O Parque Estadual do Cantão (PEC) conclui nesta sexta-feira, 17, a primeira etapa do 5º cadastramento e recadastramento dos torrãozeiros que vivem no interior do PEC. A segunda parte do levantamento ocorrerá em janeiro. O procedimento é necessário para que a gestão da Unidade de Conservação conheça a real situação das famílias que há décadas habitam a área do parque. Conforme o supervisor do Parque, Adailton Glória, o recenseamento indicará quantos são os torrãozeiros, quem são e o que fazem/produzem em seus torrões, pedaço de terra de 20 hectares.

 

O cadastramento e recadastramento integra o Termo de Compromisso n° 04/2022. O documento foi intermediado pelo Ministério Público Federal (MPF) e assinado entre o Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), Supervisão do PEC e a Associação dos Micros e Pequenos Produtores Ruralistas e Ambientalistas das Ilhas do Cantão e Araguaia (Ampril), que representa os torrãozeiros.

 

O documento assinado estabelece regras de convivência, condições de uso e manejo das terras e dos recursos naturais pelos moradores tradicionais, que são os únicos autorizados a viverem no interior do Parque Estadual do Cantão, podendo repassar seus torrões somente de pai para filho ou para outro torrãozeiro.

 

No último levantamento, realizado em fevereiro de 2022, foi apurado que 40% dos 81 torrãozeiros cadastrados exerciam alguma atividade de subsistência em seu torrão. O supervisor Adailton recorda que o primeiro levantamento desses moradores tradicionais foi realizado logo após a criação do PEC, em julho de 1998.

 

O que dizem os torrãozeiros

A dona Eunice Pinto Gomes, do torrão Morada da Paz, também agradece a oportunidade de fazer o recadastramento. “Viver aqui é uma benção maravilhosa e agradecemos os meninos do Naturatins por todo anos eles fazerem este trabalho”, afirma Eunice ao ressaltar que isso ajuda os torrãozeiros a terem mais tranquilidade para fazerem suas atividades.

Filho de Bonerges Martins dos Santos, o torrãozeiro Valdivino Pereira da Silva já fez o seu cadastro. “Meu pai passou um tempo sem cadastrar, mas agora a gente fez o novo cadastro. Isso é uma conquista para gente, pois fomos criados aqui”.

Satisfeitos também estão os torrãozeiros dona Terezinha dos Anjos, Lucimeire Pinto, Luiz Borges e José dos Santos, entre outros visitados pela equipe do Parque Estadual do Cantão.

O guarda-parque Emival Pinto Rocha, que atua no parque desde 2015, acompanha o trabalho de recadastramento e cadastramento feito pela supervisão do PEC. Segundo ele, o procedimento demonstra a preocupação do Naturatins com a questão fundiária das pessoas que vivem dentro da Unidade de Conservação ao mesmo tempo que contribui para a gestão dos recursos naturais.

Fonte – Ascom Naturatins