Lucas Eurilio – Gazeta do Cerrado
Matéria atualizada em 29/01/2019 às 17h02
Os casos de dengue tem assustado os moradores de Palmas e do Tocantins este ano. Segundo os dados da Secretaria Municipal de Saúde (Semus), apenas nas primeiras três semanas do mês de janeiro na Capital, 1.316 casos da doença foram notificados e 62 tiveram confirmação.
Em todo ano de 2017, foram 5.248 casos notificados dos quais 1.188 foram confirmados. Já em 2018 foram 4.064 notificados dos quais 1.169 confirmados, a que representa uma diminuição no número de casos.
Em Palmas, segundo a secretaria, 88% dos focos do Aedes Aegypti estão dentro da casas e cerca de 40 mil imóveis já foram vistoriados por agentes de saúde.
Até o dia 14 de janeiro, o órgão informou que 741 casos suspeitos haviam sido registrados, no mesmo período de 2018, a secretaria recebeu apenas 91 notificações.
Segundo a bióloga e diretora de Vigilândia Epidemiológica, Marta Malheiros, a cidade está em alerta para que seja mantido sob controle a doença.
“Nossos técnicos estão monitorando as áreas com maior incidência de focos do mosquito. E nestas áreas as equipes intensificaram as ações de combate e prevenção ao Aedes, realizando os mutirões onde orientam os moradores e eliminam focos que encontram”, reforça a diretora.
Tocantins
Os dados da Secretaria Estadual de Saúde, (Sesau) mostram também uma diminuição nos casos notificados. Em 2017 foram 7.700 contra 14.613 em 2018, uma queda de 47,3%.
Os casos de dengue confirmados, também dimuiram. Ano passado foram 1.883 e em 2017, 3.766, 50% a menos.
Nossa equipe entrou em contato com a Secretaria Estadual de Saúde, solicitando dados atualizados de notificações de casos de Dengue até o momento em 2019.
Em nota, o órgão respondeu que o sistema do Ministério da Saúde, utilizado para notificações dos casos está instável, não tendo assim, condições de ser alimentado. Devido a esse problema, não foi possível realizar o levantamento de dados no Tocantins.
A Sesau afirmou que já notificou o Ministério sobre o problema e que foi informada pelo mesmo, que por conta da manutenção, o sistema segue sem previsão de retorno.
Brasil
Em todo o país, segundo os dados do Ministério da Saúde, 266 mil casos prováveis de dengue foram registrados em 2018. Em 2017, foram cerca de 239 mil, um aumento de 11%.
Casos recentes no Tocantins
Dois casos de morte por dengue grave foram registradas já em 2019 no Tocantins. No dia 3 de janeiro, o menino Felipe Duarte Cerqueira, de 5 anos, morreu após ficar internado em um hospital particular de Palmas.
A criança morava em Miracema, na região central do Estado e sofria da Síndrome de West, um tipo raro de epilepsia que se desenvolve ainda na infância.
Em Paraíso do Tocantins, também em janeiro, um motorista que não teve o nome divulgado, também morreu, mas o caso dele está sendo investigado pela Secretaria Estadual de Saúde.
Veja com detalhes os dados
A Secretaria Municipal de Saúde de Palmas (Semus) informa que nas três primeiras semanas do ano, foram notificados 1.316 casos suspeitos de Dengue, no mesmo período do ano passado foram 145 notificações. Dos 1.316 casos suspeitos de dengue deste ano, foram confirmados 62.
Quanto aos casos de Chikungunya em 2017 foram 1725 notificações, sendo 645 confirmados; em 2018 foram 589 notificações, sendo 13 confirmados; e nas três primeiras semanas de 2019 foram 180, nenhum confirmado.
Já os casos de Zika, em 2017 foram 1072 notificações, sendo 101 confirmados; em 2018 foram 725 notificações sendo 12 confirmados; e nas três primeiras semanas de 2019 foram 312 notificações, nenhum confirmado.
A Semus informa ainda que não será decretada calamidade pública e que trabalha com ações de prevenção e combate junto à comunidade.
Vale ressaltar que a Dengue é uma doença sazonal que depende da presença do vetor Aedes e da circulação viral, e que ocorrem picos de epidemia geralmente a cada 5 anos, ou dependendo do sorotipo circulante.
O vírus da dengue tem 4 sorotipos e cada pessoa pode se infectar com todos os sorotipos, após a infecção geralmente o paciente fica imune por até 90 dias, mas após esse período se for exposto novamente a outro sorotipo pode adoecer novamente.
O Brasil e Palmas tiveram vários períodos de epidemias e grande número de casos, os últimos anos de maior incidência foram 2011, 2012 e 2013, depois iniciou a transmissão do Vírus Zika e Chikungunya e os casos de dengue quase não ocorreram.
Outro fator importante é que no ano de 2011 tivemos mais da metade dos casos pelo sorotipo tipo 2 da Dengue, que historicamente é o vírus com sintomatologia de casos graves e complicações de casos. E depois de 5 anos no final de 2017 começou a circular em Palmas novamente este sorotipo, por isso o aumento no número de casos e de gravidade. O que está seguindo o movimento da doença a nível nacional. E o que mais nos deixa em alerta é que as crianças até 5 anos de idade são totalmente suscetíveis a esse sorotipo, por isso o cuidado com elas de prevenção deve ser redobrado.
Em relação às ações a Semus vem trabalhando de forma mais intensa , desde o resultado do LIRAa em outubro com índice de infestação acima de 4, o que ocorreu em mais de 500 municípios do País. Desde então, a Semus através dos mutirões têm convocado toda à população para ajudar nessa luta contra o mosquito, visto que o maior percentual dos focos encontrados estão dentro das residências. Todo o serviço público está mobilizado em conjunto para as ações intersetoriais para redução do vetor e buscando a diminuição no número de casos bem como a qualidade no atendimento aos casos suspeitos.
Principais ações:
– Foco no controle do vetor e mobilização social, visto que 70% dos focos são intradomiciliares
Intervenção junto a Vigilância Sanitária em estabelecimentos comerciais;
– Visita e tratamento aos Pontos estratégicos;
– Ingresso forçado em parceria com a Guarda Municipal para entrada em casas fechadas e sem moradores;
– Capacitação para todos os profissionais da Atenção Primária em dezembro;
– Supervisão e capacitação nas Unidades de Pronto Atendimento;
– Supervisão e capacitação com toda a equipe de enfermagem no Hospital Oswaldo Cruz;
– Capacitação para a equipe de enfermagem no hospital da Unimed;
– Informe técnicos para toda a rede de serviço privada quanto a organização do serviço na parte de vigilância em saúde e manejo dos pacientes;
– Acompanhamento e monitoramento dos casos graves;
– Previsto o bloqueio do fumacê para reduzir o número de mosquitos adultos