O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) denunciou João de Deus, nesta segunda-feira (2), por estupro de vulnerável contra quatro mulheres durante atendimentos espirituais em Abadiânia, cidade goiana do Entorno do Distrito Federal. Os crimes ocorreram entre 2010 e 2016. Esta é a 11ª denúncia contra ele por crimes sexuais. Preso há quase um ano, João de Deus sempre negou os crimes.

As vítimas são do Rio Grande do Sul, Bahia e Distrito Federal. Elas tinham entre 25 e 40 anos na época dos crimes. Além disso, a denúncia conta com o depoimento de outras sete mulheres que disseram ser vítimas, mas os crimes já prescreveram.

“A vulnerabilidade dessas vítimas eram as mais variadas. Elas tinham doenças graves, como câncer, epilepsia, depressão severa. Além de explorar a vulnerabilidade, ele fazia ameaças espirituais, de que elas não iriam engravidar ou que ele iria tirar um trabalho de macumba contra ela”, disse a promotora Renata Caroliny Ribeiro e Silva.

Em nota enviada ao G1, o advogado Anderson Van Gualberto, que representa João de Deus, disse que o MP promove “um verdadeiro espetáculo público do meu cliente” e que, se a denúncia seguir o padrão das anteriores “não terão sorte”, pois “a ausência de densidade dos fatos apresentados”.

Junto com a denúncia foi feito um novo pedido de prisão contra o acusado. O MP informou que 319 pessoas já procuraram o órgão e disseram ter sido vítimas de João de Deus, sendo que destas, 194 formalizaram um procedimento contra ele.

O defensor afirmou ainda que o MP deveria “tomar providências para garantir o direito à vida” de João de Deus, que, segundo ele, “está sendo submetido a uma pena degradante e cruel dentro do cárcere”.

João de Deus já foi denunciado outras dez vezes por crimes sexuais — Foto: Reprodução/ TV Anhanguera
João de Deus já foi denunciado outras dez vezes por crimes sexuais — Foto: Reprodução/ TV Anhanguera

Números

Com essa denúncia, o MP já soma 57 vítimas de João de Deus, cujo casos não prescreveram. Outras 87 mulheres são testemunhas dos casos, pois os crimes já prescreveram.

A promotora Ariane Patrícia Gonçalves aponta que, em quase um ano de trabalho, mais vítimas se sentiram seguras para fazer as denúncias.

“O que percebemos é que quando há nova, mais vítimas aparecem. Elas sempre perguntam se ele segue preso, se vai continuar. Ela segregação dele é importante para que as vítimas continuem denunciando os crimes”, disse.

As promotoras afirmaram que dois dos processos envolvendo crimes sexuais já tiveram as audiências concluídas e esperam só a sentença. Além disso, outra denúncia deve ser apresentada ainda esse ano.

 João de Deus já foi levado para o hospital após a prisão algumas vezes — Foto: — Foto: Rodrigo Gonçalves/G1
João de Deus já foi levado para o hospital após a prisão algumas vezes — Foto: — Foto: Rodrigo Gonçalves/G1

Prisão

João de Deus está preso desde 16 dezembro de 2018. Ele sempre negou que tivesse abusado sexualmente de mulheres e adolescentes que o procuravam na Casa Dom Inácio de Loyola para atendimentos espirituais.

Em março, João de Deus foi levado para um hospital de Goiânia. Ele ficou mais de dois meses internado com um aneurisma no abdômen. Por determinação da Justiça, voltou ao presídio em 6 de junho, onde está desde então.

A defesa dele vem tentando que ele seja transferido para a prisão domiciliar, mas teve o pedido negado diversas vezes. Ele já saiu por mais de uma vez do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia para fazer exames.

Denúncias

O Ministério Público de Goiás ofereceu 12 denúncias contra João de Deus, sendo dez por crimes sexuais:

  • Oito por crimes sexuais: dessas, quatro já tiveram audiências realizada, quatro com audiências a marcar;
  • Uma por crimes sexuais, corrupção de testemunha e coação: em fase de de inquirição de testemunhas via carta precatória ;
  • Uma por crimes sexuais e falsidade ideológica: atualmente está em fase de inquirição de testemunhas via carta precatória;
  • Uma por posse ilegal de armas de fogo e munição: na fase de memoriais
  • Uma por apreensão de documentos, arma de fogo e munição, em Anápolis, que segue em segredo de Justiça.

Fonte: G1 Goiás