Às vezes, possuímos habilidades que não conhecemos, ou que não valorizamos. Vindas do aprendizado trazido pelo cotidiano, as chamadas soft skills assumiram tal protagonismo que são utilizadas por empresas no processo de seleção de colaboradores – não raro, figuram como pré-requisito no recrutamento de talentos.
Espírito de competição, concentração, capacidade de analisar o oponente (ou o concorrente, no caso de ações para conquistar o mercado) e agilidade mental fazem parte dessas soft skills. É bem provável que o melhor exemplo seja a inteligência emocional – a capacidade de lidar bem com as próprias emoções e usá-las ao nosso favor.
Autônomas, essas competências independem até mesmo de tendências culturais para ocupar espaços – elas resistem ao tempo e, para quem as alimenta delas, ganham mais força com o passar dos anos. Embora não haja como aprendê-las, ao menos não no sentido tradicional de ensino, elas podem ser aperfeiçoadas. Há vários auxiliares para o desenvolvimento e, como ninguém é de ferro, dentre eles há maneiras bem divertidas – especialistas entendem que quanto mais lúdico o ambiente, mais ampliam as chances de turbinar as habilidades.
Além de passatempo muito apreciado, os jogos de cartas são um ótimo exercício para estimular nossas aptidões. Um bom exemplo é o poker, simplesmente o jogo de cartas mais praticado em todo o mundo e presença constante nas plataformas de entretenimento virtual. Mesmo para os novatos, as regras do poker são bem simples, mas não dispensam concentração e raciocínio rápido por parte do praticante. Combinados, a simplicidade das regras e o desafio da modalidade explicam a preferência mundial.
Em linhas gerais, o poker é baseado nas combinações de cartas que possuem valores diferentes. As apostas entre parceiros de mesa deixam o jogo mais emocionante, com chances maiores para os estrategistas. O interessante é que as táticas aplicadas ao poker podem ser usadas para vários outros jogos e até na vida real. Tanto que vem sendo objeto de estudos que analisam, por exemplo, a aplicação do poker no ensino de probabilidades, com o emprego de soluções possibilitadas pela tecnologia.
Calcular as probabilidades de sucesso da mão de um jogo é um dos desafios do poker. Essa estratégia é válida, também, para o Buraco e a Canastra, títulos nos quais se deve decidir entre descartar ou manter cartas, com base nas chances de obter outras mais favoráveis.
O poker também disponibiliza a técnica do blefe. Apesar de nem todos os jogos de cartas envolverem esse elemento, ele é uma prática comum em vários deles, como o Truco. Essa estratégia é utilizada como tentativa de confundir o oponente, simulando boas condições de jogo quando, na verdade, elas não existem. Mas é importante considerar que nem sempre o blefe é… um blefe. Há uma arte sutil em perceber o que é verdade, e o que não é. E, novamente, entender as probabilidades é muito útil.
Ainda falando do poker, com frequência é necessário a adaptação às mudanças na dinâmica da mesa e às cartas reveladas. Essa capacidade é igualmente relevante para inúmeros outros títulos de cartas, por tratar-se de diversões cujas circunstâncias mudam com agilidade. Manter a calma sob pressão é essencial, tanto no poker quanto em qualquer modalidade competitiva. O Bridge é também um grande exemplo em que manter a calma pode ser um grande trunfo, por exemplo.
Prestar atenção aos detalhes, como as cartas que foram jogadas e as estratégias de outros jogadores é de grande utilidade em diversos jogos. Essa habilidade valiosa pode ser aplicada a games como o Uno, que consiste em observar as cartas em jogo e concluir qual será o melhor descarte – aquele que possibilitará ao jogador zerar as cartas recebidas.
Embora as estratégias possam variar de um para outro jogo de cartas, habilidades como análise de probabilidades, espírito de competição, concentração e controle emocional são básicas, por isso podem ser aplicadas com sucesso na maioria deles. Não somente, mas especialmente nas plataformas online, a simplicidade somada à dinâmica do jogo são um bom exercício para despertar as soft skills adormecidas.