Ministro do STF Cristiano Zanin - Foto: Antônio Augusto/STF
Ministro do STF Cristiano Zanin - Foto: Antônio Augusto/STF

A Polícia Federal (PF) solicitou ao ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), a prorrogação por mais 60 dias das investigações sobre um suposto esquema de venda de decisões no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O inquérito, antes visto como algo pontual, agora é tratado como um sistema complexo e vasto, com ramificações que atingem advogados, empresários e até agentes do Judiciário em vários estados, incluindo o Tocantins.

As apurações indicam que a rede criminosa envolvia lobistas, desembargadores do Mato Grosso e ex-servidores de quatro gabinetes do STJ. A PF revelou que a análise de movimentações financeiras expôs novos indícios que apontam para uma organização mais sofisticada do que o inicialmente imaginado, com a participação de operadores financeiros e empresários do agronegócio.

O Tocantins foi diretamente impactado pelas investigações da Operação Sisamnes. O prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos, chegou a ser preso e afastado do cargo sob suspeita de obter informações sigilosas do STJ. Segundo a decisão que autorizou a prisão, Eduardo teria contado com a ajuda do advogado Antônio Ianowich Filho e do policial civil Marco Augusto Velasco Nascimento Albernaz, que seriam os responsáveis por repassar os detalhes de processos em Brasília. Os três foram detidos em maio de 2025 e já estão em liberdade, mas as investigações continuam.

As investigações também trouxeram à tona o nome do advogado Thiago Marcos Barbosa, que foi preso em março de 2025. Mensagens obtidas pela PF sugerem que ele teria vazado informações judiciais para proteger aliados.

Em nível nacional, o lobista Anderson de Oliveira Gonçalves, suspeito de intermediar a venda de decisões, permanece preso em Brasília. Sua esposa, a advogada Mirian Ribeiro Rodrigues, cumpre prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica.

O STF deve finalizar o julgamento de um recurso da defesa de Anderson na próxima segunda-feira, 12. Até o momento, o pedido de transferência para prisão domiciliar foi negado por três ministros da 1ª Turma: Cristiano Zanin, Alexandre de Moraes e Flávio Dino.

Deflagrada em novembro de 2024, a Operação Sisamnes cumpriu 24 mandados em vários estados e investiga crimes de corrupção, organização criminosa e violação de sigilo funcional. O pedido de prorrogação da PF reforça a dimensão do caso e a determinação das autoridades em desvendar todas as conexões da suposta rede criminosa.

Brener Nunes

Repórter

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins