Eu fiquei muito triste contigo. Triste comigo.

Decepcionado inclusive. Pois não consegui estabelecer um diálogo sequer contigo. Desde o início nunca conseguimos sentar ou fazer uma reunião ou trocar idéias.

Eu sei que a forma como eu falo acaba sendo mal interpretada e recebida como uma crítica.

Ainda não aprendi a lidar com as pessoas. Com o contraditório, com aquilo que me desagrada.

FRUSTRAÇÃO

Ainda não aprendi a lidar com a frustração, ou a rejeição e fico muito triste quando me deparo com tais situação nas quais sou tirado de lado ou mesmo quando as pessoas se negam a falar comigo.

O meu jeito simples de falar sem pensar realmente já fecharam muitas portas e criaram muitas inimizades. Algumas destas, mesmo que por reações de algumas atitudes ou mesmo algum fato que tenha contrariado os meus princípios, não precisariam chegar ao ponto que chegou.

Seguir o caminho junto é mais gostoso. Escolher com quem trilha, melhor ainda. Agora perder alguém por discordar de um assunto que poderia ter sido contornado, é realmente triste.

FORMA OU INTENÇÃO

A dor de descobrir que a forma é mais importante que a própria intenção pode ser comparada a primeira desilusão amorosa. Não que isso possa ser comparado,  mas para a minha pessoa, dá vontade de nascer novamente e ter esta como a primeira lição.

Além daquela que diz que não vai ser fácil.

Para alguns é realmente mais fácil que para outros, mas nunca deixa de ser uma construção diária e trabalhosa a tarefa de viver, se relacionar e alcançar a dignidade.

Claro que tem muita gente que torce contra, que adora ver o fogo queimar e inclusive bota mais lenha na fogueira. Mas tanto estas pessoas, como nós, estamos aprendendo e ensinando, mesmo que sem querer, que não existe perfeição e nem algo que possa sair exatamente como idealizado.

Talvez seja esta a grande lição, que mesmo que passemos anos aprendendo, que tenhamos amigos, um trabalho motivacional, uma equipe inspiradora; a execução nunca sai exatamente como planejado. E não adianta achar isso ruim. Isso é a adequação ao que foi possível fazer. Aos nossos limites e competências em desenvolvimento. Ao tempo e ao custo e a todos as variáveis que tornaram a execução mais importante que o próprio planejamento.

QUALIDADE OU RESULTADO?

No caso da construção civil,  mesmo com a planta, as medidas e a precisão da engenharia,  ainda depende da mão de obra para executar o serviço.  E o que parece que pode ser a falha, na verdade é a garantia da personalização e de um trabalho em equipe  com talentos e limitações. Com prazos que muitas vezes impedem a possibilidade  de um trabalho melhor e mais cuidadoso.

Uma vez ouvi um Ministro em uma destas sabatinas do congresso expor às autoridades:  “Estamos realizando o trabalho de forma devagar, pois temos pressa”.

Confesso que fiquei intrigado com a frase e comecei a pensar no real sentido dela, já que superficialmente seria uma contradição.  Mas se for analisar nas consequências práticas de um trabalho realizado apressadamente,  ou com pressão do prazo, ou com o chefe ou o cliente cobrando… as decisões  sobre a forma de fazer se alteram, ao invés de priorizar o que está sendo feito com qual qualidade, grau de detalhe e prevenção de riscos, perdas ou variáveis de quem será afetado pelo planejamento ou com o público que será destinado ou como será apresentado o trabalho.

O foco passa a ser outro: em quanto tempo será concluído, quais etapas podem ser cortadas, economizadas ou aceleradas, se os detalhes podem ser simplificados e quais são as cobranças principais para focar nelas.

O que de fato compromete o resultado final de um trabalho. Imagino se o que deveria ser feito, até em uma hipotética competição, em que duas equipes possam reconstituir o corpo humano,  uma livre para melhorar o que fosse preciso e outra que teria que entregar o mais breve possível.  O que você escolheria?

TEMPO VERSUS CUSTO

A outra problemática desta variável é o tempo e o custo. Temos tempo e podemos pagar os custos de fazer tudo com tanta precisão que poderia levar anos até um possível resultado satisfatório? (Como os antigos templos gregos)? E a pergunta seria: satisfatório para quem? A equipe escolheu refazer o corpo de um homem ou de uma mulher? Só com essa pergunta já deixaria muita gente desgostosa com a pesquisa ou com o resultado final, independente de que corpo fosse escolhido.

Então o fator entrega versus pressa, voltando ao escopo do Ministro, poderia evitar as falhas de um processo que precisa ser adequado ao máximo de pessoas possíveis.  Naquele caso, à toda a população brasileira.

Já que um processo que tem falhas, tem consequências, tem que refazer, que repensar, que indenizar dependendo do caso e inclusive pode gerar mais problemas que a própria solução do que foi proposto a resolver.

Mesmo querendo fazer tudo direito, perfeito, honesto e bem feito, começo com as minhas próprias falhas, primeiro em não ser perfeito, segundo em não ter as habilidades motivacionais de um grande líder, terceiro pelo fator custo de uma equipe que poderia trazer os resultados mais satisfatórios, e mesmo assim, ainda dependeria da convergência de pontos de vista tanto no planejamento e na execução,  como na própria impressão que o resultado irá geral em quem contratou ou deve ser estimulado a comprar.

E ainda assim, como o mercado precisa se sustentar, pensar em como fazer a entrega programada da obsolescência tecnológica para que as pessoas continuem comprando ou comendo ou utilizando os serviços que devem ser aprimorados todos os dias.

O fator desespero no desenvolvimento pessoal pode pesar e as pessoas que não tem o magnetismo, carisma e empatia naturais acabam tendo que se esforçar mais para entregar aquilo que as faça sobreviver com dignidade, bons relacionamentos, e felicidade.

Muitos falam em amor. Em perdão. Em aceitar as limitações e tentar assumir os próprios defeitos, em se expor, mostrar que sabe que tem limitações, para tentar conseguir o fator cumplicidade e desenvolver a empatia da figura do outro, que somada à sua, ou à minha, possam se desenvolver.  E realizar uma tarefa, um trabalho, uma relação ou até mesmo criar novos seres ou os filhos.

Peço perdão. Me desculpe de coração por que eu errei. Sei que estou longe do que até mesmo eu gostaria de ser. Mas mesmo assim eu estou aqui.  Querendo a sua empatia, a sua solidariedade, a sua ajuda e até mesmo o seu sorriso e seu abraço sincero.

Que sejamos mais amor e menos reativos.

Gratidão

Marco Aurélio Jacob

 

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