
Foto: Cláudia Orquiza
Por Cláudia Orquiza
Francisca Liarte, carinhosamente chamada pelos amigos e familiares como dona Francisca ou Chiquinha, é feirante há mais de 20 anos, tendo iniciado sua trajetória como empreendedora em 2002, ao lado do marido, senhor Domingos Viana.
Dona Francisca conta que antes de vir para Palmas, morava em uma pequena cidade localizada no Leste do Maranhão, chamada Coelho Neto. Foi lá, aos 16 anos, que conheceu o seu grande amor, o senhor Domingos Liarte. Juntos, tiveram 12 filhos, dos quais apenas 6 chegaram à vida adulta.
Com os filhos já crescidos, já no ano de 1993, mudaram-se para Palmas, tendo estabelecido moradia na quadra 403 sul, local onde ela reside até os dias atuais.
A história de empreendedorismo do casal começou quando o senhor Domingos, desempregado, teve a ideia de vender mini pizzas na feira. Nesse primeiro momento, ele iniciou as vendas sozinho, sem muitas pretensões. Na época, Francisca trabalhava como lavandeira, passadeira e faxineira, que era de onde tirava o seu sustento e auxiliava nas despesas da família.
As coisas começaram a mudar quando o senhor Domingos foi assaltado voltando de uma feira, tendo sido levado dele os “trocadinhos” que tinha conseguido fazer naquele dia. Depois desse ocorrido, dona Francisca tomou a iniciativa de acompanhá-lo, mas sem deixar de realizar seus serviços anteriores. Ela conta que se dividia entre as feiras e os serviços domésticos. Durante o dia passava, lavava, faxinava e a noite, ia para a barraca na feira, onde o esposo já estava a esperando.
Dona Francisca afirma que no começo as coisas eram bem difíceis. Eles realizavam a feira no Parque Cesamar, quase sem estrutura e com logística complicada, pois ainda não tinham um veículo para transportar as mercadorias até o local. “Nós vínhamos empurrando um carrinho de ferro com dois pneus, pra trazer pra feira”.
Nos primeiros momentos de feira, eles iam e voltavam para casa sem vender nada, pois as pessoas não os conheciam e nem aos seus produtos e eles não sabiam nem precificar as mercadorias, tendo definido um valor de acordo com um cliente que passou e falou que nas demais barracas o valor cobrado era de R$ 1,00 na época. Dessa forma ela afirmou “então é esse valor mesmo”. (risos). Foi ainda no início do empreendimento, após sugestão de outro cliente, que inseriram a venda de sucos de laranja, preparados na hora.
Tudo ia bem e o casal começou a ter algum retorno com as vendas. Francisca disse que eles chegavam a percorrer 5 feiras por semana, época na qual conseguiriam comprar um carro para facilitar a locomoção e comprar os produtos.
Foi nessa época, em julho de 2010, que o casal foi surpreendido por uma representante do Sebrae, que à época percorria a feira e os abordou apresentando a instituição e os benefícios de ser Microempreendedor Individual – MEI. Algo novo para o casal, pois até então vendiam seus produtos informalmente. Após esse encontro, eles se dirigiram até uma agência do Sebrae em Palmas/TO, para obterem mais informações e assim, abrir a sua primeira empresa e se tornarem empreendedores registrados. Dona Francisca afirma que o processo foi bem simples e que no mesmo dia ela já tinha um CNPJ cadastrado.
Para explicar melhor quais são os benefícios ofertados pelo Sebrae para quem é MEI, entrevistamos a Analista do Sebrae, senhora Thais Neres Vieira. A entrevista completa segue ao final dessa matéria.

Foto: Higor Nicollas de Oliveira
O casal estava feliz e com muitos planos para o negócio, agora regularizado. Porém, em 2011, Chiquinha passou por sua primeira grande perda. Seu esposo, o senhor Domingos, com quem dividia a vida desde os 16 anos de idade, faleceu. Esse foi o primeiro grande desafio que ela viera a enfrentar na sua vida pessoal e também como empreendedora.”Aí eu fiquei uma semana sem saber o que eu ia fazer”, conta ela, bastante emocionada.
Tentando seguir em frente e impulsionada pela vontade e necessidade de trabalhar, Francisca convidou um dos seus filhos, o Edinaldo Liarte, para a ajudar nas feiras. Ele aceitou e a partir daí, nasceu uma nova parceria. Edinaldo era criativo, cheio de ideias, alegre, inovador e tinha muita energia. Ele então passou a ser o seu “braço direito”. Era quem dirigia, comprava os produtos e a motivava a não desistir.
Durante o tempo que trabalharam juntos, Edinaldo reinventou os negócios da família. Incentivado pelo crescimento da onda fitness, implementou no cardápio os sucos detox, que foram muito bem recebidos pelo público e as vendas aumentaram consideravelmente. Outras ideias surgiram e além das mini pizzas, começaram a comercializar tortas salgadas e, os sucos, ganharam novos sabores.
As coisas começaram a melhorar para dona Francisca. Tinha o filho que a ajudava e os negócios começaram a prosperar novamente. Mas, em 2021, ano de pandemia, uma notícia devastadora mudou tudo. Edinaldo contraiu COVID-19 e infelizmente ele não voltou para casa e nem para ajudar a mãe nas vendas, como tanto amava fazer.
Diante de mais essa perda, dona Francisca se viu sem chão. “Como é que eu vou recomeçar de novo? ” Ela passou um mês ser ir às férias. Perdeu, além de um filho, mais um amigo e parceiro de trabalho.
“Teve muitas vezes que eu pensava em desistir, mas eu ia viver de quê?”
Foi então, por essa ser a sua única fonte de renda, que ela decidiu continuar como feirante. Recomeçou sozinha e pouco tempo depois, teve o apoio da nora e viúva do Edinaldo, a Raimundinha, que é quem está com ela atualmente nas feiras. Hoje elas percorrem duas feiras de Palmas, que são a feira da 304 sul às terças e sextas-feiras e a feira do bosque aos domingos. Atualmente vendem apenas sucos de variados sabores, já que ainda não conseguem ampliar e voltar a vender as mini pizzas e tortas, pois lhes falta mão de obra para suprirem a demanda que tal produção exige.
Em julho dona Francisca, hoje com 69 anos, completa 14 anos como MEI e a sua história nos mostra que com persistência e resiliência, vale a pena empreender e acreditar nos nossos projetos.

Foto: Cláudia Orquiza
Analista do Sebrae explica sobre a importância da regularização e quais são os serviços oferecidos para os Microempreendedores Individuais – MEI´s
Qual a importância da regularização como MEI?
A regularização como Microempreendedor Individual (MEI) é importante por várias razões, entre elas:
Legalidade: Ao se tornar um MEI legalmente registrado, você está operando dentro da lei. Isso proporciona segurança jurídica para o negócio, reduzindo o risco de penalidades legais e multas por operar informalmente.
Acesso a benefícios: Como MEI, se tem direito a uma série de benefícios, como aposentadoria por idade, auxílio-doença, licença maternidade/paternidade, entre outros.
Emissão de notas fiscais: Como MEI regularizado, pode-se emitir notas fiscais para os clientes. No caso da inadimplência esse acesso pode ser bloqueado.
Acesso a crédito e financiamento: Ter o registro como MEI regularizado pode facilitar o acesso a linhas de crédito e financiamento para o negócio junto as instituições financeiras.
Participar de licitações: O empresário que pretende trabalhar com órgãos públicos, a regularização como MEI é fundamental. Muitos processos de licitação exigem que os fornecedores estejam devidamente registrados e em conformidade com a legislação.
E o principal ponto de se ter um negócio adimplente, é o seu crescimento. A regularização proporciona uma base sólida para o crescimento do negócio. Ela permite que se construa uma reputação confiável, estabeleça parcerias comerciais e expanda as operações de forma mais sustentável.
Quais são os serviços oferecidos pelo Sebrae para quem já é MEI e quer melhorar a gestão do negócio?
O Sebrae oferece uma variedade de serviços para quem quer se tornar empresário e para os já formalizados, microempreendedores individuais (MEIs) que desejam melhorar a gestão do negócio. Alguns desses serviços incluem:
1. Capacitação e treinamento: O Sebrae oferece cursos, workshops e palestras sobre diversos temas relacionados à gestão empresarial, como finanças, marketing, vendas, gestão de pessoas, entre outros.
2. Consultoria empresarial: MEIs podem receber orientação personalizada de consultores especializados em diversas áreas de gestão, que podem ajudar a identificar oportunidades de melhoria e desenvolver estratégias para o crescimento do negócio.
3. Acesso a crédito e financiamento: O Sebrae pode auxiliar os MEIs na obtenção de crédito e financiamento para investir no seu negócio, seja por meio de parcerias com instituições financeiras ou programas de microcrédito.
4. Networking e parcerias: O Sebrae promove eventos, feiras, missões empresariais e rodadas de negócios que proporcionam oportunidades de networking e parcerias com outros empreendedores e empresas.
5. Informações e orientações: O Sebrae disponibiliza uma ampla variedade de materiais informativos, guias, cartilhas e ferramentas online para auxiliar os MEIs na gestão do seu negócio, incluindo temas como planejamento, controle financeiro, marketing digital, entre outros.
Tem algum custo para usufruir dos serviços do Sebrae?
Geralmente, o Sebrae oferece muitos de seus serviços de forma gratuita ou a preços acessíveis para os microempreendedores individuais (MEIs). Isso pode incluir acesso a workshops, palestras, materiais educativos online, orientações básicas e algumas formas de consultoria.
Porém, em alguns casos específicos, dependendo do tipo de serviço ou consultoria mais especializada, pode haver custos envolvidos. Por exemplo, workshops mais avançados, consultorias específicas ou cursos mais longos existe a incidência de pagamento associado, embora geralmente sejam subsidiados e mais acessíveis do que serviços similares no mercado, pois a missão do Sebrae é fomentar e desenvolver os pequenos negócios.
E como ter acesso a esses serviços?
Para ter acesso aos serviços oferecidos pelo Sebrae, especialmente se você já é um microempreendedor individual (MEI), você pode visitar o site do Sebrae; ir a uma agência mais próxima da sua casa; participar de eventos e capacitações (ficar de olho na programação).
Se estiver inadimplente, posso ser atendido pelo Sebrae ou só após regularizar a pendência?
O Sebrae oferece seus serviços independentemente da situação de inadimplência. Estamos focados em apoiar os empreendedores em todas as etapas do seu negócio, incluindo momentos de desafio financeiro. No entanto, é possível que, em alguns casos específicos, se a inadimplência estiver relacionada a serviços ou produtos fornecidos pelo próprio Sebrae, haja uma prioridade em regularizar essa situação antes de acessar novos serviços ou recursos.
Em geral, o Sebrae é um parceiro valioso para microempreendedores individuais (MEIs) que estão enfrentando dificuldades financeiras ou desafios em suas empresas. Se você estiver inadimplente, não deixe que isso o impeça de buscar orientação e apoio. Entre em contato com o Sebrae local para obter mais informações sobre como nós podemos ajudá-lo, mesmo que você tenha pendências financeiras. Nós podemos oferecer orientações, capacitações e outras formas de suporte que podem ser úteis para o empresário, independentemente da situação financeira atual.