A morte de Delvânia Campelo da Silva, confirmada na última sexta-feira, 11, após mais de 20 dias de luta pela vida, escancarou uma ferida dolorosa que insiste em crescer no Tocantins: o feminicídio. Aos 50 anos, Delvânia foi brutalmente agredida no dia 22 de março pelo empresário e ex-vice-prefeito de Caseara, Gilman Rodrigues da Silva, e se tornou a 4ª vítima de feminicídio no estado somente em 2025, segundo dados oficiais da Secretaria da Segurança Pública (SSP).
O caso, que chocou o estado pela violência e pelo histórico de agressões anteriores do autor, agora serve como símbolo de um problema estrutural e urgente: a violência de gênero.
Mapa da dor: onde ocorreram os feminicídios no estado
De acordo com a SSP, os feminicídios ocorreram em diversas regiões do Tocantins, evidenciando que o problema é estadual e não restrito a áreas urbanas ou rurais específicas.
Feminicídios em 2025 (até abril)
Segundo levantamento da SSP, os casos registrados este ano ocorreram nas seguintes cidades:
- Colmeia (Janeiro)
- Peixe (Fevereiro)
- Tocantinópolis (Março)
- Caseara – Delvânia Campelo (confirmada morte em 13/04)
Feminicídios em 2024 (total de 13 casos)
Distribuídos nas seguintes cidades:
- Palmas – 3 casos
- Araguacema – 2 casos
- Gurupi – 2 casos
- Alvorada – 1 caso
- Ananás – 1 caso
- Araguatins – 1 caso
- Novo Jardim – 1 caso
- Paranã – 1 caso
- Praia Norte – 1 caso
O caso Delvânia e os sinais ignorados
Delvânia foi espancada com um cabo de rodo, sofreu diversas fraturas e lesões na cabeça e precisou ser internada em estado gravíssimo na UTI do Hospital Geral de Palmas (HGP). Mesmo diante de seu histórico de agressões, o acusado — que já havia sido denunciado por outra ex-companheira — permaneceu em liberdade por dias, até que a Polícia Civil conseguiu reunir provas e efetuar sua prisão preventiva.
A família autorizou a doação de órgãos de Delvânia, reforçando seu legado de solidariedade, mesmo em meio à dor.
Apesar das campanhas de conscientização e leis como a Maria da Penha e a do Feminicídio (Lei nº 13.104/2015), os números seguem alarmantes. Entidades como o Ministério Público, Defensorias e coletivos de mulheres têm reiterado a importância da denúncia e do fortalecimento das redes de proteção.