Pessoa segurando celular na área Pix de aplicativo bancário — Foto: Patrício Reis/g1 Tocantins
Pessoa segurando celular na área Pix de aplicativo bancário — Foto: Patrício Reis/g1 Tocantins

O Ministério Público do Tocantins (MPTO) denunciou 47 pessoas suspeitas de integrar um esquema conhecido como “golpe do falso advogado” em Palmas. De acordo com a investigação da Polícia Civil, o grupo se passava por profissionais e escritórios de advocacia para cobrar taxas e custas judiciais inexistentes, causando um prejuízo de quase R$ 150 mil às vítimas.

Os denunciados responderão por organização criminosa, estelionato eletrônico e lavagem de capitais. O MPTO aponta Richye Enderson Diniz Silva como o principal responsável pela execução do golpe.

Operação do esquema e prejuízo

Segundo a denúncia, a quadrilha atuou entre outubro de 2023 e março de 2024, causando um prejuízo total de R$ 149.932,63. Todos os envolvidos são residentes no Ceará ou em Alagoas.

As vítimas eram abordadas pelo WhatsApp, onde o executor se apresentava falsamente como advogado. Ele convencia as pessoas a realizar transferências financeiras sob o argumento de que o pagamento serviria para liberar supostos “ganhos de causa”.

Como o golpe funcionava

A organização atuava com divisão definida de tarefas, estruturada em três etapas:

  • Preparação: os integrantes buscavam informações de pessoas com processos judiciais em andamento e, a partir disso, criavam contas de WhatsApp, linhas telefônicas e e-mails falsos para se passar por advogados ou escritórios reais.
  • Execução: o executor abordava as vítimas, fingindo ser advogado, e solicitava transferências financeiras sob o pretexto de custas ou taxas necessárias para liberar valores judiciais.
  • Lavagem de capitais: o dinheiro era distribuído entre contas de outros membros, incluindo operadores financeiros e laranjas, por meio de transferências e saques destinados a ocultar a origem ilícita dos valores.

Funções dos denunciados

O MPTO classificou os 47 denunciados em três grupos:

  • Executor: Richye Enderson Diniz Silva teria sido o responsável direto pelos contatos com as vítimas.
  • Operadores financeiros: dez investigados participavam da movimentação e dispersão dos valores, usando suas próprias contas bancárias.
  • Laranjas: trinta e sete denunciados cediam suas contas para receber e movimentar o dinheiro oriundo do golpe.

Número de vítimas e pedidos do MPTO

Ao menos 20 vítimas sofreram prejuízo ou chegaram a ser alvo de tentativa de golpe. Para aplicar as fraudes, os suspeitos usaram a identidade de pelo menos quatro advogados.

A 29ª Promotoria de Justiça da Capital requer a condenação dos réus pelos crimes apontados e o pagamento de indenização mínima equivalente ao prejuízo total — R$ 149.932,63 — corrigido monetariamente. A denúncia também pede o aumento da pena pelo envolvimento de duas adolescentes na estrutura criminosa.