Foto – Gazeta do Cerrado

Maju Cotrim

O #GazetaNaEstrada está este final de semana em Mateiros, região do Jalapão onde mostra como está funcionando a rede de turismo e as perspectivas para este ano.

Pelas ruas da cidade pouca gente transita, muitos trechos de obras de asfalto bem na entrada e uma cidade silenciosa onde o movimento de caminhonetes com turistas se torna o que mais agita as ruas.

E o Mumbuca? Cerca de 30 km de Mateiros está um dos principais quilombos do Brasil! Nossa equipe chegou por lá na manhã deste sábado, 6.

O Quilombo onde viveu a matriarca Dona Miúda tem recebido os turistas,  porém com todos os cuidados. O fluxo diminuiu muito.

Em conversa com alguns moradores constatamos a união e uma comunidade que mesmo após tempos difíceis de pandemia busca se refazer com otimismo.

Para atravessar a fase mais crítica do avanço da covid, no ano passado as visitações na comunidade foram suspensas e cestas básicas foram entregues como forma de amparo social. A maior preocupação foi e é preservar as vidas principalmente as dos idosos e anciões da comunidade.

Artesanato cada vez mais sofisticado

São cerca de 90 famílias e 300 pessoas na cidade, sendo que 144 vendem na loja da comunidade e dali tiram o sustento.

Na lojinha, um artesanato cada vez mais diverso e criativo espera pelos turistas. São bolsas, artigos de casa, brincos, lembranças de várias formas, tamanhos e preços. Simpática, Dona Eli nos mostra seu artesanato e mostra otimismo com relação á vacina com isso o fim da pandemia. “Tenho fé em Deus que isso vai passar logo, depois que abrimos aqui melhorou até o nosso psicológico. Queremos trabalhar, receber as pessoas com segurança e o esse dia chegará em breve”, disse.

Foto – Gazeta do Cerrado

A jovem de 15 anos, Michele Gomes aprendeu o ofício com sua mãe. Ela faz bolsas estilosas e conta que aproveita o período ainda sem aulas para produzir ainda mais.
Uma nova geração começa a despontar não só no ofício de artesanato mas principalmente na liderança e engajamento da comunidade.

Michele Gomes, moradora de Mumbuca – Foto – Gazeta do Cerrado

Turismo de base comunitária

O Mumbuca se prepara para aplicar o projeto de turismo de base comunitária já escampado pela moradora da comunidade e empresária proprietária da empresa Rota Nativa, Ilana Cardoso. Aos 33 anos ela trabalha desde os 20 na área.

Foto – Gazeta do Cerrado

Turismo de base comunitária não é um segmento, e sim um modo de fazer turismo. A ideia por trás desse conceito é promover um turismo mais justo, que coloque a população local no protagonismo em todas as etapas (planejamento, implementação e monitoramento) e leve em consideração a sustentabilidade social e ambiental das atividades.

Esta modalidade de turismo consiste no contato maior da comunidade com os turistas através das vivências in loco, hospedagem e contato intenso com os moradores.

“O turismo de base comunitária depende 90% da comunidade e não só do turismo. O turista que sai lá de São Paulo, por exemplo, para viver uma experiência diferente e de transformação”, disse.

“A questão de organizar a casa, alimentação pra receber esta pessoa. Ele vai se preparar para viver a experiência da comunidade, agora com o Covid demos uma trégua neste sentido porque ele vai vir e vai precisar do contato, do abraço… estamos estruturando”, disse.

“Estamos ainda na fase de estruturação”, conta ela que é procurada por agências também para a modalidade de turismo.

“A base do turismo no Jalapão são as pessoas, a natureza é linda mas se não tiver as pessoas para cuidarem dela, ela não vai existir”, pontuou.

Neste contexto, a dona Tonha, por exemplo, já adequou sua casa e a transformou numa pousada com o lema: “sua casa fora de casa”. Ela pintou as paredes com o nome da pousada e mostra empolgada a finalização dos quartos. “Aqui será a mesma coisa de ser a casa da pessoa onde ela poderá acordar a hora que quiser e se sentir livre e tranquila”, conta.

Pousada da Tonha – Foto – Gazeta do Cerrado

Desafios pós-pandêmicos

O Quilombo Mumbuca, assim como todos os outros , tem suas particularidades e lutas de resistência e busca diária por melhorias, infraestrutura e políticas de geração de emprego, renda e valorização cultural.

Uma dos caminhos para estas demandas é através de parcerias. Neste sentido, a comunidade recebeu uma visita prévia do novo secretário de turismo de Mateiros, Maicom Dimbarre que foi acolhido com receptividade pela comunidade. “Eu penso na humanização do turismo, em beneficiar as comunidades e moradores e os turistas consequentemente usufrui disso”,’ disse aos moradores ao abrir o canal de parcerias.

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