O pequeno Paulo Victor sobrevive com ajuda de aparelhos em Gurupi — Foto: TV Anhanguera/Reprodução

Clea da Cruz Costa, moradora de Gurupi, no sul do estado do Tocantins, enfrenta um dramático desafio para manter seu filho, Paulo Victor da Costa Cruz, de apenas quatro anos, vivo. Apesar de ter montado uma unidade de terapia intensiva (UTI) em casa através de doações, ela se vê obrigada a improvisar um equipamento para auxiliar a respiração do menino. O motivo é a impossibilidade de adquirir um aparelho de respiração que custa R$ 29 mil.

O pequeno Paulo Victor nasceu prematuro e, devido à sua baixa imunidade, contraiu uma infecção hospitalar generalizada. Após passar um longo período na incubadora em Palmas, enfrentou paradas cardíacas e convulsões. Clea, sua mãe, utiliza um dispositivo de ar manual com uma válvula para auxiliar na expansão dos pulmões da criança, principalmente durante as crises de falta de ar, que ocorrem especialmente à noite.

Ela descreve como o aparelho improvisado é vital para a sobrevivência do filho: “À noite, quando ele está muito mal, esse aparelho é o que o salva. Quando seus parâmetros caem e não há oxigênio, ele começa a chorar. Mesmo com os pulmões abertos, ele ainda precisa de oxigênio”. A jornada diária é repleta de dificuldades para Clea, que enfrenta os desafios junto com seu filho.

A paralisia cerebral de Paulo Victor, resultante de problemas de saúde enfrentados desde o nascimento, levou Clea a estudar enfermagem. Há dois anos, ela transformou seu quarto em uma UTI improvisada para cuidar do filho. Porém, com recorrentes quadros de pneumonia, a situação se agravou.

De acordo com a médica especialista em pneumologia, Alice Mazutti, as complicações de saúde do menino podem estar relacionadas a contaminações por fungos ou bactérias. A falta de oxigênio no cérebro prejudica seu desenvolvimento, o que pode levar a insuficiência respiratória e complicações.

Clea recebeu doações de equipamentos da Maternidade Pública Regional de Gurupi e conseguiu que a prefeitura fornecesse oxigênio. No entanto, ela ainda precisa do aparelho de respiração mecânica, cujo valor é inacessível para a família. Ela tentou obter o aparelho por meio de uma ação judicial, mas o pedido foi negado.

Diante da negativa, Clea expressa sua angústia: “Não sei quanto tempo terei com ele, mas quero esse tempo. Não quero ver o fim do meu filho dentro de uma UTI. Ele sabe de tudo, sente tudo, ele só não fala. Não quero que a vida dele termine assim”.

A Prefeitura de Gurupi afirmou que a situação é complexa e que o município não possui o equipamento necessário. A Secretaria de Estado da Saúde informou que o pedido da mãe era para cadeiras de rodas e que está reforçando o pedido junto ao órgão estadual para a disponibilização do aparelho de respiração.