A queda de cabelo é um problema que atinge milhões de pessoas em diferentes faixas etárias e pode ser desencadeada por uma série de fatores, incluindo alterações hormonais, genética e estresse. Embora seja natural perder entre 50 e 100 fios diariamente, quedas mais intensas ou prolongadas indicam que algo não está em equilíbrio no organismo.

De acordo com um estudo recente publicado na revista Nature, cientistas da Universidade de Harvard descobriram que o hormônio do estresse pode interferir diretamente na fase de crescimento dos folículos capilares. Quando se trata de cabelos, o estresse é a segunda maior causa de queda, depois da genética, mas como o processo geralmente leva entre três e seis meses para ocorrer, muitas pessoas não fazem a conexão.

Segundo a dermatologista Raquel Amastha, o estresse afeta o organismo em vários níveis e também interfere diretamente no couro cabeludo. A médica esclarece que o estresse altera a qualidade e a quantidade da produção da glândula sebácea e, com isso, aumenta a chance de dermatite seborreica, que são essas descamações.

“Quando falamos em dermatite seborreica, estamos tratando de uma inflamação da pele, com participação da glândula sebácea. Esse quadro pode piorar a queda de cabelo e pode envolver a presença de um fungo. No tratamento, controlamos a oleosidade com medicamentos orais, xampus específicos ou remédios mais direcionados. Também usamos medicamentos para controlar o fungo, tratando tudo em paralelo. Essa inflamação, por sua vez, pode agravar ainda mais a queda de cabelo.”

A médica também destaca a relação entre sono inadequado e desregulação hormonal. “Alguns hormônios são sintetizados durante a noite, e a falta de sono adequado pode agravar quadros como alopecia androgenética, que é a calvície.”

A jornalista Luana Fernanda, 38, convive com a queda de cabelo desde que precisou enfrentar um período de mudanças profissionais e rotina intensa. “Passei por muito estresse e também tive problemas hormonais. Comecei a perceber que meu cabelo estava caindo muito e isso afetou muito minha autoestima”, relata. O quadro dela é um exemplo de como o estresse prolongado pode desencadear problemas capilares.

Em busca de soluções para casos como o de Luana, tratamentos que combinam técnicas de relaxamento com estimulação do couro cabeludo têm ganhado destaque. Jordânia Falcão, especialista em cuidados capilares e proprietária do Yoona Head Spa, ressalta a importância de intervenções que melhorem a circulação sanguínea no couro cabeludo.

 

 

“A massagem terapêutica, associada a técnicas como argiloterapia e uso de óleos essenciais, ajuda a fortalecer os fios e a estimular o crescimento. Os óleos essenciais utilizados no Head Spa possuem propriedades específicas que promovem a saúde capilar. Temos mais de nove variedades de óleos essenciais aqui na Yoona. Por exemplo, óleo de alecrim, que estimula a microcirculação no couro cabeludo, auxiliando no crescimento dos fios; óleo de lavanda, que reduz o estresse, um dos fatores que contribuem para a queda capilar, e tem ação calmante para o couro cabeludo e óleo de peppermint que refresca e ativa a circulação, potencializando a oxigenação dos folículos capilares”.

Conforme Jordânia, no SPA é trabalhado um cuidado integrado. Os óleos essenciais são aplicados de forma personalizada, sempre diluídos em veículos apropriados, para penetrar profundamente no couro cabeludo e nos fios, fortalecendo-os desde a raiz. “Tratamos o couro cabeludo, mas também proporcionamos momentos de relaxamento que ajudam a reduzir o estresse, que é uma das causas da queda.”

Apesar dos benefícios dos tratamentos, Jordânia ressalta que os resultados dependem também da rotina de cuidados domiciliares. “É fundamental usar produtos adequados, realizar massagens no couro cabeludo e evitar o excesso de calor de ferramentas como secadores e chapinhas.”

A queda capilar é um problema multifatorial e deve ser tratada de maneira abrangente. De acordo com Raquel Amastha, além dos tratamentos estéticos e clínicos, hábitos saudáveis, como alimentação balanceada, sono regular e controle do estresse, são essenciais para a manutenção da saúde capilar. Para casos persistentes, o acompanhamento médico continua sendo o principal caminho para um diagnóstico correto e tratamento eficaz.

Sobre as terapias de relaxamento, a médica acrescenta que tudo o que for feito para diminuir o estresse, seja um spa corporal, um chá de camomila ou uma tarde com os amigos, vai ter um benefício na saúde do paciente como um todo, incluindo o couro cabeludo. “Controlar o estresse é uma coisa bem difícil, porque é muito de pessoa para pessoa, mas tudo o que puder ser feito no dia a dia vai ajudar na saúde como um todo: exercício físico, melhora da alimentação, hábito de vida em relação ao álcool, cigarro… Tudo o que puder diminuir vai ajudar a melhorar o sono e colaborar com isso”.

Raquel alerta que, em casos de queda severa, é essencial procurar um dermatologista para um diagnóstico preciso, visto que alguns tipos de perda capilar são irreversíveis. “Qualquer queda de cabelo ou descamação no couro cabeludo, quem vai dar esse diagnóstico e entender o que está acontecendo é o médico dermatologista. Isso é importante, porque tem tipos de queda de cabelo que são irreversíveis, então precisamos dar esse diagnóstico o mais rápido possível e iniciar o tratamento. Nem tudo que descama é dermatite seborreica, que é a caspa. Às vezes é uma doença autoimune que não tem nada a ver com a dermatite seborreica. Precisamos avaliar através de um exame chamado tricoscopia e todo o tratamento”, finaliza.