Maju Cotrim

O Dia da Consciência Negra lembra a morte de Zumbi dos Palmares, em 1695, importante líder na luta pelo fim da escravidão no Brasil. Muitos ainda não entendem nem o significado da data o que  mostra a necessidade de mais informações e de interesse das pessoas pela pauta.

No Tocantins, onde mais de 70% da população é negra, inclusive o governador Wanderlei Barbosa que também se autodeclara negro, os últimos anos são marcados pela abertura de diálogo em busca de implantação de melhorias.

Novas perspectivas estão no caminho com o interesse na confirmado pelo governador de criar a secretaria específica de Igualdade Racial que poderá alinhada com o ministério da Igualdade racial trazer programas específicos e projetos para o Estado voltados para a população negra e combate ao racismo.

O Tocantins tem muitos desafios latentes e históricos no combate ao racismo: os quilombos querem suas terras garantidas, acesso a políticas de saúde principalmente para as mulheres e idosos, e também o combate á violência que deixa algumas comunidades com medo de fazendeiros que fazem ameaças como é o caso do Quilombo Rio Preto. Há muito o que se fazer: políticas para a juventude negra da periferia, inclusão no mercado de trabalho! São anos de desigualdades!

Com a criação da pasta dos Povos originários e tradicionais a pauta começou ter ainda mais atenção principalmente para os quilombos. Seja através da Cultura com a valorização das tradições e riqueza cultural negra, da internet que já começou a chegar em alguns quilombos conectando as comunidades ao mundo , do apoio para eventos importantes e principalmente da vontade e diálogo claro com representantes do setor a pauta já é tratada institucionalmente de forma diferente no Tocantins mas há muito o que se implantar em termos de conquistas sociais.

O governador Wanderlei Barbosa mandará para a Assembleia a política de cotas no Estado, uma necessidade de reparação social urgente a curto prazo. Através da nova pasta deixa claro seu gesto de desenvolver essa pauta e tem todo apoio do governo federal para isso. Esse alinhamento estadual e federal já gera frutos importantes!

Neste dia 20 de novembro é bom observar que o Tocantins começa a olhar diferente para a temática racial mas é importante alertar a população em geral para a importância do combate ao racismo em todos os ambientes e da importância da educação neste processo de consolidação das políticas. Os demais setores precisam fazer sua parte também!

O Tocantins foi construído pelo suor de muitos negros e negras e estes precisam também ser valorizados e homenageados: Reconhecer a força e valor da cultura negra é outro viés que precisa ser ampliado no Tocantins. Maior participação em cargos estratégicos, nos espaços de poder, valorização das mulheres negras e acima de tudo a criação de um ambiente de promoção da igualdade racial nos municípios e no Estado.

Wanderlei busca fazer história na área social e pelo que tudo indica deixará também um legado de representação e olhar institucional para amparo e melhoria da qualidade da população negra tocantinense! Os municípios precisam seguir essa linha e também se movimentarem neste sentido. É inadmissível invisibilizarem a pauta racial ou postarem apenas banners no dia 20 de novembro nas redes!

No campo social há ainda uma união forte dos movimentos e instituições da pauta antirracista, o que reforça ainda mais esse momento de busca por um Tocantins mais inclusivo e menos racista! A atuação dos movimentos de luta têm papel protagonista pela busca de avanço para a pauta!

Que venha a secretaria com nomes técnicos (que o Tocantins tem de sobra) e importantes para coordenar uma política séria e abrangente! Que venha as cotas para abrir as oportunidades, que o Tocantins de fato se una em todas as vertentes para sanar essa dívida histórica com a população negra! Que os parlamentares destinem emendas e recursos também para os projetos da área e ajudem a fomentar as políticas!

Um Tocantins forte não se constrói sem uma política de igualdade racial! Vidas negras precisam importar além das hashtags e discursos! 

Maju Cotrim é Editora Chefe da Gazeta do Cerrado, especialista em comunicação étnico racial, Ativista da área racial há 20 anos, consultora e palestrante sobre o tema.