Uma investigação da Polícia Federal (PF) revelou que uma suposta organização criminosa, suspeita de intermediar a venda de decisões judiciais, teria recebido R$ 750 mil e três relógios de luxo para garantir a revogação da prisão de Bruno Teixeira da Cunha em 2020. Entre os envolvidos, há indícios de participação de advogados, de um juiz e de um desembargador.
As informações foram detalhadas na decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que autorizou a operação Máximus, deflagrada no dia 23 de agosto. A operação investiga crimes de corrupção ativa, exploração de prestígio, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Bruno Teixeira da Cunha havia sido preso em fevereiro de 2020, suspeito de envolvimento na morte do empresário Elvisley Costa de Lima, crime ocorrido na Avenida Palmas Brasil, em Palmas. Apesar da resistência do Ministério Público Estadual em conceder liberdade a Bruno, o juiz Marcelo Eliseu Rostirolla, responsável pelo caso, decidiu pela soltura, alegando que o réu havia se apresentado espontaneamente e demonstrado intenção de colaborar com as investigações. A decisão, considerada atípica pela investigação, gerou grande repercussão na imprensa local.
Após sua liberação, Bruno fugiu do estado, sendo recapturado apenas um ano e meio depois em Balneário Camboriú, Santa Catarina. Em 2023, ele foi condenado a 22 anos de prisão.
Durante as investigações da operação Máximus, Bruno revelou à PF que negociou sua liberdade com os advogados Tiago Sulino, preso durante a operação, e Robson Moura Figueiredo Lima, então presidente do Instituto de Terras do Tocantins, exonerado em 28 de agosto. Segundo Bruno, ele foi informado que Tiago Sulino poderia resolver sua situação. Após um encontro com Tiago e Robson, Bruno acordou o pagamento de R$ 1 milhão pela liberdade, conseguindo sacar R$ 200 mil no mesmo dia.
Bruno também relatou ter se reunido com os advogados em uma sala no Fórum de Palmas, onde teria sido apresentado ao juiz responsável pelo caso. Posteriormente, Thales André Pereira Maia, filho do desembargador Helvécio de Brito Maia Neto, teria visitado Bruno em sua casa para cobrar o restante do valor acordado, levando relógios e lotes de terra como forma de pagamento. Esses itens teriam sido destinados ao pai de Thales, o desembargador Helvécio.
Os relógios entregues por Bruno eram da marca de luxo Hublot, com preços que podem ultrapassar R$ 150 mil. Thales André Pereira Maia foi preso preventivamente durante a operação, suspeito de operar o esquema.
A operação Máximus revelou um suposto esquema de venda de sentenças no judiciário do Tocantins, resultando no afastamento do desembargador Helvécio de Brito Maia Neto e do juiz José Maria Lima, ouvidor do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Além das prisões, foram cumpridos 60 mandados de busca e apreensão, incluindo no Fórum de Palmas e na sede do Tribunal de Justiça.
O Tribunal de Justiça do Tocantins foi procurado, mas não se manifestou. A defesa de Robson Moura Figueiredo Lima e do juiz Marcelo Eliseu Rostirolla também não foi localizada para comentar o caso.