TO, MT, MS e no DF

Após novas mensagens, Zanin prorroga inquérito da Operação Sisamnes e unifica investigação sobre venda de sentenças judiciais

Os citados negam qualquer envolvimento em vazamento de informações.

Ministro do STF Cristiano Zanin - Foto: Antônio Augusto/STF
Ministro do STF Cristiano Zanin - Foto: Antônio Augusto/STF

O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), prorrogou por mais 60 dias o inquérito da Operação Sisamnes, que apura um suposto esquema de venda de decisões judiciais e vazamento de informações sigilosas envolvendo magistrados, políticos e advogados em tribunais estaduais e no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A decisão foi tomada no dia 9 de junho, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que apontou o surgimento de novos indícios e a necessidade de aprofundamento das investigações.

A operação, deflagrada pela Polícia Federal, tem alvos nos estados do Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal, além de gabinetes do próprio STJ. De acordo com a PGR, houve interceptações de “trocas de mensagens reveladoras”, envolvendo autoridades com foro privilegiado, inclusive na Suprema Corte.No mesmo despacho, o ministro Zanin decidiu centralizar sob sua relatoria a Operação Máximus, anteriormente conduzida no STJ pelo ministro João Otávio de Noronha. A Máximus investiga suposta comercialização de decisões judiciais dentro do Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO).

Segundo o ministro, há conexão entre os fatos investigados pelas duas operações, o que justifica a união dos inquéritos para permitir uma análise mais abrangente dos vínculos entre os agentes públicos e os investigados.

Um dos principais elementos que motivaram a prorrogação do inquérito são mensagens interceptadas pela Polícia Federal entre o prefeito de Palmas, José Eduardo Siqueira Campos (Podemos), e o advogado Thiago Marcos Barbosa de Carvalho, sobrinho do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos).

Nos diálogos, trocados em junho de 2024, os dois falam sobre a Operação Máximus e mencionam o então relator do caso no STJ, ministro Noronha, sugerindo conhecimento prévio da deflagração da operação e dos alvos investigados. Ambos os citados negam qualquer envolvimento em vazamento de informações.

Siqueira Campos afirmou, em nota à época, que “não possui qualquer fonte privilegiada em tribunais ou no Judiciário”.

Prisão de investigado mantida

Zanin também manteve a prisão preventiva de Thiago de Carvalho, que está detido desde abril. A defesa havia solicitado sua soltura, com aplicação de medidas cautelares, como tornozeleira eletrônica, mas o ministro rejeitou o pedido.

Na decisão, Zanin destaca que Thiago ocupava o cargo de assessor do Ministério Público do Tocantins quando foi preso, o que inviabilizava o exercício da advocacia e, por consequência, o direito à custódia em sala de Estado-Maior.

O que é a Operação Sisamnes?

Deflagrada pela Polícia Federal, a Operação Sisamnes investiga a existência de uma rede de corrupção no Judiciário, voltada para a venda de decisões judiciais e o vazamento de informações sigilosas em tribunais estaduais e superiores. O nome da operação faz referência a Sisamnes, um juiz persa da Antiguidade que foi severamente punido por aceitar subornos.

As apurações envolvem autoridades com foro privilegiado, magistrados, advogados e agentes políticos. A unificação das investigações no STF sinaliza um endurecimento do Judiciário no combate à corrupção institucionalizada e deve intensificar os desdobramentos do caso nas próximas semanas.

Brener Nunes

Repórter

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins Assessor de Imprensa do SENAI Tocantins

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins Assessor de Imprensa do SENAI Tocantins