As eleições municipais de 2024 se aproximam, e com elas, a sombra da desinformação paira sobre o processo eleitoral. A inteligência artificial (IA), ferramenta poderosa de comunicação e análise de dados, surge como um terreno fértil para a manipulação da opinião pública e o ataque à democracia. A falta de regulamentação específica sobre o uso da IA nas eleições torna o cenário ainda mais preocupante.
“A inteligência artificial é uma faca de dois gumes”, afirma o jornalista e especialista em marketing e tecnologia Janiel Kempers. “Por um lado, pode ser utilizada para fortalecer a democracia, democratizando o acesso à informação e otimizando a comunicação entre candidatos e eleitores. Por outro lado, pode ser facilmente manipulada para disseminar desinformação, propaganda e notícias falsas, fragilizando a confiança nas instituições e influenciando indevidamente o voto.”
Estudo da AVAST apontou que cerca 80% dos brasileiros estão expostos a conteúdos falsos durante as eleições de 2022, sendo o whatsapp a principal plataforma de disseminação de desinformação com 60% das mensagens falsas circulando no aplicativo.
Os perigos da IA nas mãos erradas
A IA permite a criação de conteúdos personalizados, segmentados para públicos específicos com base em dados demográficos, históricos de navegação e comportamento online. Essa capacidade, embora útil para campanhas políticas, pode ser utilizada para manipular o público, disseminando mentiras e propaganda direcionada.
Deepfakes, vídeos manipulados que simulam a fala e as ações de pessoas reais, são um exemplo do poder da IA para enganar e influenciar. A criação de bots, perfis falsos nas redes sociais, também pode ser utilizada para amplificar mensagens distorcidas e criar a falsa sensação de apoio popular a um determinado candidato.
Apesar das novas resoluções do TSE, quando ao uso da inteligência artificial durante o pleito de 2024, a falta de rigor torna o combate à desinformação ainda mais desafiador. É urgente que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Congresso Nacional adotem medidas mais energicas para garantir a transparência e a lisura do processo eleitoral.
“Precisamos de medidas que assegurem a autenticidade dos conteúdos, a rastreabilidade das fontes de informação e a responsabilização dos responsáveis pela disseminação de desinformação. A democracia brasileira está em jogo”, defende Kempers.
O especialista lista alguns pontos importantes para que haja um processo justo e transparente
- Criação de uma legislação específica: O TSE e o Congresso Nacional devem trabalhar em conjunto para elaborar uma lei que regule o uso da IA nas eleições, definindo limites e responsabilidades para as plataformas digitais, os partidos políticos e os candidatos.
- Educação digital: É fundamental investir em campanhas de educação digital para que os eleitores aprendam a identificar e combater a desinformação online.
- Transparência e rastreabilidade: As plataformas digitais devem garantir a transparência dos algoritmos utilizados na distribuição de conteúdo e facilitar a rastreabilidade das fontes de informação.
- Combate aos bots: As plataformas digitais devem investir em medidas para identificar e remover bots das redes sociais.