Ele alega falta de atenção do Estado em relação à cultura como uma falta de respeito. De acordo com Beraldo, muitos artistas fizeram dívidas apostando nesse recebimento: ” estamos com o nome sujo na praça por causa da irresponsabilidade do governo e o pior de tudo é que esse dinheiro não saiu do cofre do governo, é um repasse direto do Ministério da Cultura para o Governo do Tocantins”, alega.
Beraldo contou ainda: “durante muito tempo, nós fizemos um levantamento via Dário Oficial sobre a quantidade de emendas parlamentares que saíram direto do Fundo Cultural e boa parte dela, era destinada ao Instituto Gemas do Tocantins, com valores absurdos vindo da cultura”, contou.
De acordo com Beraldo, os deputados usam as emendas parlamentares em sua maioria para fazer show no interior do Estado.
O artista de Gurupi, Fernando França também espera receber o repasse desde 2013. Ele foi contemplado no edital para circulação de peças teatrais com valor de R$ 35 mil. Ele também afirma que a Seden não justificou de forma alguma a dívida em todos esses anos. “ Desde a época da premiação surgiu uma data para o pagamento, a gente se preparou para peça e o dinheiro não saiu. Oito meses depois eles disseram de novo que iam pagar, aí a gente já tinha parado com a peça, remontamos a peça de novo e novamente não foi pago”, disse.
Segundo ele, com a mudança de gestão foi prometido pagar novamente em 2015, “ eles chagaram a pagar três prêmios para os primeiros colocados e o resto ficou à deriva até hoje. Ainda hoje nós tentamos entrar em contato com a secretaria DoraNey, mas ela não nos atende e nunca sabe de nada”, informou. Fernando completa ao dizer que os artistas não são importantes para o Estado.
“Nós somos tratados com descaso, eles não se importam com a gente, não houve conversa do governo com a gente para tentar um acordo. ” Ele chegou a comentar ainda que as pessoas que trabalharam no Salão do Livro em 2015 também não receberam do Estado até o momento. “ Para que o artista serve no Estado? Como vamos levar arte para o interior sem dinheiro? Vários artistas estão largando a profissão por conta disso”, disse.
Outro artista insatisfeito é Osmar Casagrande que foi contemplado para o prêmio Maximiano, para publicação de um livro de crônicas, no valor de R$ 25 mil. Mais uma vez outro artista informa que a secretaria não deu justificativa alguma em relação a este atraso de repasse de verba. “Não obedeceram a lei, não cumpriram a tabela de desembolso, e não dão satisfação nenhuma”, ressaltou.
Ele conta que todos os artistas já recorreram atrás deste pagamento: “ Já fizemos várias reuniões, aí mudam governo, mudam secretário, descriam secretaria e ficam nessa brincadeira até hoje”. Casagrande desabafa: “ eu vejo uma falta de governo grande, há um descaso completo e total com nós artistas”, disse.
George Henrique, artista de Araguaína ficou de receber R$ 35 mil para o espetáculo ‘Porção do Amor’. Novamente, mais um artista informou sobre a falta de comunicação com a Seden: “Eles não justificam nada. Eles pagaram 70% para os primeiros colocados e ficou de pagar o restante depois. Eles não pagaram os 30% restante e nenhum centavo dos outros, eles falavam que não tinham verba. É um descaso total isso que o governo está fazendo, nós tivemos gastos estrondosos com planejamento e viagem”, informou George.
De acordo com ele, a Seden avisou com um dia de antecedência sobre a assinatura do contrato para receber o pagamento. “Pegamos avião só para assinar o contrato, gastamos com registro e no final das contas eles fazem isso, não tem consideração com os artistas do Estado, completou.
Em 18 de março de 2016 o Governo lançou uma nota se posicionando quanto ao atraso do pagamento dos editais e afirmou que pagaria ainda nesta gestão. A nota dizia: “o Governo do Estado reconhece que fez um acordo com a classe artística tentando, inclusive, honrar compromissos que não foram cumpridos pela gestão passada. A gestão atual chegou a pagar parte do valor previsto nos editais, mas, devido à conjuntura econômica nacional e ao reflexo da mesma no estado, ainda não foi possível resolver a pendência. Por fim, o Governo garante que vai buscar alternativas para solucionar o caso e garante que o edital será pago ainda nessa gestão, dentro das condições econômicas do Governo”, disse a nota.