Com trabalho de conscientização e acompanhamento médico, a administração da Cadeia Pública de Natividade, sudeste do estado, conseguiu que os reeducandos se livrassem do tabagismo. Para atingir esse resultado, os servidores trabalharam de forma educacional com os reeducandos e com seus familiares durante três meses. Após a desintoxicação dos reclusos, o diretor editou a portaria interna nº 001/2019, que proíbe a entrada e utilização de tabaco nas dependências da carceragem, para prevenir recaídas.
Segundo Paulo Jean Silveira, diretor da Cadeia, esse trabalho veio para adequar o estabelecimento prisional na Lei Federal 12.546/2011 que proíbe fumo em local fechado, seja privado ou público, e também por questões de saúde. “A população carcerária estava apresentando casos de doenças respiratórias, então conversamos com os profissionais de saúde e como existe a lei que proíbe o tabagismo em locais com as características de nossa unidade prisional, resolvemos adotar essa medida que necessitou de empenho especial de toda a nossa equipe e de colaboração por parte dos reeducandos”, narrou o diretor.
Durante período que antecedeu a proibição, com o trabalho de conscientização, os reeducandos diminuíram o consumo do tabaco até o ponto que deixaram o vício, como foi o caso do reeducando P. A. R. M. “Quando entrei aqui, eu fumava um cigarro aqui, outro acolá. Depois passei a fumar vários cigarros por dia, mas com essa nova política da Cadeia, deixei de fumar em dezembro”, disse.
Com a retirada do fumo, o ambiente ficou mais saudável para a população carcerária e para os servidores da unidade. É o que diz o reeducando não fumante C. C. E. “Não sou fumante, mas para manter a convivência dentro da cela, não reclamava de quem fumava por vontade e acabava sendo um fumante passivo. Agora o clima é outro, o ambiente é bem melhor”, comemorou.
Detentos fumantes relatam que foi necessário muita força de vontade para conseguir largar o vício, mas que os resultados foram animadores, como é o caso de J. P.. “Meus pais fumavam, eu aprendi a fumar quando comecei a trabalhar no garimpo, ainda muito jovem. Tenho 43 anos de idade, fumante há mais de 30. Foi muito difícil no começo, mas hoje já acostumei com a ideia, sinto minha respiração bem melhor, sinto que estou com mais saúde. A vida ficou melhor sem fumo” disse.
Outras unidades
A Cadeia Pública de Natividade é a primeira unidade prisional masculina a desenvolver o projeto, mas cinco unidades femininas já adotam essa prática com sucesso. É o caso da Unidade Prisional Feminina de Talismã que desde sua inauguração nunca permitiu a entrada de tabaco; da Cadeia Feminina de Babaçulândia que não permite a entrada de fumo há cinco anos e da Unidade Prisional Feminina de Palmas que adotou a medida há três anos.
Por último, a Unidade de Regime Semiaberto Feminina de Palmas e a Unidade Prisional Feminina de Lajeado, coibiram a entrada de fumo há quatro meses. “Quando chega uma apenada que se identifica como fumante, solicitamos ajuda psicológica e a encaminhamos para um médico para que ele a oriente e a acompanhe durante o processo de desintoxicação. Caso a reeducanda queira, pode fazer uso de adesivo de nicotina durante o tratamento”, explicou a diretora da Unidade Feminina de Palmas, Cátia Machado.
Política Antifumo
Em todos os locais que adotaram a política antifumo, há relatos de considerável melhora na saúde dos apenados e também dos servidores que trabalham nas casas penais, melhorando o ambiente das celas, tornando-as mais salubres e melhorando o convívio com não fumantes. O superintendente do Sistema Penitenciário Prisional do Tocantins (Sispen), Orleanes de Sousa Alves, aposta na extensão do projeto para outras unidades prisionais. “Recebemos o sucesso desse trabalho nessas unidades e vamos buscar estratégias para alcançar bons resultados e adotar medidas semelhantes nas demais casas penais”, disse.