Equipe Gazeta do Cerrado

Acontece nesta terça-feira, 19, no dia dos Povos Indígenas, a Live Gazeta com o tema: Etnoturismo, Conservação e Autonomia.

O programa é comandado pelo publicitário e diretor CEO da Gazeta do Cerrado,  Marco Jacob. A live está prevista para às 19h no Instagram oficial do nosso site e terá a participação do Cacique Roberto Krahô Cahxêt, vice-cacique José Edilson Cuxy, o indigenista Fernando Schiavini  e o empresário e consultor de turismo, Marcos Luz.

Por Seleucia Fontes

A realização de atividades turísticas em terras indígenas tem sido tema de debates nos últimos anos, porém, na prática, são poucas as experiências desenvolvidas com êxito e profissionalismo no Brasil. Para tratar deste tema e da importância do correto desenvolvimento do turismo como fator de desenvolvimento social e econômico, além de poderosa ferramenta de preservação ambiental e cultural, o programa Terça Ambiental da Gazeta do Cerrado apresenta neste 19 de abril, Dia do Índio, o tema Etnoturismo, conservação e autonomia.

O programa, apresentado pelo Marco Jacob, vai ao ar nesta terça, às 19h, pelo Instagram da @GazetaDoCerrado, com participação dos integrantes de uma experiência de etnoturismo realizada em território Krahô antes da pandemia de Covid-19: o cacique da aldeia Manoel Alves, Roberto Krahô Cahxêt, o vice-cacique José Edilson Cuxy, o indigenista Fernando Schiavini e o empresário de turismo e consultor Marcos Luz.

Registro de 2019 mostra turista interagindo com crianças da Aldeia Manoel Alves: Foto Arquivo Tekoá

A demanda do povo Krahô pela inserção do turismo em suas terras é antiga. Porém, a complexidade da operação adiou a experiência até 2017, quando lideranças da Aldeia Manoel Alves, a 8 km de Itacajá (TO) firmaram parceria com a operadora Tekoá Brasil, por intermédio do indigenista Fernando Schiavini. A implantação do projeto-piloto na aldeia, após dois anos de negociações e capacitações se consolidou como exemplo bem-sucedido em seu modelo de gestão compartilhada, resultando em convites para parcerias com outras etnias. Porém, todas as atividades em territórios indígenas foram suspensas em 2020, numa tentativa de proteger os indígenas da contaminação pelo novo coronavírus.

A Terra Indígena Krahô, medindo 3.200 Km2, representa uma das maiores áreas preservadas de cerrado do sistema deste bioma, existente no Planalto Central Brasileiro. Assim, “cerradões”, “campos sujos”, “campos limpos”, “veredas” e “matas de galeria” alternam-se, em um relevo formado por chapadões, que, por sua vez, se alternam em plataformas tipo “mesas”, com a constante presença de morros tipo “testemunhos”. Praticamente toda a fauna existente no cerrado ainda está presente no território Krahô.

Confira como ficou o Manual do Etnoturismo

Experiência Krahô

No Estado do Tocantins, o IBGE estima uma população acima de 16 mil indígenas, distribuídos em nove etnias: Karajá, Xambioá, Javaé (Povo Iny), Xerente, Apinajè, Krahô, Krahô-Kanela, Avá-Canoeiro e Pankararu. Há, ainda, outras em busca de reconhecimento.

A demanda do povo Krahô pela inserção do turismo em suas terras é antiga. Porém, a complexidade da operação adiou a experiência até 2017, quando lideranças Krahô da Aldeia Manoel Alves, a 8 km de Itacajá (TO) firmaram parceria com a Tekoá Brasil, por intermédio do indigenista Fernando Schiavini.

A implantação do projeto-piloto na Aldeia Manoel Alves, após dois anos de negociações e capacitações se consolidou como exemplo bem-sucedido em seu modelo de gestão compartilhada, resultando em convites para parcerias com outras etnias.

O projeto foi suspenso em 2020, em função da pandemia de Covid-19.

Em 2019, viagem piloto com presença de autoridades do Estado e Funai deu início às visitações – Foto Emerson Silva

A Terra Indígena Krahô

A Terra Indígena Krahô, medindo 302.000 has. ou 3.200 Km2. representa uma das maiores áreas preservadas de cerrados do sistema deste bioma, existente no Planalto Central Brasileiro, abrangendo os estados de Minas Gerais, Goiás, Tocantins,  Maranhão Mato-Grosso e Mato Grosso do Sul, totalizando aproximadamente 2 milhões de Km2.
Localizada no Estado do Tocantins, a 1.100 Km. de Brasília e 320 de Palmas-TO, abrange os municípios de Goiatins e Itacajá, a Terra krahô é constituída totalmente de cerrados, com a presença de todos os ecossistemas que compõem este bioma. Assim, “cerradões”, “campos sujos”, “campos limpos”, “veredas” e “matas de galeria” alternam-se, em um relevo formado por chapadões, que, por sua vez, se alternam em plataformas tipo “mesas”, com a constante presença de morros tipo “testemunhos”.

Praticamente toda a fauna existente nos cerrados ainda está presente na Terra Krahô, com exceção apenas do porco-queixada  que, segundo os próprios Krahôs, foi extinto por caçadores de peles deste animal, na década de 1950, quando alcançava bom valor de mercado.

Os solos da Terra Krahô são em quase sua totalidade, constituídos por areias quartzozas. As faixas de terras que apresentam um solo mais argiloso, com certa fertilidade, localizam-se nas “matas de galeria”, que acompanham as os rios e ribeirões.

Talvez a grande riqueza da Terra Krahô esteja na existência de centenas de nascentes, rios e ribeirões que, em sua totalidade, nascem e correm do interior da Terra Indígena para o exterior.

Contam os mais velhos que, quando os oficiais do exército, acompanhados dos agentes do Serviço de Proteção aos Indios, vieram delimitar as atuais terras, em decorrência de um grande massacre que o povo Krahô havia sofrido, em 1940, tentaram de todas as maneiras convencer as lideranças da época, em escolherem a região a oeste do rio Manoel Alves, onde se localiza hoje a cidade de Itacajá, por serem mais  férteis e mais fartas em florestas e caça.

Segundo eles, os oficiais falavam com insistência:

“Mas, o que vocês querem com esta areia? Do lado de lá (a oeste), tem muita ‘mataria’ e ‘barraria’, vocês podem escolher onde quiserem, pois agora são protegidos do governo!” Os antigos Krahôs, entretanto, foram irredutíveis em escolherem a atual região de suas terras, que acabaram sendo demarcadas como eles queriam, sem nunca, no entanto, revelarem aos demarcadores a razão da sua escolha. Somente muitos anos mais tarde, a revelaram: por causa da abundância de água. 

Os Krahôs

Os Krahôs formam uma etnia do Tronco Macro-Jê, Língua Jê, Familia Timbira, com uma população em torno de 3.500 pessoas, habitando em 28 aldeias. Reconhecidamente, as culturas dos povos da Familia Timbira são baseadas em uma rica ritualística, que os Krahôs continuam preservando em grande parte.
As aldeias continuam sendo construídas em seu formato tradicional,  ou seja, circulares, com um grande pátio central, que se interliga com as residências através de caminhos radiais. Inúmeros rituais, festas e brincadeiras, com comidas tradicionais, são realizadas anualmente.
As tradicionais “corridas de toras” continuam sendo realizadas, tanto cotidianamente quanto durante as festas. Seguem preservando ferrenhamente a sua elaborada organização social, baseada na existência de duas metades sazonais, denominadas Katam’jê  e Wakme’jê.  Essas metades estão ligadas à estação chuvosa e seca, respectivamente, e “governam” a aldeia nesses períodos. A pessoa, ao nascer, recebe um nome de um de seus seu tio(a)s, que o liga, automaticamente a uma dessas metades.

Toda a ritualística Krahô, entranhada de centenas, talvez milhares de cantigas, está ligada ao conhecimento, à preservação e ao equilíbrio da natureza.

PERFIS DOS PARTICIPANTES

**** Participação do cacique Roberto Krahô Cahxêt  e do vice-cacique José Edilson Cuxy (que estará falando de Araguaína)

Roberto Krahô Cahxêt – Foto Emerson Silva

José Edilson Cuxy: Foto arquivo Tekoá

Marcos Luz:

Empresário e consultor de turismo há mais de 25 anos, responsável pela formatação e implantação do roteiro de experiência com o Povo Krahô.

Fundou e dirigiu as primeiras empresas de receptivo da Chapada dos Veadeiros (Alternativa Ecoturismo e Travessia Ecoturismo), atuando na operacionalização, promoção e comercialização de roteiros que se tornaram um “case” de sucesso em ecoturismo de expressão internacional.

Foi consultor de mercado no projeto Roteiro Místico para o Centro do Mundo junto ao Ministério de Turismo.
Contribuiu para a elaboração do Plano Municipal de Turismo de Alto Paraiso de Goiás.
É sócio-proprietário da Tekoá Brasil.

Empresário de Etnoturismo Marcos Luz: Foto arquivo pessoal

Fernando Schiavini

Mentor da implantação do projeto de etnoturismo na Aldeia Manoel Alves.
Foi indigenista por 40 anos, com atuação entre vários povos de estados diversos, entre eles o povo Krahô.
Autor de diversos livros e artigos envolvendo a temática indígena.
(Foi a ‘ponte’ entre o povo Krahô, que há muitos anos ansiavam pela atração de turistas ao seu território de uma maneira organizada e profissional).
O livro autobiográfico “De longe toda serra é azul – Memórias de um indigenista” é tema de filme em fase de produção.

Indigenista Fernando Schiavini: Foto Arquivo Pessoal

Tekoá Brasil

A experiência é provavelmente o mais significativo registro em nosso DNA, viajar é preciso para expansão da alma humana.A Tekoá investe no turismo como uma ferramenta para proporcionar aos turistas momentos transformadores junto à natureza e às culturas tradicionais brasileiras.

A Tekoá Brasil, preza pelo conceito de base comunitária, contribuindo para o resgate e preservação da cultura das comunidades onde atua, distribuindo renda e contribuindo com a valorização da autoestima étnica.

Também atua com consultoria em elaboração de roteiros de ecoturismo e etnoturismo e com gestão de pousadas.

Veja programação

🌳TERÇA AMBIENTAL – Gazeta do Cerrado🍃
🅰️🅾️ VIVO, nesta Terça, 19/04/22, às 19h no Instagram @GazetaDoCerrado

TEMA: 🔊 ETNOTURISMO, CONSERVAÇÃO E AUTONOMIA

✅ Participação:
➡️ Roberto Krahô Cahxêt – Cacique da Aldeia Manoel Alves do Povo Krahô. ⬅️

➡️ Fernando Schiavini – Indigenista por 40 anos, com atuação entre vários povos, entre eles o povo Krahô. Autor de diversos livros como o livro autobiográfico “De longe toda serra é azul – Memórias de um indigenista” é tema de filme em fase de produção. Mentor da implantação do projeto de etnoturismo na Aldeia Manoel Alves do Povo Krahô. ⬅️

➡️ José Edilson Cuxy – Vice-cacique da Aldeia Manoel Alves do Povo Krahô e Professor da Escola Indígena da mesma aldeia, além de contador de histórias. ⬅️

➡️ Marcos Luz – Empresário e consultor de turismo há mais de 25 anos, responsável pela formatação e implantação do roteiro de experiência com o Povo Krahô. Fundou as primeiras empresas de receptivo da Chapada dos Veadeiros, atuando com roteiros que se tornaram um “case” de sucesso em ecoturismo de expressão internacional. Foi consultor junto ao Ministério de Turismo. ⬅️

Apresentação: @MarcoJacobBrasil

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✅ Uma realização: GAZETA DO CERRADO💫