Rogério Tortola- Gazeta do Cerrado

O vereador de Palmas, Lúcio Campelo assumiu autoria do áudio onde fala ser a favor da pedofilia: “Eu quis antecipar meu voto e fiz a fala errada. Assumo que fiz a fala errada. Quero pedir minhas escusas à sociedade palmense porque isso não é do meu caráter e do meu comportamento […] De fato, houve uma fala equivocada. Se tiver preço a gente tem que assumir e pagar”, justificou a imprensa.
Mas qual o custo, o preço, de uma fala dessa?

Para Mônica Brito, secretária executiva do Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente Glória de Ivone do Tocantins (Cedeca/TO), o preço é alto:

“Vindo de uma autoridade é gravíssimo, muito sério. Ele é uma liderança, com representatividade e uma fala dessa é como se fosse uma porta aberta, uma autorização, para os homens fazerem “isso” com crianças e adolescentes”, diz a secretária executiva.
Ainda de acordo com Mônica, o vereador só verbalizou o pensamento machista de muitos homens:

“Prova e vem concretizar o lugar da criança no Tocantins, ou seja, não há lugar! Criança e adolescente é objeto, intervenção do adulto, não é sujeito, não é pessoa humana. Quando ele fala isso ele tá reduzindo a criança a uma coisa que não é humana”, pensa a representante do Cedeca.

Ela vai além, ao atribuir uma corresponsabilidade aos parlamentares tocantinenses por omissão:
“Eu acredito que a maioria do pensamento do executivo e do legislativo são muito parecidos. Quando eles são omissos e são negligentes com as políticas públicas […] falo isso porque não existe ação prevista nem no PPA (Plano Pluri Anual) e na LOA (Lei Orçamentária Anual)”.

O que é pedofilia?

Mônica chama atenção para diferença entre abusador e pedófilo:

“Dentro do contexto da violência sexual, a pedófila é diferente. As pessoas pensam que todo abusador é pedófilo e na verdade poucos abusadores são pedófilos […] Cientificamente falando, as pessoas pedófilas tem dificuldade em mudar o foco da sua sexualidade, é uma doença, onde eles só têm prazer em ter relação sexual com criança ou de ver pornografia de crianças nuas”, neste caso, é grave e precisa de tratamento, esclarece.

Dados

Dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado revelam que no ano passado (2017) foram registrados 53 casos de estupros, sendo que 46 tinham entre 0 e 17 anos.

Entre os casos registados e 2017, 20 envolviam meninas de 0 a 11 anos. Outas 26 vítimas tinham entre 12 e 17 anos.

Subnotificações
Para o Cedeca/TO os dados disponíveis não condizem com a realidade. Eles são fornecidos pela Secretaria de Saúde, Segurança Pública, Conselho Tutelar e do Disque 100, pois muitos dados são replicados e deixam de ter a credibilidade.
“Nós temos um problema sério, temos um número grande, não sabemos quais destes casos são de pedofilia”.

A família não sebe o que fazer a escola não sabe o que fazer e muitas vezes estes casos terminam em suicídios.

Operação Luz da Infância

A infeliz frase do vereador, por ironia, vem a público justo no dia em a Polícia Civil cumpre mandados de busca e apreensão por pedofilia no Brasil e na Argentina.
Aqui no Tocantins mandados também são cumpridos.

Confira no link abaixo:
https://gazetadocerrado.com.br/2018/11/22/operacao-luz-na-infancia-mandados-de-busca-e-apreensao-contra-pornografia-infantil-sao-cumpridos-no-tocantins/