Barrolândia

Justiça Eleitoral cassa mandatos de prefeito e vice tocantinenses por abuso de poder e fraude em concurso

Além da cassação dos mandatos, o magistrado declarou os dois gestores e o ex-prefeito Adriano José Ribeiro inelegíveis por oito anos.

Prefeito e vice de Barrolândia cassados pela Justiça Eleitoral por abuso de poder político - Foto: Divulgação
Prefeito e vice de Barrolândia cassados pela Justiça Eleitoral por abuso de poder político - Foto: Divulgação

A Justiça Eleitoral da 28ª Zona, com sede em Miranorte, cassou os diplomas do prefeito de Barrolândia, João Machado Alves, o “João do Supergiro” (União Brasil), e do vice-prefeito Neusimar dos Reis (Republicanos), eleitos nas eleições municipais de 2024. A sentença, assinada pelo juiz Ricardo Gagliardi no dia 4 de julho, reconhece a prática de abuso de poder político e econômico, incluindo compra de votos, contratações temporárias em ano eleitoral e manipulação de concurso público para beneficiar aliados políticos.

Além da cassação dos mandatos, o magistrado declarou os dois gestores e o ex-prefeito Adriano José Ribeiro inelegíveis por oito anos. Todos também foram condenados ao pagamento de multa de 30 mil UFs (Unidades Fiscais). O juiz determinou ainda que, após o trânsito em julgado da decisão, o Tribunal Regional Eleitoral do Tocantins (TRE-TO) convoque novas eleições para o município. Enquanto isso, a chefia do Executivo ficará sob responsabilidade do presidente da Câmara Municipal.

A Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) foi movida pela coligação “Juntos Faremos Mais”, da ex-candidata Leila Rocha (PV), e teve parecer favorável do Ministério Público Eleitoral (MPE), assinado pela promotora Priscilla Karla Stival Ferreira. A manifestação do MPE reuniu mais de 60 páginas de argumentos e evidências.

As principais irregularidades apontadas

O juiz destacou na sentença a existência de “farta comprovação de condutas ilícitas” cometidas pelos representados. Entre elas:

  • Pagamento de R$ 500 a eleitores em troca de votos e promessa de R$ 2 mil para aquisição de um portão;
  • Uso de prontuários médicos falsos para legitimar transferências irregulares de domicílio eleitoral;
  • Aumento de mais de 30% nas contratações temporárias durante o ano eleitoral;
  • Manipulação de concurso público com alterações no edital, como pontuação extra para servidores temporários já contratados, beneficiando aliados políticos.

O concurso público, que aprovou 177 candidatos, está sob investigação. Do total, 164 aprovados já ocupavam cargos temporários na administração. O Ministério Público aponta que alterações feitas no edital em novembro de 2024 favoreceram os contratados, e há indícios de candidaturas desclassificadas que apareceram posteriormente como aprovadas.

Estrutura articulada para beneficiar aliados

O parecer do Ministério Público descreve um suposto esquema de favorecimento estruturado, com indícios de:

  • Compra de votos com dinheiro vivo e serviços médicos;
  • Troca de apoio eleitoral por cargos comissionados e contratações temporárias;
  • Pressão sobre servidores contratados para apoiar a base governista;
  • Ofertas de vantagens em troca da substituição de adesivos de campanha.

O ex-prefeito Adriano Ribeiro é apontado como mentor da estrutura de apoio à reeleição do grupo político. De acordo com a promotora Priscilla Ferreira, “mostra-se evidente que houve fraude no concurso público para beneficiar interesses pessoais e políticos, e angariar votos”.

Brener Nunes

Repórter

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins Assessor de Imprensa do SENAI Tocantins

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins Assessor de Imprensa do SENAI Tocantins