
O Ministério Público do Tocantins (MPTO) denunciou a influenciadora Maria Karollyny Campos Ferreira, conhecida como Karol Digital, por envolvimento em um esquema milionário de exploração de jogos de azar, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A denúncia, protocolada nesta segunda-feira (29) pela 1ª Promotoria de Justiça de Araguaína, também atinge o namorado da influenciadora, Dhemerson Rezende Costa, e sua mãe, Maria Luzia Campos de Miranda.
Karol foi presa em agosto durante a Operação Fraus, deflagrada pela Polícia Civil do Tocantins, e desde então está detida na Unidade Penal Feminina de Ananás, no norte do Estado. Dhemerson está preso na Casa de Prisão Provisória de Araguaína.
Quem foi denunciado e por quais crimes
De acordo com o MP, os denunciados deverão responder pelos seguintes crimes:
- Maria Karollyny Campos Ferreira (Karol Digital): exploração de jogos de azar, crime contra a economia popular, participação em organização criminosa e lavagem de dinheiro;
- Dhemerson Rezende Costa: organização criminosa, lavagem de dinheiro, exploração de jogos de azar e crime contra a economia popular;
- Maria Luzia Campos de Miranda: organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Um consultor financeiro e tributário que prestava serviços à influenciadora também foi denunciado pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro, por supostamente ser o responsável por ocultar o patrimônio e criar estruturas empresariais para burlar órgãos de fiscalização.
Como o grupo atuava
Segundo a denúncia, Karol Digital era o centro da operação, controlando as ações de divulgação em redes sociais e movimentando o maior volume de recursos obtidos ilegalmente. O MP aponta que ela promovia e incentivava apostas online, movimentando grandes somas em contas pessoais e empresariais.
Dhemerson Rezende teria administrado os lucros das operações ilícitas, além de incentivar a continuidade do esquema. Já a mãe da influenciadora, Maria Luzia, seria responsável por gerenciar imóveis adquiridos com dinheiro ilícito — muitos deles registrados em nome de terceiros para dificultar o rastreamento.
O consultor financeiro seria o operador técnico das movimentações, criando uma holding para mascarar a origem dos valores e evitar alertas dos órgãos de controle.
A fortuna de Karol Digital
Durante a Operação Fraus, a Polícia Civil apreendeu sete veículos de luxo, avaliados em mais de R$ 5,5 milhões, incluindo uma McLaren Artura (R$ 3,1 milhões), um Porsche (R$ 979 mil) e uma RAM 3500 (R$ 475 mil).
Além disso, foram bloqueados sete imóveis, seis em Araguaína e um em Babaçulândia. Um deles, a famosa “Mansão da Digital”, foi palco de um reality show com 27 participantes, promovido pela influenciadora em agosto deste ano.
As investigações revelaram ainda que o grupo movimentou mais de R$ 217 milhões entre 2019 e 2024 — R$ 108,4 milhões em créditos e R$ 107,3 milhões em débitos, provenientes de plataformas de apostas e empresas de intermediação financeira.
Empresas usadas para lavar dinheiro
O MP aponta que Karol usava diversas empresas registradas em seu nome para ocultar o dinheiro obtido ilegalmente, entre elas:
- Karol Digital Boutique (moda);
- Karol Digital Beauty (salão de beleza);
- USE KD Beauty LTDA (suplementos alimentares);
- Haras KD (criação de equinos e comércio de produtos veterinários);
- M.K.C.F. Holdings LTDA (holding não-financeira);
- MK Publicidades (marketing e publicidade).
Entenda o acordo
Com a denúncia agora formalizada, o caso segue para análise da Justiça Federal. Se condenada, Karol Digital poderá cumprir pena por lavagem de dinheiro, organização criminosa e crimes contra a economia popular, cuja soma ultrapassa 20 anos de reclusão.