Crise no PT Tocantins: Nile William acusa Diego Montelo de centralizar processo eleitoral e pede impugnação de urna

O processo eleitoral interno do Partido dos Trabalhadores (PT) no Tocantins continua marcado por disputas acirradas, denúncias e trocas de acusações entre os dois candidatos que disputam o segundo turno para a presidência estadual da sigla: Diego Montelo e Nile William. Em entrevista exclusiva à Gazeta do Cerrado, Nile fez duras críticas à condução da eleição, especialmente à atuação do adversário, que também é secretário estadual de organização do partido.

“O processo deveria ser conduzido pela Comissão de Organização Eleitoral (COE), mas ela nunca foi chamada para se reunir. Quem centralizou tudo foi o próprio Diego Montelo, que além de candidato, atuou sozinho como coordenador da comissão, controlando a totalização das atas e a divulgação dos resultados conforme sua conveniência”, denunciou Nile William.

Segundo o candidato, houve erro na apuração inicial dos votos. “Fiz uma apuração paralela porque não confio nem no Diego nem no Zé Roberto [atual presidente do PT], pelas práticas imorais que adotam. Vi que meus votos estavam a menos e alguns atribuídos a mim foram transferidos para eles. Pedi a correção e também a impugnação da urna de Tocantinópolis, onde as cédulas teriam sido entregues já preenchidas aos eleitores indígenas, sem envio prévio da lista de votantes”, afirmou.

Nile também criticou a tentativa da campanha de Diego de deslegitimar os votos recebidos por ele, apresentando documentos que, segundo ele, não têm validade legal. “Estão espalhando prints falsos e laudos de uma empresa que já foi baixada. É uma perícia grafotécnica sem qualquer documento paradigma. Não tem lógica o que estão fazendo com o PT. São irresponsáveis”, disse.

Entenda o caso

A tensão interna no PT Tocantins se agravou após Diego Montelo anunciar que apresentará um recurso com laudos periciais e mensagens de WhatsApp, denunciando supostas fraudes em urnas onde Nile William teria obtido até 100% dos votos. Segundo ele, assinaturas nas atas de votação teriam sido forjadas.

A Executiva Estadual do partido se reuniu nesta sexta-feira (11), às 14h, para analisar o recurso. Diego pede a anulação de mais de 450 votos atribuídos ao adversário.

Com 3.159 votos válidos no primeiro turno, a disputa terminou com vantagem mínima de Montelo: 1.298 votos (41,09%) contra 1.271 (40,23%) de Nile. Os outros candidatos somaram 590 votos. A eleição segue para segundo turno no próximo dia 27, em clima de fortes divisões internas e crescente judicialização.

Brener Nunes

Repórter

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins