Os brasileiros querem o Porto: as buscas por viagens para a cidade costeira ao norte de Portugal aumentaram em 141% na primeira quinzena de 2020, comparando com o mesmo período do ano passado, segundo o buscador de passagens Kayak.
Anualmente, de acordo com a associação de turismo local, são cerca de 200 mil brasileiros chegando por lá. Mas o que guarda essa ‘joia’ portuguesa com passeios de barco, edifícios históricos, medievais, bons vinhos e que vem dividindo atenções com Lisboa?
É preciso voltar a 2013 para começar a entender. Foi quando a capital lusitana – três horas de carro distante do Porto – se debruçou em divulgar seu turismo para o mercado brasileiro. Deu tão certo que a cidade ainda passa por um processo de saturação. É aí que surge o “trunfo Porto” como uma espécie de lado B de Portugal.
Turismóloga e especialista no Porto, Naira Amorelli avalia que a cidade é relativamente mais calma e mais original na sua arquitetura, já que não sofreu praticamente nada com o terremoto de 1755 que destruiu Lisboa.
“Suas construções são originais em sua maioria, o que já não acontece em Lisboa, que teve toda a região da Baixa reconstruída. Ainda tem a simpatia do povo do Norte, que é conhecido por ser acolhedor. E Lisboa, justamente que por ter virado essa cidade gigante na diversidade de povos e culturas, se descaraterizou, enquanto o Porto manteve suas tradições e origens“.
Curiosamente, entre 2013 e 2019, as buscas por “Porto Portugal” no Google cresceram 175%. A empresária Genysa Mai é uma das brasileiras que mergulhou na “onda Porto” e decidiu passar férias por lá.
“Porto é mais mais romântica, tranquila e com clima mais ameno do que a capital. Fui em maio, que é quando faz um friozinho gostoso à noite. De dia, tendo sol, faz calor. O mais interessante em Porto é o caminhar pelo centro histórico, conhecer a Torre dos Clérigos e a Catedral da Sé“, elenca.
Quando ir
- A baixa temporada é no outono, entre outubro e dezembro. É quando a cidade está geralmente mais fresca e menos lotada.
- “Mas entre abril e meados de junho também é agradável, menos quente por ser primavera e bem mais colorido. Os preços estão menos altos e os restaurantes menos cheios. Não aconselho ir em julho, agosto e início de setembro, porque a cidade está mais lotada, com filas e os preços nas alturas”, diz Naira Amorelli.
Transporte no Porto
- No Porto existe apenas um aeroporto internacional e nacional, que é o Francisco de Sá Carneiro, o segundo aeroporto de Portugal com maior tráfego aéreo. Ele está 13 quilômetros ao norte da cidade, na localidade de Maia.
- Além de táxi e ônibus, o turista pode andar de metrô no Porto – são 6 linhas e 81 estações, mas que não chegam exatamente muito perto de todos os pontos turísticos importantes.
O que não deixar de fazer
Os passeios de Elétrico
- São bondinhos que passam pelas áreas mais turísticas do Porto. Os passeios são feitos mediante pagamento de ingresso, acontecem em horários variados e linhas diferentes. Geralmente, as partidas são a cada 30 minutos.
- A linha 1 faz o passeio entre o centro histórico do Porto e o Jardim do Passeio Alegre, percorrendo a margem do Rio Douro, o terceiro rio mais extenso da península Ibérica.
- A linha 18 faz o passeio entre a antiga freguesia de Massarelos e o Carmo, ligando o centro histórico de Massarelos com os Jardins da Cordoaria, de tom romântico.
- E a Linha da Baixa é uma rota circular entre o Carmo e a Batalha – é onde fica a Praça da Batalha, palco de uma sangrenta batalha que originou o arrasamento da cidade.
O passeio de barco pelo Rio Douro
- O rio Douro nasce na Serra de Urbión, na Espanha, atravessa o norte de Portugal até a sua foz junto às cidades do Porto e Vila Nova de Gaia. É o terceiro rio mais extenso da península Ibérica.
- O passeio mais famoso é Cruzeiro das Seis Pontes, que passeia pelas seis pontes que ligam o Porto à Vila Nova de Gaia, passando pela Ribeira, Ponte D. Luís I, Mosteiro da Serra do Pilar, Ponte do Infante, Ponte D. Maria Pia, Ponte de São João e a Ponte do Freixo.
- O passeio termina no encontro do rio com o mar, e, geralmente, ao pôr do Sol. É uma boa opção porque, do rio, é possível ver o Porto através um ângulo diferente.
- Cada empresa cobra um valor diferente para realizar o passeio, variando também o horário de saída. A duração média é de uma hora.
Subir a Torre dos Clérigos
- É uma das torres mais altas de Portugal com 75 metros de altura e mais de 240 degraus que dão acesso a uma privilegiada vista panorâmica do Porto. É cobrado ingresso para subir na torre, que é feita de granito. Pelo caminho, o turista encontra 49 sinos.
- Já para entrar na Igreja dos Clérigos não se cobra nada. É uma obra barroca, do século 18, com interior em granito e mármore, e revestida de talha barroca.
- Aproveite que está na região e visite a livraria Lello & Irmão, no centro do Porto, perto da Torre dos Clérigos. Construída em 1906 e com estilo gótico, possui enormes estantes de madeira e uma escada de madeira talhada. O vitral do teto projeta luz natural.
Subir até a Sé e descer até a ribeira
- É na parte mais alta da cidade que fica a Catedral da Sé de Porto, o edifício religioso mais importante de lá. Fica no bairro de Batalha, ao lado das muralhas que protegeram a cidade no passado. Foram muitas transformações desde o século 12: há partes barrocas, outras românticas e o claustro e a capela de São João Evangelista, que são góticos. A catedral tem entrada gratuita, mas há cobranças para chegar ao claustro.
- De lá, desça para a ribeira do Douro por suas ruas estreitas, de pedra, cheias de pequenos bares e restaurantes. As fachadas das edificações são coloridas e, à noite, é uma boa opção para jantar e beber uma boa cerveja ou vinho.
Visite as caves de vinho
- Os famosos vinhos da região levam o nome do Porto, mas suas caves – onde os vinhos “descansam” – ficam, na realidade, do outro lado do Rio Douro, na cidade vizinha de Gaia. Há várias caves com visitação guiada, passeio pela produção, explicações sobre os processos e, claro, degustações.
Fuja de ciladas
- Evite comer perto dos pontos turísticos porque geralmente é mais caro.
- Atenção ao comer a Francesinha, um prato bem típico do Porto que tem a forma de um sanduíche e leva linguiça, salsicha, carnes e bife de carne de vaca, coberto com queijo derretido. Como acompanhamentos, ovo e batatas fritas. Há muitos relatos de turistas que têm “estômago fraco” para a iguaria.
- Não saia para turistar com calçados que não sejam confortáveis. O Porto tem muitas ladeiras e ruas com calçamentos ruins.
- Preste muita atenção ao contratar passeios nas regiões da Ribeira e dos Clérigos. Há relatos de turistas que caem nas mãos de guias despreparados, que não são cadastrados, vão a lugares menos interessantes pelo preço dos lugares mais interessantes ou não têm o tempo padrão dos passeios, que é, em média, de uma hora.
Fonte: G1