Glam upcycling é uma marca brasileira de moda consciente, fundada na capital tocantinense, Palmas, que cria bolsas a partir de tecidos excedentes de fábricas de móveis e estofados.
A marca foi idealizada pela empresária de moda Verônica Marinho, que aposta em combinações inusitadas entre tecidos e metais para desenvolver peças atemporais com o propósito de revisitar aquilo que seria desprezado e incentivar a mudança por uma moda mais ética e consciente.
”Todo produto parado é um desperdício de recursos e energia, uma criação sem propósito. E é essa realidade que queremos mudar. Estruturamos toda a nossa produção nos princípios de uma economia circular que gera benefícios econômicos, ambientais e sociais e que pode ser bem-sucedida a longo prazo”.
Como tudo começou
“Há dois meses (janeiro de 2019) fui procurar um sofá novo para comprar. Em uma das lojas que entrei presenciei alguns funcionários carregando sacos de tecido e perguntei para onde levariam aqueles retalhos. A resposta foi: “para o lixo”. Como sempre tive facilidade em criar e produzir roupas e acessórios, tive a ideia na hora de falar com o proprietário e pedir a doação do excedente de tecido”.
Depois disso, a empresária procurou mais duas fábricas de móveis que também aceitaram fazer a doação dos retalhos para seu novo projeto.
São identificados os melhores tecidos e escolhidos aqueles que, segundo o conceito de design da marca, são os ideais para dar vida à novas peças. Assim, as bolsas são desenvolvidas uma a uma e, dificilmente, é possível repeti-las fielmente, justamente por serem confeccionadas a partir de fragmentos têxteis.
Upcycling (reutilização)
A palavra é usada para se referir aos objetos que foram criados a partir da técnica do upcycling, que consiste no reaproveitamento de objetos e materiais para criar novos itens, muitas vezes com funções diferentes do original. Aqui na Glam, por exemplo, retalhos de tecidos que são originalmente usados para criação de sofás e poltronas se transformam em bolsas exclusivas.
O upcycle de objetos reduz a quantidade dos resíduos produzidos que passariam anos em lixões ou aterros sanitários. Além disso, a técnica diminui a necessidade de exploração de matéria-prima para a fabricação de novos produtos, sendo um dos grandes exemplos da Economia Circular, que propõe que os resíduos sirvam de insumo para a produção de novos produtos.
Na contramão dessa nova tendência consciente na produção de moda, está o fast fashion, que é um dos maiores exemplos de desperdício de recursos. Mais da metade da oferta de roupas sob o modelo fast fashion é descartada em menos de um ano. Os consumidores jogam fora, só em roupas (que frequentemente são usadas menos de dez vezes), um total de US$ 460 bilhões por ano. Reciclagem? Menos de 1% do material usado para produzir roupa acaba em novas roupas. A reciclagem para finalidades variadas chega no máximo a 13% do total descartado.
“É preciso interromper a lógica de que é preciso consumir cada vez mais. O desperdício é inerente à forma como produzimos e consumimos vestuário atualmente, e sua crescente demanda aumenta os impactos negativos”.