Miranorte

MPTO investiga nomeações de até 12 pessoas ligadas ao prefeito de cidade do TO

A investigação foi tornada pública no início de junho e amplia significativamente o número de pessoas supostamente beneficiadas por vínculos familiares com o chefe do Executivo municipal.

(Divulgação)
(Divulgação)

O Ministério Público do Tocantins (MPTO) instaurou o Procedimento Administrativo nº 2792/2025 para apurar uma nova denúncia envolvendo suposta prática de nepotismo na Prefeitura de Miranorte, sob a gestão do prefeito Leandro Mota Barbosa Teles (PL). A investigação foi tornada pública no início de junho e amplia significativamente o número de pessoas supostamente beneficiadas por vínculos familiares com o chefe do Executivo municipal.

Em abril deste ano, o Tribunal de Contas do Estado (TCE/TO) já havia emitido um alerta dentro do processo nº 2594/2025, recomendando atenção do prefeito diante de uma denúncia anônima que apontava cinco contratações suspeitas: uma cunhada enfermeira e quatro primos do gestor municipal — entre eles, uma enfermeira, um diretor administrativo, uma farmacêutica e um assessor especial.

No entanto, a nova representação enviada ao MPTO eleva esse número para 12 nomes, incluindo outros parentes do prefeito e de figuras próximas ao poder municipal.

Quem são os novos citados

A nova denúncia adiciona à lista mais uma cunhada do prefeito, sua esposa, os dois maridos das cunhadas e até o sogro de Leandro Barbosa. Também são citados um suposto parente de vereador e a chefe do controle interno da prefeitura, além de seu filho — que, segundo o relato, seria ao mesmo tempo médico de uma UBS e diretor clínico do hospital municipal.

A denúncia, recebida via ouvidoria, não deixa claro qual seria a relação direta entre o prefeito e os dois últimos nomes. Ainda assim, o MPTO considerou o volume de nomes e o teor das alegações suficientes para instaurar a investigação preliminar.

A apuração esbarra em outro problema: a falta de transparência no Portal da Transparência de Miranorte. Ao consultar os dados referentes ao período de 2016 a 2025, a reportagem constatou que os campos de salários estão zerados, com status de pagamento descrito como “não pago”. A omissão fere a Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527/2011), que obriga prefeituras e órgãos públicos a publicarem dados como remuneração de servidores, estrutura organizacional e contratos.

Apesar disso, a reportagem conseguiu localizar os nomes de alguns citados nos registros de lotação, mas não foi possível confirmar vínculos familiares apenas com base nos dados públicos disponíveis. O sogro do prefeito e o suposto médico, por exemplo, não constam nos sistemas da prefeitura em 2025. Já o nome do marido de uma das cunhadas foi localizado, mas a denúncia não inclui sobrenomes, o que impede a confirmação da identidade.

O que diz a lei

A prática de nepotismo é vedada no serviço público pela Súmula Vinculante nº 13 do Supremo Tribunal Federal (STF), que proíbe a nomeação de cônjuges, companheiros ou parentes até o terceiro grau para cargos comissionados ou de confiança, salvo em casos de nomeação política quando não há relação hierárquica direta.

Se confirmadas as irregularidades, o prefeito pode responder por improbidade administrativa, podendo sofrer sanções que vão desde multa até a perda do mandato e suspensão dos direitos políticos.

O que diz a Prefeitura?

A Gazeta tenta contato com a Prefeitura de Miranorte e o prefeito Leandro Barbosa. O espaço fica aberto para posicionamento. 

Brener Nunes

Repórter

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins Assessor de Imprensa do SENAI Tocantins

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins Assessor de Imprensa do SENAI Tocantins