
A Justiça do Tocantins converteu a prisão preventiva da influenciadora digital Ana Paula Cerqueira Carvalho em prisão domiciliar, nesta segunda-feira, 6, em Porto Nacional. A decisão leva em conta que a investigada é mãe de duas crianças menores de 12 anos e não há indícios de violência ou grave ameaça nos fatos sob apuração.
Ana Paula é suspeita de divulgar plataformas ilegais de jogos de azar nas redes sociais e de ocultar patrimônio obtido com essas atividades. Ela havia sido presa no sábado, 4, após a Polícia Civil constatar que, mesmo após ser alvo de uma operação em setembro, continuou movimentando bens e valores de origem ilícita. A Justiça também determinou o bloqueio de até R$ 9,5 milhões em bens da influenciadora e do ex-marido, que também é investigado.
A decisão foi assinada pelo juiz Elias Rodrigues dos Santos, da 2ª Vara Criminal de Porto Nacional, e fundamentada no artigo 318 do Código de Processo Penal, que permite substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando a investigada é mãe de crianças pequenas.
Em nota, a defesa de Ana Paula afirmou que a decisão é “um ato de justiça humanizada” e reforçou que a influenciadora “tem profissão lícita, residência fixa, é mãe dedicada e colaborou com todas as etapas da investigação”.
“Durante toda a investigação, Ana Paula demonstrou postura cooperativa e transparente. Compareceu espontaneamente à Delegacia, prestou esclarecimentos, apresentou documentos e colocou-se à disposição das autoridades”, diz o texto assinado pelos advogados Wilibrando Bruno Albuquerque de Araújo e Jordana de Sousa Torres.
Segundo a defesa, Ana Paula já entregou voluntariamente um veículo alvo de sequestro judicial e continuará cumprindo as condições impostas pelo juízo.
O Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO) informou que o processo corre em sigilo.
A investigação contra Ana Paula e o ex-marido começou em 2024 e apura um esquema de lavagem de dinheiro e divulgação de apostas irregulares. Segundo a Polícia Civil, o casal utilizava redes sociais para promover jogos ilegais e ostentar ganhos falsos, atraindo seguidores e potenciais vítimas.
Durante operação deflagrada em 19 de setembro de 2025, foram cumpridos três mandados de busca e apreensão em Porto Nacional e Brejinho de Nazaré. Mesmo após a ação, segundo o delegado Wagner Rayelly, a influenciadora continuou ocultando bens.
“Os seguidores desses influenciadores acabam sendo as maiores vítimas. Eles acreditam em simulações de grandes ganhos e acabam apostando, muitas vezes perdendo grandes quantias. É uma modalidade de crime relativamente nova, mas que está sendo monitorada pela Polícia Civil do Tocantins”, afirmou o delegado.
Após a prisão no fim de semana, Ana Paula foi encaminhada à Unidade Prisional Feminina de Palmas, onde permaneceu até a concessão da prisão domiciliar.
A conversão da prisão preventiva em domiciliar segue entendimento consolidado do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que garantem tratamento especial a mães de filhos menores de 12 anos, desde que não haja risco de fuga ou ameaça à investigação.
A defesa destacou que a medida não é um privilégio, mas uma “aplicação equilibrada da lei”, que busca conciliar a persecução penal com a proteção à estrutura familiar.