Existem insetos que podem ser irritantes, outros que transmitem doenças, prejudicam plantas e até que colocam em risco a vida de pessoas e animais. Muitos “bichinhos do bem”, no entanto, ajudam no controle de pragas e na polinização das plantas, garantem a sobrevivência humana e, para o professor do Departamento de Entomologia e Acarologia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) Pedro Takao Yamamoto, vão ser aliados na alimentação do futuro. “É preciso quebrar o tabu”, diz.

Mostrar o lado “mocinho” e vilão”, além de explorar a diversidade de insetos são os objetivos de uma feira aberta ao público que ocorrerá no sábado (27), no campus da Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba (SP). O evento é organizado por Yamamoto.

Visitas guiadas, tendas com palestras, receitas ensinadas por um chef e por uma bióloga e degustação de pratos com esses seres vivos integram a feira. As opções vão de yakisoba de barata a bolo de formiga.

“Claro que há o lado negativo, considerando que algumas espécies são pragas e vetores de doenças, como o Aedes Aegypti, por exemploMas, exterminar uma espécie seria uma exceção do universo dos insetos”, explica o professor.

Apesar da grande importância dos pequenos animais, o especialista da Esalq e organizador do evento conta que ainda falta muito para que o preconceito sobre eles desapareça. Para que isso aconteça, Yamamoto diz que é preciso educar as pessoas e demostrar, na prática, que consumir insetos e viver perto deles pode não ser tão ruim assim.

“O tabu está nos mais velhos. Vemos que algumas crianças começam a experimentar a comida com insetos e gostam. Em duas gerações já teremos um panorama diferente disso”, avalia.

“Se não existissem as abelhas, por exemplo, estaríamos com risco de desaparecer porque muitas plantas não iriam reproduzir”, complementa o professor.

Importância dos insetos na alimentação

Chocolate com grilo, suco detox, pizza, bolo de formiga e yakisoba de barata estão entre as diversas opções gastronômicas que podem ser preparados com os insetos.Os bichinhos criados em laboratório e em condições adequadas de higiene aumentam o valor nutricional dos alimentos, conforme explica Yamamoto.

“Muitas espécies têm mais proteína do que a carne que costumamos comer e acabam ajudando bastante no controle de nosso organismo. Alguns países já desenvolvem até barrinhas de cereal de insetos”, afirma.

Yamamoto ressalta também que os bichinhos vão ser cada vez mais importantes para o desafio de alimentar a população mundial em crescimento, já que o cultivo deles demanda menos energia, água e espaço. Isso permite que sejam produzidos em maior quantidade e com preço mais baixo, se comparado a animais de grande porte. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) até mesmo recomenda a inclusão dos pequenos seres na dieta.

“No Brasil já existe a tradição de comer a tanajura, a rainha das formigas. O grilo também se consome, mas é preciso quebrar o preconceito de outros insetos, como a barata”, diz o especialista.

De acordo com Yamamoto, entre os países que mais consomem os pequenos animais estão México, Tailândia e Vietnã, além dos africanos, onde existe a tradição há bastante tempo. “Em alguns locais chega a ter até rituais antes de comer os insetos”, conta.

Feira ‘Insetos’ reúne gastronomia e visitas guiadas

Aberta ao público, a feira “Insetos” ocorre na Esalq/USP das 9h às 16h de sábado (27), com atividades práticas que mostram a importância dos insetos e os riscos que alguns trazem à saúde humana e dos animais, além das curiosidades gerais sobre os bichinhos nas artes e na cultura.

O evento é gratuito e não é preciso se inscrever antecipadamente, mas a organização pede a colaboração voluntária de alimento não perecível.

Confira abaixo a programação completa:

Workshop “Insetos na Alimentação Humana”, com o chef e professor Rossano Linassi, às 9h
O professor do Instituto Federal Catarinense em Camboriú (SC) mostra dados e curiosidades sobre o uso de insetos na alimentação humana e o porquê a FAO recomenda que façam parte da dieta. Além disso, ele e bióloga Patrícia Milano ensinam receitas à base de insetos, que também podem ser degustadas pelo público. Entre as opções estão grilos no chocolate, assados para serem consumidos no iogurte, bolo formigueiro e yakisoba com baratas.

Visitas guiada às 9h, 10h, 11h, 13h, 14h, 15h e 16h (30 minutos cada):

  1. Borboletário – Abordagem do ciclo de vida (ovo-larva-pupa), hábitos alimentares e a importância das borboletas no ecossistema, além das diferenças entre borboletas e mariposas, por meio da observação e tato. Cada visita dura 30 minutos.
  2. Formigueiro – O visitante poderá ver formigas trabalhando dentro da própria “casa” e observar as funções que cada grupo desenvolve, além da produção de alimentos, cuidados com os ovos, segurança e limpeza. Pesquisadores da Esalq vão explicar a intimidade e a organização social desses insetos.
  3. Meliponário – Os visitantes vão conhecer abelhas 100% brasileiras que não têm ferrão e apresentam comportamento dócil em relação às abelhas africanas. Os pesquisadores mostram os hábitos e comportamentos, a importância delas no ecossistema e o processo de produção do mel, que os participantes podem degustar.

 

Acompanhe as redes da Gazeta do Cerrado24 horas por dia:
Twitter - Gazeta do CerradoTwitter: (@Gazetadocerrado): https://twitter.com/Gazetadocerrado?s=09
YouTube - Gazeta do CerradoYouTube vídeo reportagens e transmissões 🔴 AO VIVO🔴: https://www.youtube.com/c/GazetadoCerrado-TVG
Aproveite e siga agora mesmo cada uma de nossas redes, pois cada uma delas possui características próprias e são complementares. Estamos sempre a disposição.
Para denúncias ou coberturas: (63) 983-631-319
Anunciar na Gazeta ou em suas redes sociais (63) 981-159-796