Foto: Reprodução/Sanofi Medley
A Sanofi Medley anunciou o recolhimento voluntário e preventivo de todos os lotes de remédios com o princípio ativo Losartana. Este tipo de medicação é indicado para o tratamento de pressão alta (hipertensão arterial) e insuficiência cardíaca. A farmacêutica informou que a retirada do produto é uma “medida de precaução devido à presença de impurezas mutagênicas nos produtos”. Neste momento, o medicamento está sendo retirado de circulação para voltar ao mercado com o IFA (ingrediente farmacêutico ativo) ajustado.
Impurezas mutagênicas são substâncias químicas que podem causar mudanças no DNA de uma célula. “Este recolhimento é uma medida de precaução e, até o momento, não existem dados para sugerir que o produto que contém a impureza causou uma mudança na frequência ou natureza dos eventos adversos relacionados a cânceres, anomalias congênitas ou distúrbios de fertilidade. Assim, não há risco imediato em relação ao uso dessas medicações contendo losartana”, informou a farmacêutica por meio de nota.
Devem ser recolhidos os seguintes remédios com Losartana:
- Valtrian® HCT (losartana potássica + hidroclorotiazida) 50mg + 12,5mg
- Valtrian® HCT (losartana potássica + hidroclorotiazida) 100mg + 25mg
- Valtrian® 50mg (losartana potássica)
- Valtrian® 100mg (losartana potássica)
O recolhimento não apresenta nenhum custo para o paciente. Quem tiver um destes remédios deve ligar para o SAC da Medley 0800-703-0014 (segunda a sexta-feira, das 08h00 às 18h00) para agendar a coleta da medicação.
Médico deve ser consultado antes de troca
A empresa alerta que a interrupção abrupta do tratamento com produtos contendo Losartana pode estar associada a riscos potenciais para a saúde dos pacientes. O risco para a saúde de descontinuar abruptamente estes medicamentos sem consultar os seus médicos ou sem um tratamento alternativo é maior do que o risco potencial apresentado pela impureza em níveis baixos.
— Dados da literatura mostram que para a insuficência cardíaca o Losartana aumenta a sobrevida do paciente. Portanto, ele é um remédio de uso essencial, principalmente para os pacientes que também são diabéticos, porque o medicamento também protege os rins — afirma João Vicente da Silveira, cardiologista do Hospital Sírio Libanês.
Na avaliação do médico, o recolhimento causa preocupação, já que o medicamento é amplamente utilizado por pacientes hipertensos. No entanto, ele pode ser substituído por outros remédios anti-hipertensivos.
— O mais prudente neste momento é que os pacientes entrem em contato com seus médicos para buscar orientação se trocam esse remédio por outro ou se continuam com ele — indica Silveira.
Há outras farmacêuticas que produzem remédios com o princípio ativo Losartana, cuja indicação é para o tratamento de doenças cardíacas.
A Sanofi Medley esclarece que a medida de recolhimento dos remédios com Losartana acontece em consonância com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e em conjunto com órgãos regulatórios de outros países. Ou seja, os remédios estão sendo retirados das prateleiras de outros países além do Brasil.
Em um comunicado enviado a médicos, a farmacêutica relata que a Direção Europeia para a Qualidade de Medicamentos e Cuidados de Saúde (EDQM) exigiu uma análise para identificação da possível presença de uma impureza azido (“LADX”) nos remédios contendo losartana. E que, como medida de segurança e prevenção, a fabricação e a liberação desses produtos nas fábricas da Sanofi Medley foram suspensas até novas investigações.
A empresa garante que não recebeu relatos de eventos adversos que pudessem associar o uso de medicações com Losartana ao surgimento de problemas de saúde causados por mudanças no DNA de células.
Como funciona o remédio
A pressão arterial é o resultado da relação entre a frequência cardíaca e a resistência periférica dos vasos arteriais. Quanto mais fechadas estiverem as artérias, mais rápido e forte terá que bater o coração para conseguir fazer com que o sangue flua pelos vasos, aumentando assim a pressão arterial.
— O mecanismo de acão do Losartana é bloquear a ligação de uma substância vaso-constritora conhecida como angiotensina ll a seus receptores na parede dos vasos arteriais do organismo. Uma vez que a angiotensina ll não se ligue a seus receptores, não haverá a contração dos musculatura lisa dos vasos arteriais, o que impedirá a elevação da pressão arterial — explica o médico endocrinologista Antônio Carlos Nascimento.
O médico sinaliza que, sendo o coração um músculo, o esforço contínuo faz com que ele aumente de tamanho ao longo do tempo.
— A questão é que, a partir de determinado aumento volumétrico muscular cardíaco, haverá desarranjo estrutural dessa musculatura e o coração perderá a competência de contração, resultando na insuficiência cardíaca — alerta Nascimento. — Não permitir aumento da resistencia vascular periférica, é proteger o coração da hipertrofia de sua musculatura.
Fonte – 0 Globo