola. Tudo isso é aula também, mas o que consideramos aula de matérias não retorna hoje. O retorno das atividades acadêmicas será construído com alunos, equipe de gestão e a Diretoria de Ensino nesse processo de escuta. Assim poderá ser avaliado o processo emocional dos alunos, professores e funcionários para ver a melhor maneira do retorno.”

Professores retomaram o trabalho na segunda para continuar o planejamento do retorno dos alunos. A escola passou por reformas e um artista fez um grafite com as imagens das vítimas no muro.

Artista plástico Francisco Kleison finalizou grafite no muro da Raul Brasil no mesmo dia - as sete vítimas mortas na escola foram retratadas — Foto: Francisco Kleison/Arquivo PessoalArtista plástico Francisco Kleison finalizou grafite no muro da Raul Brasil no mesmo dia - as sete vítimas mortas na escola foram retratadas — Foto: Francisco Kleison/Arquivo Pessoal

Artista plástico Francisco Kleison finalizou grafite no muro da Raul Brasil no mesmo dia – as sete vítimas mortas na escola foram retratadas — Foto: Francisco Kleison/Arquivo Pessoal

Ao longo da semana passada, a Raul Brasil passou por uma reforma e ficou fechada na quinta e sexta-feira.

Planejamento e apoio

De acordo com a Secretaria Estadual de Educação, cerca de 50 professores e funcionários estiveram na escola na última segunda-feira aperfeiçoando as atividades e os materiais que já estão sendo preparados para os alunos. Para finalizar a organização da programação, também esteve na escola o Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral (Gepem), que reúne pesquisadores da Unicamp e Unesp.

Segundo a secretaria, durante os próximos dias, técnicos do Centro de Referência e Apoio à Vítima (Cravi), da Secretaria Estadual de Justiça, continuam na escola para atendimentos individuais e coletivos. Os acolhimentos de saúde mental serão oferecidos em todas as Unidades Básicas de Saúde e nos quatro Centros de Atenção Psicossocial (Caps). Está em tramitação convênio da Secretaria Estadual de Educação – SEE e a Secretaria Municipal de Saúde de Suzano para reforçar o atendimento psicossocial.

Na segunda, houve ainda um encontro com 19 alunos, entre representantes de sala e do grêmio estudantil da escola, para alinhar com a Diretoria de Ensino de Suzano e a Escola de Formação de Professores (Efap), da Secretaria Estadual de Educação, as próximas ações em uma roda de conversa.

Durante todo o dia, alunos e professores de outras escolas estiveram na Raul Brasil para prestar homenagens e abraçar os profissionais da escola. A Escola Estadual Inah Jacy de Castro Aguiar entregou cartas escritas pelos alunos com mensagens de apoio.

Já os alunos e professores do Colégio Nossa Senhora do Sagrado Coração também acolheram os professores da Raul Brasil com flores e cartazes.

O ataque

Os assassinos de 17 e 25 anos mataram sete pessoas na Escola Estadual Raul Brasil, na quarta-feira (13). Antes disso, um deles baleou e matou o próprio tio, em uma loja de automóveis.

A investigação aponta que, depois que foram encurralados pela polícia, um dos assassinos matou o comparsa e, em seguida, se suicidou.