Ao atuar na expansão e modernização da rede elétrica na região do Jalapão, a Energisa Tocantins percebeu que poderia levar também um tipo de energia diferente: a de transformação. Afinal, o local que ganhou espaço nos roteiros de viagens de milhares de pessoas do mundo inteiro e de onde sai o artesanato dourado que conquistou diversos países, só precisava de um incentivo para continuar se desenvolvendo.

Assim, nasceu o projeto Energia para Crescer que, em parceria com o Sebrae Tocantins, está mudando a cara das comunidades Mumbuca (Mateiros -TO), Rio Novo (Mateiros – TO), Povoado do Prata (São Félix do Tocantins – TO). Desde o ano passado, quando se iniciou o projeto, as três comunidades participam de treinamentos, capacitações e recebem orientações sobre produção sustentável de artesanato, atendimento ao turismo, educação empreendedora, além do resgate cultural com a realização das festas da Colheita do Capim Dourado (Comunidade Mumbuca), já realizada em setembro de 2021, e a Festa da Rapadura (Comunidade Prata), que aconteceu recentemente, no início de julho. Ao todo, o projeto vai investir cerca de R$ 1,3 milhão na região.

Além de toda essa preparação, as comunidades também estão sendo beneficiadas com entregas como placas de sinalização para sinalização turística (cerca de 60 já foram instaladas até junho deste ano), identidade visual para os produtos confeccionados pelos artesãos locais, sacolas personalizadas e até souvenirs com elementos que destacam a fauna e a flora da região.

O foco principal do Energia para Crescer é apoiar a melhoria da qualidade de vida das comunidades quilombolas, por meio do estímulo ao empreendedorismo com ações de qualificação de produtos e serviços turísticos, fortalecimento da governança, promoção de produtos turísticos e do destino de base comunitária, a fim de fomentar o acesso a serviços financeiros e atração de investimentos, considerando a inclusão social, a geração de renda e a proteção ambiental.

Para isso, cada comunidade recebeu a implantação de um sistema de produção agrícola que integra piscicultura e horta. “Com esse sistema, a água do tanque de peixes, que é enriquecida por conta dos dejetos dos animais e restos de ração, é levada para irrigar a horta. Ou seja, é reaproveitada integralmente”, explica o analista ambiental da Energisa Tocantins, Glauco Messias. Os sistemas das comunidades do Prata e Rio Novo já estão funcionando e receberam peixes na primeira quinzena de julho.

Para a presidente da Associação Comunitária Quilombola dos Extrativistas Artesãos e Pequenos Produtores do Povoado do Prata, Luzia Passos Ribeiro, o Energia para Crescer representa “um apoio que a gente nunca teve e agora temos. O projeto já proporcionou muita mudança e, tenho certeza que muito será feito ainda”.

Para o turista José Pinzon, do Rio Grande do Sul, o Jalapão tem tudo para continuar crescendo: “Sempre tive a curiosidade de conhecer essa região do país, pois aqui a gente encontra uma outra diversidade. Vemos que há um grande potencial na região e, agora, eles poderão trabalhar para construir seu futuro, sem perder a beleza e as origens”.

Da doce tradição à colheita de resultados

Um dos símbolos da resistência do quilombo do Prata, a rapadura ultrapassa a gastronomia e ganha festa própria. Depois de dois anos sem celebrar, a comunidade local recebeu a oitava edição da Festa da Rapadura, no início de julho, com apoio do projeto Energia para Crescer. A programação contou com apresentações culturais, jogos, Feira Gastronômica e Artesanal, demonstração de plantas medicinais e da moagem da cana de açúcar, palestras e até um desfile.

“A proposta da Festa da Rapadura é valorizar a produção local e dar voz à comunidade do Prata para que expressem toda sua cultura, arte e sabedoria popular”, explica o gerente de gestão e projetos da Energisa Tocantins, Leandro Fernandes. Para o gerente de Competitividade do Sebrae, Wolney Nóbrega, a festividade busca, também, estimular o empreendedorismo local: “Além disso, nossa ideia é mostrar o que há de melhor no Jalapão, que são as pessoas”, reforça Nóbrega.

O projeto, que é executado com base em quatro eixos fundamentados por meio da ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (desenvolvimento territorial, sustentabilidade, educação empreendedora e turismo sustentável) segue com ações até final de 2023. “Nossa expectativa é apoiar a Festa da Colheita do Capim Dourado, prevista para setembro, além da execução do Programa Força Mulher e de um curso de Elaboração de Projetos”, enfatiza Fernandes.

Festa da Rapadura – Foto: Luana Fernanda_Sebrae